50 anos após o dia inicial inteiro e limpo de Sophia, este nada trouxe de diferente ao monolitismo do futebol nacional. Pelo contrário, agravou a diferença entre os três clubes do regime e os outros. Houve apenas um campeão diferente e, pasme-se, só em 30% dos campeonatos, em democracia, é que não houve o trio nos três primeiros lugares. A improbabilidade estatística vinga. Daí nunca saudar, nem com velada hipocrisia, os campeões.

Já não tenho idade para me incomodar com estas coisas, mas incomodo-me. Fico triste por ver, como vi há dois anos - um exemplo entre tantos - poveiros a festejarem um título alheio quando o clube da sua cidade descia, nesse dia, de divisão. É o paroxismo do futebol, ou, no mínimo, uma falta de senso e de respeito à terra própria.

Ao ver, no domingo, um desafio em que houve verdadeira e saudável competição, o Manchester United contra o Coventry, e a luta que o clube da segunda deu, invejei os ingleses pela sua competitividade, pelo facto dos habitantes de Coventry não precisarem de ser por um clube alheio à sua cidade para serem “felizes”. E isso eleva o futebol e os adeptos que o seguem. Perderam é certo, mas em Inglaterra, o melhor futebol do mundo, as regras financeiras e tudo o que envolve o futebol, tenta estimular a competitividade, tenta respeitar todos, tenta captar a essência do futebol. Por aqui é este aborrecimento contínuo, esta catequização diária.

Em Guimarães resistimos. Subimos o número de associados, precisamente no ano em que descemos de divisão. Mas a nossa resistência é uma gota de água neste imutável mar morto. Não induz a madrugada que se esperaria.

*Adepto do V. Guimarães

QOSHE - Resistir - Rui Vítor Costa
menu_open
Columnists Actual . Favourites . Archive
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close
Aa Aa Aa
- A +

Resistir

52 0
24.04.2024

50 anos após o dia inicial inteiro e limpo de Sophia, este nada trouxe de diferente ao monolitismo do futebol nacional. Pelo contrário, agravou a diferença entre os três clubes do regime e os outros. Houve apenas um campeão diferente e, pasme-se, só em 30% dos campeonatos, em democracia, é que não houve o trio nos três primeiros lugares. A improbabilidade estatística vinga. Daí nunca saudar, nem com velada........

© Jornal de Notícias


Get it on Google Play