Entre o Ativismo e o Respeito: O limite do vandalismo.

O ativismo é vital para a democracia e para a luta contra as mudanças climáticas, neste caso mais específico. No entanto, o respeito pelos outros é o que distingue o ativismo legítimo de outras formas de protesto menos construtivas.

Sabemos que os dias de hoje estão em parte definidos pela urgência em torno de crises climáticas e sociais, e nesse aspeto o ativismo surge como um farol de esperança, uma ferramenta imprescindível na busca por um mundo mais justo e sustentável para quem de forma civilizada defende melhorias nestes campos. A história mostra-nos que grandes mudanças começam, muitas vezes, nas ruas, com cidadãos comuns a exigir justiça, igualdade e também a proteção ao nosso planeta. Contudo, à medida que a esfera pública se torna cada vez mais polarizada, a linha entre protesto pacífico e ações desrespeitosas torna-se difusa, levantando questões importantes sobre os limites do ativismo.

Ontem assistimos a mais um mau exemplo de ativismo (ou vandalismo?) quando um jovem, na Bolsa de Turismo de Lisboa, ‘atacou’ um candidato a Primeiro-ministro com uma lata de tinta verde. Realmente, se a intenção é debater temas e demonstrar preocupações, não é com baldes e baldes de tinta aqui e ali que se discute o que quer que seja. Destes jovens ficam zero ideias em como melhorar o ambiente, mas ficam dezenas de imagens ridículas de tinta (será ambientalmente bom?) espalhada por vários sítios do país.

Queria analisar este assunto, importante, e sem extremismos de análise, em vários pontos.

A Liberdade de Protesto: Um Pilar da Democracia

A liberdade de expressão e o direito à reunião pacífica são pilares fundamentais das sociedades democráticas. Em Portugal, a Revolução dos Cravos de 1974 que este ano celebraremos meio século a 25 de abril é um exemplo emblemático de como a mobilização popular, conduzida de forma pacífica, pode derrubar regimes opressivos e restaurar a democracia. Esta lição histórica sublinha a importância de protestos pacíficos, que, através da criatividade e inovação — como se viu no uso de cravos como símbolo de liberdade —, podem alcançar mudanças profundas sem recorrer à violência.

Ambições Climáticas: O Imperativo do Nosso Tempo

As questões climáticas exigem uma ação urgente. O ativismo climático, exemplificado pela Greve Climática Global inspirada inicialmente por uma jovem, Greta Thunberg, demonstra o poder da juventude mobilizada para exigir responsabilidade dos líderes mundiais. Todos os continentes assistiram aos discursos (sem interessar para o caso se foram bons ou maus) da jovem Greta. Em Portugal, movimentos como a "Greve Climática Estudantil" têm sido relevantes para trazer as questões climáticas para o debate público, sobretudo na esfera mediática, pressionando a agenda política a comprometer-se com metas mais ambiciosas de redução de emissões de carbono e transição para energias renováveis.

O Respeito nas Ações Ativistas.

O respeito é crucial. Quando ativistas da Extinction Rebellion em Portugal e pelo mundo optam por bloquear estradas ou pontes de forma pacífica, visam chamar a atenção para a emergência climática. Contudo, enfatizam sempre a importância de não prejudicar fisicamente ninguém nem destruir propriedade. Esta abordagem procura garantir que a mensagem não se perca em meio a ações que possam ser interpretadas como desrespeitosas ou violentas. Ficará sempre a dúvida sobre se esta forma de bloqueio garante a mensagem, o debate e a prioridade na discussão de ideias ou, em contrapartida, se apenas traz um fugaz foco mediático em jornais televisivos de momentos que em alguns espaços de tempo têm pouca dignidade.

Ativismo ou Vandalismo?

A linha que separa estes dois conceitos não é apenas fundamental, mas define a essência da legitimidade na luta por mudanças sociais e políticas.

