A resistência de João Galamba perante o óbvio começa a raiar o absurdo. O óbvio, e já era óbvio quando António Costa o segurou há uns meses na famigerada trapalhada de polichinelo da TAP, é que não há condições políticas nem morais para continuar a ser ministro da República. Aquilo que aconteceu ontem no Parlamento, com um governante arguido em que já ninguém acredita nem ninguém respeita a defender o Orçamento da sua pasta, como se nada tivesse acontecido, é mais uma nódoa que ficará colada às vestes deste Governo e um grotesco atropelo à ética pública que o primeiro-ministro apregoa.

Galamba foi usado por Costa como arma de arremesso na guerra entre palácios. O ainda ministro das Infraestruturas prestou-se a esse papel, com o apadrinhamento do chefe, e ainda teve abertura de espírito para provocar o presidente da República com uma alfinetada infantil na intervenção final antes da aprovação do Orçamento do Estado que Marcelo em boa hora salvou. Independentemente do que venha a provar-se - e nada ainda se provou, apesar das graves suspeitas sobre a sua conduta - João Galamba devia ter feito um favor a si próprio, ao PS, ao Governo e, em boa verdade, a todos aqueles que ainda querem acreditar que há probidade no desempenho de funções públicas, abandonando o Governo pelo próprio pé. Mas, vendo bem, só não o fez, voltando à Assembleia da República para falar de milhões e do futuro do país, porque António Costa deixou.

Não é uma questão de consciência, senhor ministro. Certamente que ela é importante na hora de deitar a cabeça na almofada, mas para o caso não importa nada. Acresce que a sua manutenção no Governo arrasta, além do primeiro-ministro demissionário, o presidente da República. Costa e Marcelo ficaram de falar sobre Galamba. Era mesmo preciso? Não é óbvio para todos que ele já não tem lugar?

QOSHE - Tiquetaque Galamba - Pedro Ivo Carvalho
menu_open
Columnists Actual . Favourites . Archive
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close
Aa Aa Aa
- A +

Tiquetaque Galamba

6 1
11.11.2023

A resistência de João Galamba perante o óbvio começa a raiar o absurdo. O óbvio, e já era óbvio quando António Costa o segurou há uns meses na famigerada trapalhada de polichinelo da TAP, é que não há condições políticas nem morais para continuar a ser ministro da República. Aquilo que aconteceu ontem no Parlamento, com um governante arguido em que já ninguém acredita nem ninguém respeita a defender o Orçamento da sua pasta, como se nada tivesse........

© Jornal de Notícias


Get it on Google Play