Se eu tivesse nascido em Lisboa, perto do imenso Tejo e do mar que tranquilamente o abraça, seria, provavelmente, adepto do Estoril, ou do Belenenses. Em Cascais um pouco mais de mar, em Lisboa um pouco mais rio. Deve ser bom pertencer a um clube que engata a praia para seu nome: Estoril Praia. De camiseta amarela, invocando o sol.

Quando se sai de Lisboa para oeste, pela Nacional n.º 6, a estrada serpenteia-se pelo relevo marítimo e a viagem de carro passa a ser um prazer imenso e não a maçada automóvel do costume. Fi-la várias vezes para conhecer aquela paisagem arrebatadora, sobre a qual, sobranceiros, espreitam palacetes e casinos de arquitetura impecável. Ou, então, para ir a concertos no Dramático de Cascais, quando esses concertos eram realizações pontuais que nos obrigavam a desbaratar a mesada de forma inapelável.

O Estoril joga num campo construído no ano da sua fundação, 1939. Poucos clubes permanecem, como o Estoril, no primeiro campo em que jogaram. O velho estádio, já no monte da Amoreira, fica ainda muito perto do mar que salga as águas do rio que por ali se dissolve, mas nele, em dias menos amenos, faz-se sentir o vento. Foi sob a influência do vento forte que o meu clube lá jogou. As centenas de adeptos vitorianos presentes no António Coimbra da Mota puxaram, como o vento, pelos nossos golos e eles apareceram. Na primeira parte, parecíamos navegadores experientes, apesar do mar não ser o nosso elemento geográfico. Na segunda, pagámos, numa pequena prestação, essa inexperiência marítima, ao não sabermos navegar à bolina. Mas, ainda assim, foi dobrado, com sucesso, o cabo.

*Adepto do V. Guimarães

QOSHE - Na linha - Rui Vítor Costa
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05.03.2024

Se eu tivesse nascido em Lisboa, perto do imenso Tejo e do mar que tranquilamente o abraça, seria, provavelmente, adepto do Estoril, ou do Belenenses. Em Cascais um pouco mais de mar, em Lisboa um pouco mais rio. Deve ser bom pertencer a um clube que engata a praia para seu nome: Estoril Praia. De camiseta amarela, invocando o sol.

Quando se sai de Lisboa para oeste, pela Nacional n.º 6, a estrada serpenteia-se........

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