Gosto de gente genuína que fala com alma, agitando mãos gretadas pelo trabalho e mostrando rugas em rostos trigueiros por causa de amanheceres duros. Gosto de gente que chora quando lembra misérias, tempos de pés descalços, com feridas nos calcanhares porque o frio quase matava tudo, menos a fome que ninguém parava. Gosto de gente com cabelos brancos debaixo de lenços que protegem do sol, que dá gargalhadas sem medo de mostrar a falta de dentes, num riso que é humilde porque de si própria. Gosto de gente que viveu tantos anos, mas tantos, que me merece respeito e lhe beijo as mãos em gratidão. E esta gente é o povo e o povo será sempre, certamente. Um povo nem sempre respeitado, que vive esquecido em aldeias e lugarejos depois de botar filhos para o Mundo. Aqui fica uma vénia a quem, na próxima campanha, se lembre deste povo.

QOSHE - #povo - Margarida Fonseca
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#povo

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06.01.2024

Gosto de gente genuína que fala com alma, agitando mãos gretadas pelo trabalho e mostrando rugas em rostos trigueiros por causa de amanheceres duros. Gosto de gente que chora quando lembra misérias, tempos de........

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