O facto já foi alvo de chacota nas redes sociais e suscitado na imprensa: os autocarros da nova rede UNIR apresentam informações em sueco, seguramente por ser esse o mercado em que os veículos operavam originalmente. Infelizmente, a gaffe textual está longe de ser a única manifestação de incompetência neste processo, que transformou em fiasco o bom princípio da reorganização e uniformização das linhas metropolitanas de transporte público rodoviário.

Tudo começou a resvalar com os atrasos sucessivos na abertura do concurso público, as prorrogações que se seguiram e as impugnações dos operadores que foram preteridos. Desde o momento em que foram adjudicadas as concessões, até ao levantamento das suspensões judiciais, distaram dois anos. Daí à assinatura dos contratos, mais meio ano. De então ao arranque da operação, mais ou menos um ano de intervalo. Nesta longa travessia burocrática, seria expectável que as empresas que ganharam os concursos e a própria Área Metropolitana do Porto (AMP) se empenhassem em rever e afinar procedimentos, rotas, horários, indicações informativas, entre outras componentes do serviço.

À boa maneira lusitana, nada disso aconteceu. E, assim, no dia 1 de dezembro último, tivemos um arranque de operação perfeitamente desastroso, onde faltaram autocarros, ficaram rotas por cumprir e horários por respeitar. Com absoluta leviandade, a AMP pediu mais tempo e uma dose extra de paciência aos utentes, porque, agora sim, vai “reformular e adequar” os horários de três dos cinco lotes em vigor e, lá para janeiro, é que a UNIR vai estar a funcionar em pleno, ignorando que houve tempo mais que suficiente para o fazer e que, depois desta péssima impressão inicial, haverá pouca tolerância dos utilizadores para segundas oportunidades.

Em suma, tudo isto resulta de uma enorme trapalhada, que não dignifica as empresas transportadoras, nem o organismo que tutelou este processo, a quem se deve exigir responsabilidades. Se o princípio deste concurso era bom, o meio e o fim foram atos totalmente falhados. E fica o excelente exemplo do que não fazer para estimular a utilização dos transportes públicos.

QOSHE - Como se diz fiasco em sueco? - Nuno Botelho
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Como se diz fiasco em sueco?

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20.12.2023

O facto já foi alvo de chacota nas redes sociais e suscitado na imprensa: os autocarros da nova rede UNIR apresentam informações em sueco, seguramente por ser esse o mercado em que os veículos operavam originalmente. Infelizmente, a gaffe textual está longe de ser a única manifestação de incompetência neste processo, que transformou em fiasco o bom princípio da reorganização e uniformização das linhas metropolitanas de transporte público rodoviário.

Tudo começou a resvalar com os atrasos sucessivos na abertura do concurso........

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