O ativismo é uma expressão de vontade por transformações construtivas na sociedade, através de protestos pacíficos, diálogo e ações que procuram educar e sensibilizar a sociedade e os decisores políticos sobre as urgências de determinadas causas. É uma força motriz para o progresso, impulsionada sempre pela paixão, mas guiada pelo respeito e pela responsabilidade.

Por outro lado, o vandalismo, caracterizado pela destruição deliberada de propriedade pública ou privada, representa uma abordagem contraproducente que frequentemente eclipsa as mensagens que os ativistas procuram transmitir.

Um exemplo recente que conhecemos foi o ‘ataque’ ao monumento do Padre António Vieira em Lisboa, onde a estátua foi pintada com mensagens de protesto. Embora as intenções do protesto pudessem ser fundamentadas em preocupações legítimas sobre questões históricas, a ação de vandalismo desviou totalmente a conversa para o ato de destruição em si, em vez das questões subjacentes que se pretendia destacar.

Similarmente, em várias cidades europeias, monumentos culturais e históricos têm sido alvos de vandalismo durante protestos, como o ‘ataque’ ao Coliseu em Roma ou as pinturas à estátua de Winston Churchill em Londres durante manifestações. Estes atos, embora expressem descontentamento, acabam por prejudicar a causa pela qual os ativistas lutam, alienando potenciais “aliados” e focando a atenção pública no dano ao património cultural, em vez das mensagens de protesto.

Em Portugal, temos visto muitos grupos ativistas adotarem uma postura exemplar nesta matéria, distanciando-se decisivamente de ações destrutivas e optando por estratégias de sensibilização e protesto que operam dentro dos limites da lei e do respeito pela ordem pública. Este compromisso com o ativismo responsável e construtivo não só honra a tradição de protesto pacífico, como também reforça a credibilidade e a eficácia das campanhas em questão.

Porém, não podemos aceitar que inviabilizem debates democráticos, que pintem desalmadamente monumentos, fachadas de instituições onde decorrem debates, ou, pior, qualquer pessoa como ocorreu ontem a Luís Montenegro que é candidato a Primeiro-ministro pela AD.

A distinção entre ativismo e vandalismo é, portanto, não apenas uma questão de tática, mas de princípios fundamentais. O ativismo eficaz exige mais do que a mera expressão de descontentamento; requer uma abordagem ponderada que procure soluções, promova a educação e o diálogo e, acima de tudo, preserve a integridade das comunidades e instituições que ultimamente visa melhorar.

Conclusão

O ativismo é vital para a democracia e para a luta contra as mudanças climáticas, neste caso mais específico. No entanto, o respeito pelos outros é o que distingue o ativismo legítimo de outras formas de protesto menos construtivas. Ao continuarmos a abordar questões sociais e ambientais com respeito, criatividade e determinação, o ativismo permanecerá uma ferramenta indispensável no nosso trabalho coletivo de sociedade por um “mundo melhor”.

A história de Portugal e os exemplos contemporâneos de ativismo climático reforçam esta verdade, mostrando que é possível promover a mudança sem descurar os valores que nos unem como sociedade.

É imperativo, portanto, que a classe política reconheça a importância de diferenciar entre ativismo pacífico e atos de vandalismo, promovendo e protegendo o espaço para o protesto legítimo enquanto condena veementemente quaisquer formas de destruição que manchem o propósito do verdadeiro ativismo. Este apelo à responsabilidade e ao discernimento é essencial para assegurar que o ativismo continue a ser uma força positiva e transformadora na sociedade.

Que não confundamos ativista com vândalos.

Sabemos que os dias de hoje estão em parte definidos pela urgência em torno de crises climáticas e sociais, e nesse aspeto o ativismo surge como um farol de esperança, uma ferramenta imprescindível na busca por um mundo mais justo e sustentável para quem de forma civilizada defende melhorias nestes campos. A história mostra-nos que grandes mudanças começam, muitas vezes, nas ruas, com cidadãos comuns a exigir justiça, igualdade e também a proteção ao nosso planeta. Contudo, à medida que a esfera pública se torna cada vez mais polarizada, a linha entre protesto pacífico e ações desrespeitosas torna-se difusa, levantando questões importantes sobre os limites do ativismo.

