Da Direita mais à direita, à Esquerda mais ao centro, Luís Montenegro tomará posse rodeado de adversários políticos com doses cósmicas de sentido de Estado. A vontade de contribuir para a aprovação de um Orçamento retificativo emana tanta bondade que poucas vezes a expressão “ator político” terá encaixado tão bem. O verdadeiro aliado do presidente do PSD foi o silêncio. Quebrado ontem, em linha com a agenda do pós-legislativas, seguindo-se o primeiro grande teste, porque é imprescindível apresentar um elenco governamental com ministros credíveis e de combate. Com ou sem retificativo, é fácil vaticinar duelos bem mais esclarecedores na arena política dentro de seis meses, quando se discutir o documento orientador das finanças públicas para 2025. Por agora, Luís Montenegro só precisa de demonstrar ter condições para executar o programa de governo da AD, o que não sendo coisa pouca, beneficiará de uma espécie de estado de graça, mais curto do que o habitual, é certo. Mas não menos interessante. Se “não é não” - o próprio líder da coligação vencedora ergueu uma barreira aos populistas -, perceberemos nos próximos meses se Luís Montenegro terá habilidade política para encostar os adversários às cordas estribado numa maioria parlamentar tão relativa como frágil. Por outro lado, se o Governo tiver vida curta ou ameaçada, as palavras dos opositores agora dispostos a colaborar passarão a adquirir um novo e revelador significado no próximo verão, podendo Montenegro, então sim, ficar em condições de cavalgar a onda da vitimização que, noutros momentos, se traduziu em vitórias eleitorais bem mais sólidas.

QOSHE - Sei o que vais fazer no próximo verão - Vítor Santos
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Sei o que vais fazer no próximo verão

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21.03.2024

Da Direita mais à direita, à Esquerda mais ao centro, Luís Montenegro tomará posse rodeado de adversários políticos com doses cósmicas de sentido de Estado. A vontade de contribuir para a aprovação de um Orçamento retificativo emana tanta bondade que poucas vezes a expressão “ator político” terá encaixado tão bem. O verdadeiro aliado do presidente do PSD foi o silêncio. Quebrado ontem, em linha com........

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