A luta política em Portugal está com elevada intensidade, numa fase em que os partidos vão terminando a elaboração das listas de candidatos a deputados às legislativas de 10 de março, tarefa sempre difícil para todos, com as normais zangas, embora com a nota da pouca relevância política, que, infelizmente para a democracia portuguesa, continuam a ter os deputados, realidade que só a eleição uninominal, que há muito defendo, pode mudar.

É na luta pela liderança do Governo e pela formação do Governo que se centram as atenções dos partidos candidatos, dos candidatos a deputados e dos cidadãos.

Luís Montenegro assumiu determinado a liderança de uma Aliança Democrática que dá força ao PSD e futuro ao CDS, que aproveita a boa memória da AD de outros tempos e que assume com inteligência estratégica uma abertura à participação de cidadãos independentes, com escolhas interessantes para a mensagem política, como a que passa com o cabeça de lista do Porto, o anterior bastonário da Ordem dos Médicos, num tempo em que o Governo PS continua a braços com o objetivo, que em oito anos não conseguiu alcançar, de ter o SNS em paz e alta produtividade. Mudar para melhor é a aposta da AD, que Portugal tanto precisa.

Pedro Nuno Santos assumiu determinado a liderança de um Partido Socialista em fase de dupla personalidade, em mudança sem mudar, a governar há oito anos, em esforço para mostrar um balanço positivo dessa governação e de uma vida nova com gente nova, mas que tem relevantes responsabilidades nos tais oito anos. Manter o caminho é a aposta do PS, numa lógica de que o país está bem e é o PS o partido mais capaz de fazer melhor que o PS: um exercício que é difícil de fazer e de perceber.

André Ventura assumiu determinado o terceiro lugar destacado no espetro político nacional, lutando por capitalizar os descontentamentos, apostando na luta antissistema, sempre favorecido pela publicidade da concorrência por estar no centro dos debates sobre a governabilidade do país no pós-10 de março. Passou de demagogo antitudo, para um moderado com energia disponível para governar, o que é importante que não aconteça, exatamente em nome da boa governabilidade do país.

O líder da IL não consegue curar as feridas da saída da liderança do seu antecessor, nem as da saída da sua antagonista na disputa pela liderança, problemas de mais para um partido tão novo e em relação ao qual há cada vez menos esperanças sobre a sua relevância política.

A CDU não consegue afirmar o seu novo líder, que tem uma manifesta falta de jeito e não consegue capitalizar o descontentamento, situação bem diferente da que se vive no BE, cuja nova líder se vai afirmando e dando crescimento ao seu partido, embora com o perigo do voto útil no novo PS pela afinidade ideológica e de postura, pela gestão de boa relação com a extrema-esquerda que Pedro Nuno Santos conseguiu fazer com a geringonça.

O PAN e o Livre seguem o caminho da luta por manter o lugar de deputado do seu líder, porque não dão para mais. E existem outros partidos, apenas como um hino à democracia e à pluralidade que sempre se saúda.

Agora segue a campanha e os debates mais esperados entre os principais protagonistas, sabendo da sua enorme importância para consolidar posições conquistadas e para conquistar os muitos indecisos que assumem essa condição em todas as sondagens.

Vamos cuidar de Portugal.

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Cuidar de Portugal

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22.01.2024

A luta política em Portugal está com elevada intensidade, numa fase em que os partidos vão terminando a elaboração das listas de candidatos a deputados às legislativas de 10 de março, tarefa sempre difícil para todos, com as normais zangas, embora com a nota da pouca relevância política, que, infelizmente para a democracia portuguesa, continuam a ter os deputados, realidade que só a eleição uninominal, que há muito defendo, pode mudar.

É na luta pela liderança do Governo e pela formação do Governo que se centram as atenções dos partidos candidatos, dos candidatos a deputados e dos cidadãos.

Luís Montenegro assumiu determinado a liderança de uma Aliança Democrática que dá força ao PSD e futuro ao CDS, que aproveita a boa memória da AD de outros tempos e que assume com inteligência estratégica uma abertura à participação de........

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