Ontem assistimos a mais um mau exemplo de ativismo (ou vandalismo?) quando um jovem, na Bolsa de Turismo de Lisboa, ‘atacou’ um candidato a Primeiro-ministro com uma lata de tinta verde. Realmente, se a intenção é debater temas e demonstrar preocupações, não é com baldes e baldes de tinta aqui e ali que se discute o que quer que seja. Destes jovens ficam zero ideias em como melhorar o ambiente, mas ficam dezenas de imagens ridículas de tinta (será ambientalmente bom?) espalhada por vários sítios do país.

Queria analisar este assunto, importante, e sem extremismos de análise, em vários pontos.

A Liberdade de Protesto: Um Pilar da Democracia

A liberdade de expressão e o direito à reunião pacífica são pilares fundamentais das sociedades democráticas. Em Portugal, a Revolução dos Cravos de 1974 que este ano celebraremos meio século a 25 de abril é um exemplo emblemático de como a mobilização popular, conduzida de forma pacífica, pode derrubar regimes opressivos e restaurar a democracia. Esta lição histórica sublinha a importância de protestos pacíficos, que, através da criatividade e inovação — como se viu no uso de cravos como símbolo de liberdade —, podem alcançar mudanças profundas sem recorrer à violência.

Ambições Climáticas: O Imperativo do Nosso Tempo

As questões climáticas exigem uma ação urgente. O ativismo climático, exemplificado pela Greve Climática Global inspirada inicialmente por uma jovem, Greta Thunberg, demonstra o poder da juventude mobilizada para exigir responsabilidade dos líderes mundiais. Todos os continentes assistiram aos discursos (sem interessar para o caso se foram bons ou maus) da jovem Greta. Em Portugal, movimentos como a "Greve Climática Estudantil" têm sido relevantes para trazer as questões climáticas para o debate público, sobretudo na esfera mediática, pressionando a agenda política a comprometer-se com metas mais ambiciosas de redução de emissões de carbono e transição para energias renováveis.

O Respeito nas Ações Ativistas.

O respeito é crucial. Quando ativistas da Extinction Rebellion em Portugal e pelo mundo optam por bloquear estradas ou pontes de forma pacífica, visam chamar a atenção para a emergência climática. Contudo, enfatizam sempre a importância de não prejudicar fisicamente ninguém nem destruir propriedade. Esta abordagem procura garantir que a mensagem não se perca em meio a ações que possam ser interpretadas como desrespeitosas ou violentas. Ficará sempre a dúvida sobre se esta forma de bloqueio garante a mensagem, o debate e a prioridade na discussão de ideias ou, em contrapartida, se apenas traz um fugaz foco mediático em jornais televisivos de momentos que em alguns espaços de tempo têm pouca dignidade.

Ativismo ou Vandalismo?

A linha que separa estes dois conceitos não é apenas fundamental, mas define a essência da legitimidade na luta por mudanças sociais e políticas.

O ativismo é uma expressão de vontade por transformações construtivas na sociedade, através de protestos pacíficos, diálogo e ações que procuram educar e sensibilizar a sociedade e os decisores políticos sobre as urgências de determinadas causas. É uma força motriz para o progresso, impulsionada sempre pela paixão, mas guiada pelo respeito e pela responsabilidade.

Por outro lado, o vandalismo, caracterizado pela destruição deliberada de propriedade pública ou privada, representa uma abordagem contraproducente que frequentemente eclipsa as mensagens que os ativistas procuram transmitir.

