Em 2022, a pobreza aumentou em Portugal, estando 17% da população nessa condição. Para termos noção da crueldade dos números, 1,78 milhões de pessoas vivem com menos de 591 euros por mês, de acordo com os mais recentes dados divulgados pelo INE, resultantes do inquérito às condições de vida e rendimento dos portugueses, de 2023, respeitantes ao ano de 2022.

São mais de 80 mil pessoas face ao ano anterior e estes dados mostram que o nosso país está longe de ser equitativo e as políticas públicas são responsáveis por isso. Estes números surgem depois do anúncio de uma medida da mais elementar justiça social apresentada pelo presidente do PSD de aumento do complemento solidário para idosos, até ao final da próxima legislatura, para 820 euros. Foram muitas as reações a este anúncio.

Comecemos pela finalidade a que se destina o complemento solidário para idosos. Trata-se de um apoio financeiro atribuído a pessoas idosas com baixos rendimentos. O que propôs o líder do PSD foi o aumento deste valor até aos 820 euros, de modo a que nenhuma pessoa viva em Portugal com menos do que este montante.

Se olharmos para a evolução nos últimos anos do aumento brutal do custo de vida, compreendemos a necessidade de apoiar quem tanto deu ao país e que tem hoje sérias dificuldades em suportar os custos com a casa, com a alimentação, com os medicamentos, com os transportes, entre muitas outras despesas mensais.

Estamos a falar de pessoas já retiradas da vida ativa, muitas delas mulheres, que trabalharam durante anos, sem que a máquina do Estado fosse o que é hoje, e que não tiveram carreiras contributivas que lhes permitissem chegar à sua velhice com condições mínimas de subsistência. Não o fizeram com qualquer intuito de ludibriar o Estado, o país é que era mesmo muito diferente do que é hoje.

Aumentar o complemento solidário para idosos é uma obrigação da sociedade para com quem tanto deu ao país e precisa agora que Portugal esteja à altura de olhar por eles também. A proposta é clara e o que se exige aos responsáveis políticos que se apresentam agora a sufrágio é que respondam se concordam com ela ou não. Deturpar, como alguns tentaram fazer, o intuito da medida não é sério e não contribui em nada para a qualidade do debate democrático.

Não é, de todo, possível manter a credibilidade prometendo tudo a todos, razão pela qual o líder do PSD apresentou esta como uma prioridade porque considera que é da mais elementar justiça social. Resta saber se, além do ruído mediático, esta é uma prioridade para os restantes partidos.

QOSHE - O complemento solidário para idosos - Margarida Balseiro Lopes
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O complemento solidário para idosos

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02.12.2023

Em 2022, a pobreza aumentou em Portugal, estando 17% da população nessa condição. Para termos noção da crueldade dos números, 1,78 milhões de pessoas vivem com menos de 591 euros por mês, de acordo com os mais recentes dados divulgados pelo INE, resultantes do inquérito às condições de vida e rendimento dos portugueses, de 2023, respeitantes ao ano de 2022.

São mais de 80 mil pessoas face ao ano anterior e estes dados mostram que o nosso país está longe de ser equitativo e as políticas públicas são responsáveis por isso. Estes números surgem depois do anúncio de uma medida da mais elementar justiça social apresentada pelo........

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