Uma análise do MediaLab do ISCTE em parceria com a agência Lusa é clara. O caso dos alegados tiros disparados, na quarta-feira passada, à chegada da comitiva do Chega a Famalicão teve mais impacto e alcance nas redes sociais do que a sua pronta e oficial correção.
Isto é, hoje ainda há mais cidadãos portugueses a acreditar que a caravana do partido de André Ventura foi alvo de uma ameaça de extrema violência do que nas explicações da PSP, que as deu duas vezes: o barulho foi causado por rateres de um motociclo.
É assim que a desinformação funciona. Não interessa se determinado facto vai ser desmentido. Importante é criar buzz, de forma que a mensagem passe, seja verdadeira ou falsa.
São as chamadas operações de influência encobertas que, por muito que as redes sociais tentem combater - e tentam apesar de a opinião pública achar o contrário -, acabam por resultar. Neste caso específico em votos.
É por isso que relacionar “imigração” com “país seguro”, como fez Pedro Passos Coelho quando foi dar uma mãozinha a Montenegro em Faro, é perigoso. Tão perigoso quanto a estrada aberta que os partidos convencionais deram aos populistas nas redes sociais.