O ex-primeiro-ministro António Costa terá ficado com a via desobstruída a caminho da Europa. Até o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considera que “começa a ser mais provável” haver um português no Conselho Europeu. Também no âmbito dos últimos desenvolvimentos da Operação Influencer, o líder do Sindicato dos Magistrados indica que o trabalho do Ministério Público e da Procuradoria-Geral da República não pode ser avaliado com base em “um, dois, ou três processos”. Mas será que nos podemos conformar com um país onde tudo pode estar mal desde que tudo acabe bem só para alguns?

O Ministério Público sofreu ontem uma derrota importante na Relação de Lisboa, cujos desembargadores concluíram não ter havido qualquer pressão sobre António Costa para desbloquear o projeto do Data Center de Sines. Se pensarmos nas ondas de choque da Operação Influencer, percebemos que o entendimento do Ministério Público, agora arrasado numa instância superior, espoletou a queda de um Governo e a realização de eleições antecipadas, lançando para o pântano figuras relevantes do Estado e o país num quadro de instabilidade, que se mantém face à aritmética parlamentar do pós-legislativas.

A argumentação dos investigadores não colhe, ou não tem colhido, pelo menos nos casos mais recentes envolvendo políticos no ativo, ao ponto de, talvez, obrigar à revisão da posição dominante sobre o que deve fazer um titular de cargo público quando é alvo de uma investigação, sob pena de um dia destes Portugal se tornar um país ingovernável por falta de governantes, porque, no limite do absurdo, todos poderão ser envolvidos num “conjunto de meras proclamações assentes em deduções e especulações” - palavras da Relação de Lisboa.

QOSHE - Influencer negativa - Vítor Santos
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Influencer negativa

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18.04.2024

O ex-primeiro-ministro António Costa terá ficado com a via desobstruída a caminho da Europa. Até o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considera que “começa a ser mais provável” haver um português no Conselho Europeu. Também no âmbito dos últimos desenvolvimentos da Operação Influencer, o líder do Sindicato dos Magistrados indica que o trabalho do Ministério Público e da Procuradoria-Geral da República não pode........

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