1- Com a eleição de Pedro Nuno Santos para a liderança do Partido Socialista está fechado o cardápio dos protagonistas que liderarão as diferentes forças políticas para as eleições de 10 de março. Do que se vai intuindo nas diferentes sondagens, o que nos deverá esperar no dia seguinte às legislativas será um Parlamento fragmentado, dando origem a um governo de minoria que terá de ter a esperança - porventura, vã - de conseguir governar sozinho durante os quatro anos da legislatura, através de acordos pontuais ou através do estabelecimento de alianças com outros partidos que lhe garanta o prazo de validade máximo. São muitos os que vão dizendo cada vez menos em surdina que esta queda do Governo sustentado por uma maioria absoluta e a consequente convocação de eleições antecipadas foi um erro crasso que o país irá pagar caro, pois o que nos aguardará no pós-10 de março será, com grande probabilidade, uma sucessão de crises, com uma espada sempre pronta a trespassar um projeto governativo minoritário, seja ele do PS, seja ele do PSD. Um permanente navegar à vista, refém da sobrevivência diária de um Governo sem capacidade de planear, de projetar políticas e reformas a médio e longo prazo.

Num cenário de vitória do PS, o novo secretário-geral já deixou bem claro que uma “geringonça 2.0” será sempre uma hipótese bem-vinda para garantir a governabilidade, isto partindo do princípio que os antigos parceiros à esquerda estão dispostos a fazer novos acordos dessa índole. A questão é que mesmo que este cenário seja possível, se o arco da direita tiver mais deputados, como algumas sondagens apontam, esta aliança não será garantia de estabilidade, nem sequer no curto prazo, porque nada garante que o PSD esteja disposto a viabilizar um governo minoritário do PS, e, menos ainda, uma aliança minoritária à esquerda que nada serviria, se a maioria dos deputados estiverem sentados no lado direito do Parlamento. Se o PSD vencer as eleições com maioria relativa, o problema também se mostra de difícil resolução. Depois da exclusão da hipótese de uma aliança com o Chega, os deputados da Iniciativa Liberal e os de um CDS cujo regresso ao Parlamento não se adivinha fácil, podem não chegar para assegurar a maioria na Assembleia da República. Ou seja, a minoria pode prevalecer e sempre com o risco de queda às mãos de uma hipotética maioria de esquerda. Isto, a não ser que se inverta tudo o que foi dito até agora por Luís Montenegro e fazer um acordo com o Chega para garantir uma maioria de direita. Um cenário que causa arrepios à esquerda e em muitos setores do centro-direita e que não será fácil de impor e, sobretudo, de explicar a um país que irá celebrar daí a um mês os 50 anos do 25 de Abril.

2 - Vivemos o tempo dos reencontros. A escassos dias do Natal, as ruas denunciam a azáfama do regresso e, com ela, a transbordante alegria que se propaga por milhares de casas nesta imensa Beira. Este tempo é particularmente sentido nas pequenas comunidades, as mais fustigadas pelo acelerado ritmo do despovoamento e, como tal, o contraste é muito mais evidente. Não deixa de ser emotivo assistir ao regresso às aldeias de tantos dos seus filhos para se reunirem naquela que será, para muitos, a mais mágica das noites. O desejo é que esta noite de reencontro e de afeto se multiplique por todas as casas. Um feliz Natal para todas as leitoras e leitores do Jornal do Fundão.

QOSHE - De dezembro a março - Nuno Francisco
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De dezembro a março

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20.12.2023

1- Com a eleição de Pedro Nuno Santos para a liderança do Partido Socialista está fechado o cardápio dos protagonistas que liderarão as diferentes forças políticas para as eleições de 10 de março. Do que se vai intuindo nas diferentes sondagens, o que nos deverá esperar no dia seguinte às legislativas será um Parlamento fragmentado, dando origem a um governo de minoria que terá de ter a esperança - porventura, vã - de conseguir governar sozinho durante os quatro anos da legislatura, através de acordos pontuais ou através do estabelecimento de alianças com outros partidos que lhe garanta o prazo de validade máximo. São muitos os que vão dizendo cada vez menos em surdina que esta queda do Governo sustentado por uma maioria absoluta e a consequente convocação de eleições antecipadas foi um erro crasso que o país irá pagar caro, pois o que........

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