O entusiasmo, nuns casos, e o temor, nos outros, são grandes para inscrever as eleições regionais dos Açores no mapa das leituras nacionais. Mas, ainda que o microcosmos político das regiões autónomas acautele prudência na colagem ao ecossistema nacional, o sufrágio de amanhã, até pela sua proximidade com as legislativas, pode realmente constituir um barómetro curioso. E funcionar com uma espécie de primeira volta na medição de forças partidárias que terá lugar no continente.
No belíssimo arquipélago que congrega o mais elevado índice de pobreza português também se estende o tabuleiro das coligações. A hipótese de uma maioria absoluta parece altamente improvável e, nesse sentido, os dois maiores partidos do regime vão esticando e diminuindo a corda de potenciais parcerias.

Os socialistas, liderados por Vasco Cordeiro, estão disponíveis para negociar com todos menos com o Chega; já os sociais-democratas, fundidos na AD liderada por José Manuel Bolieiro, não fecham completamente a porta ao capital de influência de André Ventura, optando por evasivas calculistas nas respostas. Luís Montenegro está a apostar forte nos Açores (como o fez na Madeira, com sabor agridoce, é certo). O risco, mas também o ganho potencial, são maiores no seu caso e do PSD. E se no continente o “não” laranja ao Chega é ruidoso, o “sim” nos Açores pode ser apenas uma decisão racional e natural.

Ora, se os sociais-democratas derem a mão a André Ventura nos Açores (que já elevou a fasquia, ao garantir que só aceita entrar no barco com funções executivas no poder), terão margem para virar as costas ao Chega no continente? Por tudo o que tem dito - e atendendo sobretudo à forma como o tem dito -, Luís Montenegro não tem qualquer hipótese de recuo na capitulação ao Chega. Resta saber se, na noite continental de 10 de março, o PSD não dará esse passo sem ele.

QOSHE - Continente nos Açores - Pedro Ivo Carvalho
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Continente nos Açores

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03.02.2024

O entusiasmo, nuns casos, e o temor, nos outros, são grandes para inscrever as eleições regionais dos Açores no mapa das leituras nacionais. Mas, ainda que o microcosmos político das regiões autónomas acautele prudência na colagem ao ecossistema nacional, o sufrágio de amanhã, até pela sua proximidade com as legislativas, pode realmente constituir um barómetro curioso. E funcionar com uma espécie de primeira volta na medição de forças partidárias que terá lugar........

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