Desejava que as pessoas deixassem de andar de um lado para o outro, cada uma dentro do seu carro, atulhadas de sacos muitas vezes sem sentido, encarceradas nos telemóveis, aguardando horas infindáveis nas filas de trânsito e de emissões de gases, atitudes nada abonatórias, em contexto de saúde pública. Enquanto isto, tantos sem abrigo, sem família, isolados ou sozinhos, numa sociedade cada vez mais individualista e consumista. Este não é o Natal da cidade que desejo!
Gostava que, em alternativa, se trocassem os shoppings pelas compras de rua, do comércio tradicional, selecionando os produtos mais endógenos de cada território, valorizando o que é nosso. E pelo caminho, sem pressas, sentassem no café ou no banco do jardim ou da praça, e sentissem o pulsar da cidade dentro de si.
Que este tempo de Natal permita que cada um tenha uma vivência de proximidade, visite a família, cumprimente o vizinho, encontre os amigos, permaneça mais tempo nas sociabilidades natalícias e distribua afetos aos mais vulneráveis da cidade.
Que os pais deixem as crianças dar asas à sua imaginação, hoje ato anulado pelas múltiplas tarefas que lhes são conferidas.
Que aproveitem as férias para sociabilizarem, reforçando a autonomia individual e coletiva também pouco praticada pelas nossas crianças e jovens. E, porque não, deixarem-nas fazer pequenas e simples tarefas, como fazer as camas, porem a mesa, aprenderem a apertar os sapatos, visitarem os avós e tios mais idosos, e, finalmente, deixarem-nas brincar na rua! Porque são as ruas, a cidade de Natal. É aí onde, melodiosamente, se abraçam os amigos desencontrados.
Feliz Natal!
* Especialista em Mobilidade Urbana
Ruas querem ser Natal
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19.12.2023
Desejava que as pessoas deixassem de andar de um lado para o outro, cada uma dentro do seu carro, atulhadas de sacos muitas vezes sem sentido, encarceradas nos telemóveis, aguardando horas infindáveis nas filas de trânsito e de emissões de gases, atitudes nada abonatórias, em contexto de saúde pública. Enquanto isto, tantos sem abrigo, sem família, isolados ou sozinhos, numa sociedade cada vez mais individualista e........
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