Com surpresa total, o dia 7 de novembro de 2023, fica marcado pela demissão do primeiro-ministro António Costa.

Sem surpresa, o país assistiu à comunicação do presidente da República de 9 de novembro, anunciando a dissolução a prazo do Parlamento e a marcação de eleições legislativas antecipadas para 10 de março de 2024.

Mais do que o sopro das primeiras notas de um processo de investigação criminal, foi a fragilidade acumulada pelo Governo do PS, que determinou a demissão de António Costa e a óbvia decisão de Marcelo Rebelo de Sousa de convocar eleições. A acumulação de tanto lixo político no Governo atual assente numa maioria parlamentar, com a tolerância do primeiro-ministro a tantas tropelias de membros do seu Governo, demissões, atos ridículos protagonizados por ministros mediáticos como Pedro Nuno Santos e João Galamba, provocou a crise política com o pretexto do tal sopro sobre o primeiro-ministro.

Um primeiro-ministro de um Governo forte, que tivesse sido intransigente com atos políticos de membros do seu Governo que deviam ter provocado a decisão da sua demissão, que fosse um exemplo do exercício da responsabilidade política e de uma atuação pronta e decidida para com adversidade, nunca se demitia por causa de uma investigação criminal em que se assume como inocente por não ter qualquer responsabilidade direta sobre algum ato errado, ilegal ou imoral, o que a este nível eu acredito que seja o caso de António Costa.

Agora a palavra é devolvida aos portugueses.

Antes o PS escolhe o seu novo secretário-geral, mais radical à Esquerda ou mais moderado nessa mesma Esquerda, tendo duas campanhas em curso até meados de dezembro. O Governo PS continua em funções e com uma óbvia utilidade político-eleitoral da sua atuação.

O PSD fez o seu Congresso de 25 de novembro, com motivações políticas novas, bem diferentes das que estiveram na origem da sua convocação, e conseguiu dar verdade à palavra unir, que propõe para Portugal e que conseguiu nas suas hostes, num toca a reunir para seguir na luta por uma vitória eleitoral com regresso à liderança da governação do país.

Todos os cenários políticos estão em aberto para a noite de 10 de março de 2024. Vitória do PS ou do PSD, maioria à Esquerda ou à Direita, com geringonças ou coligações de Governo, coligação patriótica entre o PSD e o PS... Agora é o tempo de afinar estratégias, fazer o debate e depois somar os votos dos portugueses.

E que seja mesmo o interesse de Portugal e dos portugueses a liderar a disputa e o novo quadro parlamentar e de base governamental a determinar o fim desta inopinada crise política, que ocorre num cenário político, económico e social de enorme complexidade e fragilidade.

E viva Portugal.

QOSHE - A nova crise política - Ribau Esteves
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A nova crise política

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27.11.2023

Com surpresa total, o dia 7 de novembro de 2023, fica marcado pela demissão do primeiro-ministro António Costa.

Sem surpresa, o país assistiu à comunicação do presidente da República de 9 de novembro, anunciando a dissolução a prazo do Parlamento e a marcação de eleições legislativas antecipadas para 10 de março de 2024.

Mais do que o sopro das primeiras notas de um processo de investigação criminal, foi a fragilidade acumulada pelo Governo do PS, que determinou a demissão de António Costa e a óbvia decisão de Marcelo Rebelo de Sousa de convocar eleições. A acumulação de tanto lixo político no Governo atual assente numa maioria parlamentar, com a tolerância do........

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