O Parlamento tem agora um semáforo. São luzes de aviso para acabar com aquelas desculpas “sr. presidente, termino já”. Se o orador não cumprir, o semáforo cala-o. Deixa-o em silêncio.

Antes do vermelho, há uma luz amarela. Acende-se 30 segundos antes do interveniente esgotar o tempo que tem para falar. Fica o aviso.

A ideia saiu da cabeça de José Pedro Aguiar-Branco, o presidente da Assembleia da República sucessor de Santos Silva, que recorreu a vários ralhetes na legislatura anterior.

O social-democrata também quer impedir situações de desrespeito. Não só de educação, mas de tempo. Pretende evitar que “haja denúncias expressas, de forma pública ou privada, de que um determinado grupo parlamentar teve um tratamento ou favorável ou desfavorável em matéria de gestão de tempos de intervenção”, explicou o porta-voz da conferência de líderes.

É incoerente que, na Casa da Democracia, haja um semáforo. O lugar onde os eleitos do povo defendem as suas perspetivas não devia precisar de sinaleiros. Mas precisa, o que não é bom sinal.

E, embora o semáforo não tenha ainda funcionado no primeiro dia de debate do Programa do Governo, ficamos a perceber que há vários caminhos dentro da Assembleia da República. A rota do diálogo que Luís Montenegro quer forçar, os alertas de Pedro Nuno Santos para a arrogância do social-democrata e as ameaças de André Ventura que não admite chantagens!

Talvez, por isso, José Pedro Aguiar-Branco tenha percebido que o Parlamento necessita de um dispositivo de controlo.

Na vida, os semáforos dizem-nos várias coisas. Perante um amarelo, sabemos que é preciso atenção, ponderação, cuidado. Connosco e com os outros. Em frente a um vermelho, não há opções. É superior a tudo o resto. É soberano. O verde diz-nos para seguir em frente. Que se acenda.

QOSHE - O semáforo do Parlamento - Manuel Molinos
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O semáforo do Parlamento

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12.04.2024

O Parlamento tem agora um semáforo. São luzes de aviso para acabar com aquelas desculpas “sr. presidente, termino já”. Se o orador não cumprir, o semáforo cala-o. Deixa-o em silêncio.

Antes do vermelho, há uma luz amarela. Acende-se 30 segundos antes do interveniente esgotar o tempo que tem para falar. Fica o aviso.

A ideia saiu da cabeça de José Pedro Aguiar-Branco, o presidente da Assembleia da República sucessor de Santos Silva, que........

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