Há na língua portuguesa palavras que se escrevem e leem da mesma forma, a que damos o nome de homónimas, dou como exemplo as palavras, canto, nota, rio, sede e cravo.

Podia falar sobre todas, mas hoje, hoje mesmo, dia 11 de abril, a duas semanas do cinquentenário do dia mais luminoso do século passado em Portugal, quero falar da homonímia do cravo, pois uma personificação da justiça foi de uma prepotência, sobranceria arrogância muito pouco condizentes com um perfil democrático .

O cravo, flor de Abril, vermelho da cor do amor mas também da raiva, e, hoje, o meu cravo é da cor da raiva.

No ano passado, na crónica de abril, escrevi “A flor do cravo é conhecido cientificamente como Dianthus caryophyllus” e dissertei sobre os vários elementos que formam a flor, identificando cada elemento com as vitórias que todos conseguimos ao longo do tempo, a partir de 1974 e finalizei, dizendo que “O pé do cravo, que é o seu suporte, precisa de ser bem alimentado e regado, visto que representa a Justiça, deve, portanto, ser bem cuidado com as necessárias vitaminas e regado, com frequência, para que nasça direito e seja firme e todos o possam olhar sem medo que se entorte por qualquer empurrão.”

Este ano acrescento que o cravo - Flor tem este nome, porque tem a mesma forma de um prego, chamado cravo - passo a explicar - a palavra cravo deriva do latim “clavum” que significa prego; todos sabemos que para ferrar um animal, para além da ferradura são precisos cravos, que se espetam no casco do animal, para a segurar. Quem não conhece o provérbio “Dar uma no cravo e outra na ferradura “para exemplificar alguém titubeante nas opiniões?! Também, já todos ouviram falar nos “Cravos Santos”, que mais não são do que os pregos, que seguraram Cristo na Cruz. Eram usados cravos, quando se queria supliciar alguém, para fixar as mãos ou os pés dos infelizes , este método foi usado pela Inquisição. Chama -se, ainda, cravo às pequenas verrugas que aparecem na pele e tem a forma de cone. A mesma palavra, Cravo, serve para identificar um instrumento musical, misto de cordas e teclado, muito em voga, na Europa até ao sec. XVIII e que nos aparece tocado por Domenico Scarlatti, no “Memorial do Convento”, obra-prima de José Saramago. Na cozinha portuguesa, desde há séculos, que se usa o cravo. mais conhecido por cravinho da Índia e que por ele e outras especiarias, muitos portugueses, cruzaram mares, mataram e morreram “Pelejámos e roubámos” como escreveu Mestre Gil na “Farsa de Inês Pereira”.

Este meu divagar sobre cravos deriva, sobretudo, das tropelias que a justiça nos vai fazendo, dando-se ao luxo de criar um tempo que não coincide com o dos simples mortais mas dos complexos imortais, ou seja, faz quando e se lhe aprouver.

Todas as instituições têm a sua história e há sempre uns heróis que as marcam e fazem doutrina. Todos sabemos que os aplicadores da justiça, antes de 1974, estavam no cimo da escala social e que a maioria quase venerava, mais por medo do que por respeito. Obviamente, que fizeram a escola - do Quero, Posso e Mando.

Após o 25 de Abril foram saneados de várias profissões, personagens afetas ao anterior regime, entre outros, comandantes das polícias, professores universitários… Alguém se lembra de algum juiz ter sido saneado? A verdade é que na Justiça, ficou a doutrina, continua a escola do Quero, Posso e Mando.

Será que a justiça nos quer oferecer cravos? Adivinhem quais…

Por mim, retribuo com um ramo de urtigas!

Para cada democrata vai um cravo vermelho, cheio de sol e liberdade!


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Um ramo de urtigas para a justiça!

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17.04.2024

Há na língua portuguesa palavras que se escrevem e leem da mesma forma, a que damos o nome de homónimas, dou como exemplo as palavras, canto, nota, rio, sede e cravo.

Podia falar sobre todas, mas hoje, hoje mesmo, dia 11 de abril, a duas semanas do cinquentenário do dia mais luminoso do século passado em Portugal, quero falar da homonímia do cravo, pois uma personificação da justiça foi de uma prepotência, sobranceria arrogância muito pouco condizentes com um perfil democrático .

O cravo, flor de Abril, vermelho da cor do amor mas também da raiva, e, hoje, o meu cravo é da cor da raiva.

No ano passado, na crónica de abril, escrevi “A flor do cravo é conhecido cientificamente como Dianthus caryophyllus” e dissertei sobre os vários elementos que formam a flor, identificando cada elemento com as vitórias que todos conseguimos ao longo do tempo, a partir de 1974 e finalizei,........

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