O meu Dragão de Ouro está numa espécie de vitrina cá em casa. Naquele espaço está um balão de São João que é herança do meu padrinho Zulmiro, a quem devo a minha alma azul e branca, e um sem número de bilhetes de jogos, fotos e outros pedaços de memórias da minha vida de portista. Retalhos da mais extraordinária época que um amante de um clube português pode viver. O FC Porto não é só mais um aspeto da minha vida, o FC Porto é boa parte da minha vida.

No centro desse móvel está uma foto do Presidente Pinto da Costa.

Sim, o Presidente Pinto da Costa está no centro do meu altar portista. Ele é o portismo, a encarnação do FC Porto que hoje o mundo inteiro conhece.

O FC Porto lutador, indómito, o que nunca se verga, o vencedor. O FC Porto como um dos maiores e mais ganhadores clubes do mundo é fruto do trabalho de muita gente, mas só um homem é comum a todo o trabalho feito, a todos os títulos conquistados, a toda a glória acumulada: Jorge Nuno de Lima Pinto da Costa.

Tenho visto e ouvido muitas coisas na campanha eleitoral em curso que me entristecem como portista. Mas há uma narrativa insuportável e mentirosa segundo a qual a razão pela qual se apoia o Presidente Pinto da Costa é a gratidão pelo passado.

Não devia ser preciso lembrar que a história é hoje. Que o que somos hoje foi o que foi construído ao longo das últimas décadas. Nós somos quem somos porque um tipo de Cedofeita transformou um clube perdedor, desonrado e falido num dos mais vencedores e respeitados clubes do mundo. Ao contrário da atual abundância de pretendentes, declarados ou na sombra, naquela altura ninguém queria presidir ao clube.

Não fomos um dos clubes mais importantes do mundo, não fomos um dos mais vencedores clubes que o mundo desportivo já viu: somos. Não é coisa do passado, é do presente, é de hoje.

Dia 27 vou votar em Pinto da Costa para presidente do meu clube, não por gratidão, apesar de lhe estar eternamente grato, mas porque ele é o melhor de nós para manter o FC Porto no lugar em que o pôs e onde está.

Mais, sei que Pinto da Costa não se candidataria se por um segundo julgasse que não era capaz de continuar o legado que ele próprio construiu. E não o faria porque não há ninguém que ame mais o FC Porto do que ele.

De todas as qualidades que eu podia exaltar, de todos os defeitos que podia lembrar e do balanço entre acertos e erros que nem é preciso avaliar - de tal maneira desequilibrado é -, há uma característica do Presidente que é preciso destacar por ter sido fundamental no passado e que continuará a ser essencial no futuro: entender a dimensão política do cargo que ocupa.

O FC Porto não é um clube de futebol e de outros desportos como os demais. O FC Porto é o maior -

quase único - representante de uma região deixada para trás ao longo dos tempos. Uma região esquecida e desprezada por um país patologicamente centralista.

A instituição FC Porto não sobreviverá sem um combate político permanente, sem alguém que entenda a dimensão muito para lá do futebol que este clube representa.

O FC Porto voltará aos tempos do pânico de atravessar a ponte no momento em que se comportar como o Benfica ou o Sporting. Tenha o FC Porto os melhores deste mundo e arredores, os mais extraordinários jogadores e treinadores, que sem uma postura combativa, que sem fazer ouvir a sua voz como o representante da cidade do Porto e do Norte, o Terreiro do Paço inclinará sempre o campo contra nós.

Esta época é um bom exemplo: bastou que aparecêssemos desunidos e que se visse ser possível afastar quem tem lutado contra esse poder e lá apareceram as arbitragens vergonhosas, a disparidade de critérios, os erros estranhos.

É impossível um portista não desconfiar quando os mesmos jornais, as mesmas televisões, os mesmos figurões que andam há décadas a insultar o FC Porto e a denegrir as nossas vitórias, estejam agora a levar ao colo uma das candidaturas à presidência do clube. Será que alguém duvida de que o objetivo deles é que sejamos o clube simpático e perdedor doutras épocas e que para isso têm de afastar Pinto da Costa? Mas há algum portista que se queira juntar à festa destes militantes anti-FC Porto?

O FC Porto tem de ter um homem que levante a bandeira da cidade do Porto e do Norte, um homem que perceba que lutar pelo clube é também lutar pelas suas gentes. Que se não se unir estas diferentes realidades voltaremos a ser o clube que éramos antes de Pinto da Costa.

Um homem do futebol ou um simples gestor, por muito bons que sejam, não compreendem o significado disto. Serão os primeiros a explicar que só se consegue uma gestão muito profissional se o clube não tiver de aturar os sócios; que será melhor para todos se a maioria da SAD for dum investidor endinheirado e que, pronto, os sócios querem é bom futebol. Cedo ouviremos que o melhor para o marketing seria sermos o Dragons FC ou coisa parecida.

Jorge Nuno Pinto da Costa é um gigante num tempo de anões. O homem que nunca nos falhou e nunca nos falhará ainda está, para nossa incrível sorte, disposto a servir-nos. Não há outro voto possível.

QOSHE - Um gigante num tempo de anões - Pedro Marques Lopes
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Um gigante num tempo de anões

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20.04.2024

O meu Dragão de Ouro está numa espécie de vitrina cá em casa. Naquele espaço está um balão de São João que é herança do meu padrinho Zulmiro, a quem devo a minha alma azul e branca, e um sem número de bilhetes de jogos, fotos e outros pedaços de memórias da minha vida de portista. Retalhos da mais extraordinária época que um amante de um clube português pode viver. O FC Porto não é só mais um aspeto da minha vida, o FC Porto é boa parte da minha vida.

No centro desse móvel está uma foto do Presidente Pinto da Costa.

Sim, o Presidente Pinto da Costa está no centro do meu altar portista. Ele é o portismo, a encarnação do FC Porto que hoje o mundo inteiro conhece.

O FC Porto lutador, indómito, o que nunca se verga, o vencedor. O FC Porto como um dos maiores e mais ganhadores clubes do mundo é fruto do trabalho de muita gente, mas só um homem é comum a todo o trabalho feito, a todos os títulos conquistados, a toda a glória acumulada: Jorge Nuno de Lima Pinto da Costa.

Tenho visto e ouvido muitas coisas na campanha eleitoral em curso que me entristecem como portista. Mas há uma narrativa insuportável e mentirosa segundo a qual a razão pela qual se apoia o Presidente Pinto da Costa é a gratidão pelo passado.

Não devia ser preciso lembrar........

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