Se Pedro Nuno Santos tivesse de colocar um emoji num post sobre a tomada de posse do novo Governo certamente optaria pelo pictograma usado para manifestar irritação. Isto porque foi precisamente o que o secretário-geral socialista deixou transparecer na conferência de imprensa que deu no dia seguinte à investidura de Luís Montenegro, onde a pergunta sobre a sua ausência na cerimónia que decorreu no Palácio Nacional da Ajuda era inevitável.
A associação do emoji ao acontecimento surge face a uma aparente disponibilidade de diálogo, não só do PS mas também de quase toda a Oposição, com o novo Executivo para colaborar na implementação de medidas concretas que resolvam com urgência os principais problemas do país.
Mas o que transparece nestes primeiros dias da nova realidade política é que há mais crispação e cálculo do que manifesta vontade de virar a página rumo a um país moderno e solidário em todas as frentes.
Fica a ideia de que esse diálogo já se está a deteriorar antes mesmo de ter consistência, à semelhança do que acontece nas redes sociais pouco dadas ao debate construtivo e respeitoso. Aliás, a controvérsia sobre o novo logótipo do Governo que recupera as quinas e a esfera armilar, aprovado no primeiro Conselho de Ministros e apresentado por António Leitão Amaro no briefing com os jornalistas, é tipicamente um tema de comunidades virtuais. Propenso a gerar atenção, causar polémica, empatia, indignação e a categorizar as pessoas com etiquetas de uma só face.
A realidade do país, cansado de ir a votos e desgastado a tentar descodificar culpados e vendedores de promessas, clama por mais.
Sábias as palavras do Papa Francisco, registadas pelo padre Fernando Calado Rodrigues nas páginas do “Jornal de Notícias”. “Basta um teclado para insultar e publicar sentenças”.