Ao longo deste meio século que levamos de democracia, os portugueses foram escolhendo para governar aqueles que, em cada momento, consideravam que melhor respondiam às suas ambições.

E, neste meio século, as escolhas oscilaram entre PS e PSD e, ambos, cada um a seu modo e com os seus programas e preocupações, foram contribuindo para construir o Portugal que temos hoje.

Sendo relevante reconhecer que, para além do consenso constitucional que sempre se verificou entre aqueles dois partidos, algumas políticas foram sendo sempre prosseguidas por todos os governos. Por todas, a política europeia e, salvo a excepção conhecida do início da década passada, as políticas de infraestruturação do país.

Neste momento de optar, primeiro no PS e, posteriormente, no país, e para quem, em nome de valores e princípios defendidos ao longo de uma vida, vota “à esquerda”, importa caracterizar as razões de uma opção.

Em primeiro lugar a opção no PS.

O PS sempre afirmou a sua autonomia estratégica, programática e de definição de prioridades de política. Foi assim em 1975, quando poucos acreditavam, ou em 1980/1981 quando um infeliz populismo frentista parecia querer afirmar-se, como foi, e tem sido, a prossecução, sem “estados de alma”, do desígnio europeu ou com a “paixão” pela educação que nos permite, 20 anos depois, ter a “geração melhor preparada de sempre”.

A opção, no PS, não é entre esquerda e direita, nem entre moderados e radicais, antes é entre os que assumem o risco de governar e de enfrentar as dificuldades de cada momento e os que optam por posturas grandiloquentes, quantas vezes inconsequentes e vazias. A opção é pela modernidade e pelo futuro, pela coragem política, lucidez e capacidade de afirmação dos princípios programáticos comuns.

O desígnio estratégico do PS não é, ou não deve ser, federar a esquerda. O desígnio do PS é representar a diversidade e a pluralidade da esquerda, unindo todos os reformistas, sem radicalismos discursivos que frequentemente se esfumam quando confrontados com a necessidade de agir.

A opção no País.

Neste Portugal que procura a modernidade a opção, para quem vota “à esquerda”, para os que querem agregar todos os reformistas, não por o serem, mas porque há mudanças que urge desenvolver, é pela esquerda que governa. Que governa em nome da instauração de uma igualdade real, em nome de um projecto humano capaz de dar a cada um a possibilidade de ser igual, sendo diferente.

É por isso que, no PS e no país, a opção é por Uma Esquerda que governa.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.

QOSHE - A Esquerda que governa - Luís Parreirão
menu_open
Columnists Actual . Favourites . Archive
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close
Aa Aa Aa
- A +

A Esquerda que governa

7 5
07.12.2023

Ao longo deste meio século que levamos de democracia, os portugueses foram escolhendo para governar aqueles que, em cada momento, consideravam que melhor respondiam às suas ambições.

E, neste meio século, as escolhas oscilaram entre PS e PSD e, ambos, cada um a seu modo e com os seus programas e preocupações, foram contribuindo para construir o Portugal que temos hoje.

Sendo relevante reconhecer que, para além do consenso constitucional que sempre se verificou entre aqueles dois partidos, algumas políticas foram sendo sempre prosseguidas por todos os governos. Por todas, a política europeia e, salvo a excepção conhecida do início da década passada,........

© Jornal Económico


Get it on Google Play