O desportivismo é algo raro em Portugal, especialmente no futebol. O dar mérito ao outro, o reconhecer a prestação do adversário, a sua capacidade, não existe por aqui. Quando os mais fortes não ganham esmiuçasse até à paranoia as causas do “escândalo”. Ou é do árbitro, ou da má prestação dos seus atletas, ou do estado do relvado. Esta cultura de umbigo estende-se rapidamente aos adeptos que vão tirar satisfações junto dos seus jogadores, como se houvesse um estranho conluio para os deixar indispostos.

Ainda é possível, noutros desportos e noutras latitudes, ver-se a lealdade ao jogo e o respeito pelos outros. No râguebi isso acontece. Veem-se seleções a perder por um ponto e a cumprimentar e felicitar os adversários, com o respeito próprio que o desporto exige.

Estas considerações vêm a propósito do resultado do Vitória. Apesar de desfalcada, a minha equipa entrou em campo com outra confiança que a equipa algarvia não tinha. E mostrou essa confiança rapidamente e de forma justa pôs-se na liderança do jogo. No entanto, o Portimonense fez pela vida e tomou conta do controle das operações, criando oportunidades que redundaram no golo do empate. O Vitória teve ainda alma para tentar ganhar nos poucos minutos que restavam ao jogo e fez por isso.

Numa das jogadas finais, o Nélson Oliveira surge bem dentro da área, a passe do Maga, e fez, pareceu-me, aquilo que um bom ponta de lança deve fazer. Dominou a bola e procurou o melhor ângulo, mas o defesa Pedrão contrariou com garra o gesto técnico do avançado vitoriano. Há algum drama nisto? Não me parece. Houve mérito de quem defendeu. Só isso.

*Adepto do V. Guimarães

QOSHE - Os outros - Rui Vítor Costa
menu_open
Columnists Actual . Favourites . Archive
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close
Aa Aa Aa
- A +

Os outros

10 0
21.02.2024

O desportivismo é algo raro em Portugal, especialmente no futebol. O dar mérito ao outro, o reconhecer a prestação do adversário, a sua capacidade, não existe por aqui. Quando os mais fortes não ganham esmiuçasse até à paranoia as causas do “escândalo”. Ou é do árbitro, ou da má prestação dos seus atletas, ou do estado do relvado. Esta cultura de umbigo estende-se rapidamente aos adeptos que vão tirar........

© Jornal de Notícias


Get it on Google Play