Do primeiro Conselho de Ministros do XXIV Governo Constitucional saíram duas novidades, uma estética, outra mais prática, sem efeitos imediatos, mas com promessa de resposta rápida. A mudança do símbolo do Governo não tem consequências, o reforço do combate à corrupção esperemos que tenha, porque até os corruptos, pelo menos em público, não deixaram de concordar com o reforço da vigilância e a criação de mecanismos que tornem a Justiça e as instituições mais eficazes.

Ninguém pode pedir grandes iniciativas a um Executivo que está há um dia em funções, sem ter um programa de governação aprovado, sendo que isso também não pode castrar a leitura política dos primeiros sinais oferecidos por Luís Montenegro. Quando entregou o elenco e a estruturação dos ministérios ao presidente da República, saltou à vista a decisão de criar um Ministério da Juventude e Modernização; ontem, ficou sublinhada a urgência do combate à corrupção.

A resolução dos problemas dos nossos jovens exige transversalidade, dependendo de várias tutelas. E nunca como nos últimos anos assistimos a tantas investigações por alegada corrupção, pelo que a perceção pública deve caminhar no sentido de que algo está a ser feito: Portugal, sem ocupar a posição que todos desejaríamos, está mais bem colocado do que países como Espanha, Itália e Grécia no Índice de Perceção da Corrupção, divulgado em janeiro. Por outro lado, é difícil ignorar que juventude e corrupção são dois temas muitos queridos da franja populista do Parlamento, agora bem reforçada após as eleições do mês passado. Será admissível concluir, numa fase tão embrionária da legislatura, que Luís Montenegro vai governar com um olho no país e outro na captação de eleitores à Direita? Talvez seja cedo. Mas se o Governo “não está de turno”, como disse o primeiro-ministro na tomada de posse, é bom que concentre a atuação desde o arranque na resolução dos problemas do país, sem pensar em eleições antecipadas.