O ano de 2023 fica marcado pelo aperto das condições de financiamento às famílias, que continuam a sentir a subida de preços, ainda que agora um pouco menor.

Este foi o ano em que a inflação e o sentimento do dinheiro valer menos mais se fez sentir, levando muitos aforradores a procurarem alternativas para os seus investimentos para manterem o poder de compra ao longo do tempo.

Apesar da inflação estar a baixar, existem componentes, como os serviços, habitação, alimentação fora de casa, onde ainda se nota uma forte pressão, muito derivada do efeito bola de neve que a inflação tem. Apesar de tudo, o ano fecha com boas notícias para famílias, empresas e Estados.

As expectativas de inflação a um ano nos EUA estão no nível mais baixo desde Março de 2021, nos 3,36%, o que representa uma diminuição substancial face aos 6,78% alcançados em 2022.

Esta expectativa de menor crescimento dos preços permitiu à Reserva Federal dos EUA adoptar um discurso menos restritivo no que respeita à evolução dos juros, e prever iniciar a descida em 2024.

Incertezas como a instabilidade geopolítica mantêm-se. As interrupções nos canais do Panamá ou de Suez, em resultado de condições ambientais ou riscos de segurança, podem ter um impacto substancial nas cadeias de abastecimento e fazer regressar o fantasma da inflação.

Mais. Os eventos dos últimos anos, pandemia, guerras comerciais ou regionais, alteraram o paradigma da globalização. Com efeito, cada bloco económico pretende ser auto-suficiente, o que irá criar uma multiplicidade de investimentos e inúmeras oportunidades para os investidores nos próximos anos.

Por outro lado, o foco nos intangíveis, ou seja, o que não é material, como a inteligência humana, permitirá uma evolução da globalização comercial para a globalização intelectual, aumentando a produtividade e permitindo relançar o tão esperado crescimento económico mundial.

Na Zona Euro, temos a inversão definitiva dos juros, com a taxa Euribor a 12 meses a situar-se bastante longe dos 4%, nos 3,58%, obrigando as famílias a pensarem se ainda vale a pena renegociar condições e fixar uma taxa a dois anos que, eventualmente, poderá já não compensar.

Estas decisões fazem parte de um planeamento, pelo menos anual, que deve ser feito por famílias e empresas, pois perceber os ciclos dos juros, e como podemos beneficiar, poderá ser a chave para um ano mais tranquilo.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.

QOSHE - Prenda no sapato - Pedro Lino
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Prenda no sapato

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22.12.2023

O ano de 2023 fica marcado pelo aperto das condições de financiamento às famílias, que continuam a sentir a subida de preços, ainda que agora um pouco menor.

Este foi o ano em que a inflação e o sentimento do dinheiro valer menos mais se fez sentir, levando muitos aforradores a procurarem alternativas para os seus investimentos para manterem o poder de compra ao longo do tempo.

Apesar da inflação estar a baixar, existem componentes, como os serviços, habitação, alimentação fora de casa, onde ainda se nota uma forte pressão, muito derivada do efeito bola de neve que a inflação tem. Apesar de tudo, o ano........

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