Tem-se constatado que, com o processo de globalização, dois grandes movimentos de cultura empresarial têm adquirido cada vez maior autonomia. Refiro-me à ética empresarial e à responsabilidade social das empresas (RSE).

Tal como sucede relativamente à ética, o que distingue hoje a RSE das iniciativas do passado é a tentativa de a gerir estrategicamente e de a integrar nas atividades das organizações.

A par do desenvolvimento destes conceitos, continuamos, lamentavelmente, a assistir a situações de pobreza e exclusão social, que nos devem preocupar. Sabemos que o combate a estes fenómenos envolve múltiplas componentes e assume especial complexidade, uma vez que respeitam a dimensões humanas que, muitas vezes, ultrapassam os mínimos da dignidade que todos defendemos.

De facto, não obstante a importância de outras ações que se possam desenvolver, o afastamento do mercado de trabalho é uma das principais. É imperativo que se assegure que as pessoas com capacidade para trabalharem, e que se encontram arredadas do mercado de trabalho, sejam integradas no mesmo.

No que respeita às medidas que podem potenciar o seu acesso, cumpre referir que os sistemas de benefícios, muitas vezes têm um efeito significativo neste domínio já que, tais instrumentos, sendo essenciais ao nível da proteção social, podem, da mesma forma, desencorajar as pessoas para o mercado de trabalho.

Não se trata de pôr termo a este tipo de apoios. Como é óbvio, nem todas as pessoas com idade para trabalhar podem fazê-lo – refiro-me a situações de doença, incapacidade física ou mental. É para estas pessoas que os apoios sociais devem ser acautelados com o objetivo de lhes ser proporcionada uma vida digna.

Os apoios sociais devem ser dirigidos a quem realmente deles carece.

A enorme escassez de mão de obra que se verifica em quase todos os setores, é fruto de múltiplos fatores. Desde o envelhecimento da população e os modelos de educação que não se modernizaram e/ou se adaptaram, ao agressivo aumento de competitividade por parte de países, ou blocos económicos, com níveis populacionais muito elevados e com modelos sociais muito diferentes do europeu nuns casos e, noutros, com um nível de competências tecnológicas fortíssimo.

Para aumentar os níveis de coesão social e, portanto, fazer face aos fatores que a ameaçam, são necessárias políticas económicas e sociais que se reforcem mutuamente, estabelecendo como prioridades o emprego e a produtividade.

QOSHE - A importância da coesão social - António Saraiva
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A importância da coesão social

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05.04.2024

Tem-se constatado que, com o processo de globalização, dois grandes movimentos de cultura empresarial têm adquirido cada vez maior autonomia. Refiro-me à ética empresarial e à responsabilidade social das empresas (RSE).

Tal como sucede relativamente à ética, o que distingue hoje a RSE das iniciativas do passado é a tentativa de a gerir estrategicamente e de a integrar nas atividades das organizações.

A par do desenvolvimento destes conceitos, continuamos, lamentavelmente, a assistir a situações de pobreza e exclusão social, que nos devem preocupar. Sabemos que o combate a estes fenómenos envolve........

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