Em período pré-eleitoral é suposto os partidos usarem o tempo e os meios que têm para apresentarem os seus programas, as suas propostas, mostrando as prioridades e soluções que têm para o país. Com maior ou menor antecedência do ato eleitoral, este é o tempo do debate e - já agora - de avaliação da situação política e das responsabilidades que cada um tem para o estado em que nos encontramos. É esse o mote que deve marcar esta e as semanas que se seguem até às eleições legislativas.

O que já não é normal é a utilização dos meios e recursos do Estado para - oportunisticamente - tirar dividendos políticos para um determinado partido. Decisões que estavam engavetadas e que agora são tomadas perto do período eleitoral ou apoios ou prestações que são pagas - como decorre da lei - com o Governo a procurar tirar proveito partidário disso mesmo. Recato e bom senso bastariam para que tal não acontecesse. Infelizmente, são já vários os exemplos que evidenciam que o Governo está a fazer uso dos meios do Estado para que daí resultem vantagem para o seu partido.

O recente anúncio de atualização dos vencimentos dos professores a 23 de fevereiro, com os respetivos retroativos, a três dias no início da campanha eleitoral ilustra isso mesmo. Anos de desvalorização e afronta à classe docente são agora substituídos, em vésperas da contenda eleitoral, por este tipo de práticas que nada dignificam a vida política.

Mas há mais casos deste género. O mais chocante caso foi o envio de um SMS pela Segurança Social aos pensionistas, dando conta do aumento da sua pensão. Isto acontece apesar de este aumento resultar da mera aplicação da lei.

Tanto num caso como noutro, quem o faz cai no equívoco de ousar achar que os eleitores não compreenderão as razões que levam o partido do Governo a ter este tipo de iniciativas. Mas compreendem. E serão soberanos na decisão que tomarão a 10 de março. Identificando claramente quaisquer manobras de oportunismo que ocorram a tão pouco tempo das eleições.

A campanha e propaganda política devem mesmo estar circunscritas aos partidos que vão a votos nestas eleições, ficando de fora os meios e recursos do Estado - que já são escassos - e que devem estar destinados ao mero cumprimento daquelas que são as suas responsabilidades. E propaganda política não é - garantidamente - uma delas.

QOSHE - Propaganda com meios do Estado: não, obrigada! - Margarida Balseiro Lopes
menu_open
Columnists Actual . Favourites . Archive
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close
Aa Aa Aa
- A +

Propaganda com meios do Estado: não, obrigada!

15 5
27.01.2024

Em período pré-eleitoral é suposto os partidos usarem o tempo e os meios que têm para apresentarem os seus programas, as suas propostas, mostrando as prioridades e soluções que têm para o país. Com maior ou menor antecedência do ato eleitoral, este é o tempo do debate e - já agora - de avaliação da situação política e das responsabilidades que cada um tem para o estado em que nos encontramos. É esse o mote que deve marcar esta e as semanas que se seguem até às eleições legislativas.

O que já não é normal é a utilização dos meios e recursos do Estado para -........

© Jornal de Notícias


Get it on Google Play