Mais ano, menos ano, a pergunta de Baptista-Bastos eternizada pela rábula de Herman José - “Afinal, onde estavas quando foi o 25 de Abril?” - deixará de fazer sentido, porque não restará alma que o tenha vivido para responder. Por isso, tão importante como a festa dos 50 anos da Revolução dos Cravos é o que fizemos com a democracia que os militares entregaram ao país e, mais relevante ainda, o que faremos com a liberdade no futuro.

Se não conhecermos bem o passado, nunca seremos capazes de compreender o que as próximas décadas nos reservam. Num exercício simples, atentemos que, antes do 25 Abril, uma mulher casada, se precisasse de viajar para o estrangeiro, só o podia fazer com autorização do marido; para beber uma Coca-Cola, era preciso atravessar a fronteira; um em cada quatro portugueses era analfabeto. E, provavelmente, este texto seria censurado pelo Estado que se jurou Novo até ao dia em que caiu por estar podre de velho e de pobre.

As últimas cinco décadas foram de mudança acelerada como nenhum outro tempo conheceu. Em Portugal e no Mundo. Sobretudo no plano tecnológico. A internet mudou a forma de comunicar. E novos perigos surgiram, por estes dias sublinhados na forma tacanha como se tenta viciar conquistas e direitos fundamentais plasmados na Constituição, que só existem graças à madrugada libertadora de Abril. A mentira e a desinformação correm depressa, pelo que nunca a Comunicação Social foi tão necessária e essencial à saúde da democracia. Sem média credíveis, empenhados em escrutinar e em dar voz às comunidades, a democracia não será vivida de forma plena. O desafio é grande. Também para o “Jornal de Notícias”, que se reergue num dos períodos mais delicados destes quase 136 anos de vida, com novas apostas e o compromisso de se manter sempre firme na defesa da liberdade que Abril nos deu. Fica a promessa, caro leitor.

QOSHE - Compromisso com Abril - Vítor Santos
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Compromisso com Abril

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25.04.2024

Mais ano, menos ano, a pergunta de Baptista-Bastos eternizada pela rábula de Herman José - “Afinal, onde estavas quando foi o 25 de Abril?” - deixará de fazer sentido, porque não restará alma que o tenha vivido para responder. Por isso, tão importante como a festa dos 50 anos da Revolução dos Cravos é o que fizemos com a democracia que os militares entregaram ao país e, mais relevante ainda, o que faremos com a liberdade no futuro.

Se não conhecermos bem........

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