Quase uma semana depois, a reflexão sobre a vitória do F. C. Porto em Faro é mais uma manobra antecipatória do que pode ser amanhã do que um juízo fundado sobre o que terá vindo para ficar. É indiscutível que o futebol é um jogo de curto prazo com a memória e de que tudo se esquece com a maior facilidade consoante a bola bate na trave ou entra para o fundo das redes. Não há milagres que se façam sempre e não há estados de forma. Há momentos. E compete ao F. C. Porto confirmar, frente ao Rio Ave, que a mudança do sistema táctico, chegando tarde, corresponde ao melhor momento de confiança e eficácia da equipa nesta época.

Ainda sem reforços que possam ser lançados a jogo no dia de amanhã, o maior reforço de Inverno é mesmo a tardia consistência. Com magríssimo pecúlio em golos marcados desde o início do campeonato, os últimos jogos parecem ter devolvido os jogadores à ideia de que não têm que se submeter a uma hipnose colectiva de acerto em frente à baliza adversária. Agora mais soltos e com a vantagem de serem portadores de uma confiança perdida, os movimentos de ruptura em espaços curtos de Francisco Conceição dão o mote para o ataque à profundidade de Galeno, à destreza e visão central de jogo de Pepê e à eficácia goleadora de Evanilson. Tudo está bem quando acaba bem, mas até ver à retaguarda. É atrás que se funda este novo domínio do Dragão. Com Varela cada vez mais influente e com Nico ou Eustaquio como pêndulos, são os laterais João Mário e Wendell que se afoitam mais convictamente no processo ofensivo interior para criarem desequilíbrios. Baralhar para voltar a dar, agora com as mesmas cartas.

*Adepto do F. C. Porto

O autor escreve segundo a antiga ortografia

QOSHE - Baralhar com as mesmas cartas - Miguel Guedes
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Baralhar com as mesmas cartas

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02.02.2024

Quase uma semana depois, a reflexão sobre a vitória do F. C. Porto em Faro é mais uma manobra antecipatória do que pode ser amanhã do que um juízo fundado sobre o que terá vindo para ficar. É indiscutível que o futebol é um jogo de curto prazo com a memória e de que tudo se esquece com a maior facilidade consoante a bola bate na trave ou entra para o fundo das redes. Não há milagres que se façam sempre e não há estados de........

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