Um exemplo recente que conhecemos foi o ‘ataque’ ao monumento do Padre António Vieira em Lisboa, onde a estátua foi pintada com mensagens de protesto. Embora as intenções do protesto pudessem ser fundamentadas em preocupações legítimas sobre questões históricas, a ação de vandalismo desviou totalmente a conversa para o ato de destruição em si, em vez das questões subjacentes que se pretendia destacar.

Similarmente, em várias cidades europeias, monumentos culturais e históricos têm sido alvos de vandalismo durante protestos, como o ‘ataque’ ao Coliseu em Roma ou as pinturas à estátua de Winston Churchill em Londres durante manifestações. Estes atos, embora expressem descontentamento, acabam por prejudicar a causa pela qual os ativistas lutam, alienando potenciais “aliados” e focando a atenção pública no dano ao património cultural, em vez das mensagens de protesto.

Em Portugal, temos visto muitos grupos ativistas adotarem uma postura exemplar nesta matéria, distanciando-se decisivamente de ações destrutivas e optando por estratégias de sensibilização e protesto que operam dentro dos limites da lei e do respeito pela ordem pública. Este compromisso com o ativismo responsável e construtivo não só honra a tradição de protesto pacífico, como também reforça a credibilidade e a eficácia das campanhas em questão.

Porém, não podemos aceitar que inviabilizem debates democráticos, que pintem desalmadamente monumentos, fachadas de instituições onde decorrem debates, ou, pior, qualquer pessoa como ocorreu ontem a Luís Montenegro que é candidato a Primeiro-ministro pela AD.

A distinção entre ativismo e vandalismo é, portanto, não apenas uma questão de tática, mas de princípios fundamentais. O ativismo eficaz exige mais do que a mera expressão de descontentamento; requer uma abordagem ponderada que procure soluções, promova a educação e o diálogo e, acima de tudo, preserve a integridade das comunidades e instituições que ultimamente visa melhorar.

Conclusão

O ativismo é vital para a democracia e para a luta contra as mudanças climáticas, neste caso mais específico. No entanto, o respeito pelos outros é o que distingue o ativismo legítimo de outras formas de protesto menos construtivas. Ao continuarmos a abordar questões sociais e ambientais com respeito, criatividade e determinação, o ativismo permanecerá uma ferramenta indispensável no nosso trabalho coletivo de sociedade por um “mundo melhor”.

A história de Portugal e os exemplos contemporâneos de ativismo climático reforçam esta verdade, mostrando que é possível promover a mudança sem descurar os valores que nos unem como sociedade.

É imperativo, portanto, que a classe política reconheça a importância de diferenciar entre ativismo pacífico e atos de vandalismo, promovendo e protegendo o espaço para o protesto legítimo enquanto condena veementemente quaisquer formas de destruição que manchem o propósito do verdadeiro ativismo. Este apelo à responsabilidade e ao discernimento é essencial para assegurar que o ativismo continue a ser uma força positiva e transformadora na sociedade.

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Entre o Ativismo e o Respeito: O limite do vandalismo.

8 0
29.02.2024

Entre o Ativismo e o Respeito: O limite do vandalismo.

O ativismo é vital para a democracia e para a luta contra as mudanças climáticas, neste caso mais específico. No entanto, o respeito pelos outros é o que distingue o ativismo legítimo de outras formas de protesto menos construtivas.

Sabemos que os dias de hoje estão em parte definidos pela urgência em torno de crises climáticas e sociais, e nesse aspeto o ativismo surge como um farol de esperança, uma ferramenta imprescindível na busca por um mundo mais justo e sustentável para quem de forma civilizada defende melhorias nestes campos. A história mostra-nos que grandes mudanças começam, muitas vezes, nas ruas, com cidadãos comuns a exigir justiça, igualdade e também a proteção ao nosso planeta. Contudo, à medida que a esfera pública se torna cada vez mais polarizada, a linha entre protesto pacífico e ações desrespeitosas torna-se difusa, levantando questões importantes sobre os limites do ativismo.

Ontem assistimos a mais um mau exemplo de ativismo (ou vandalismo?) quando um jovem, na Bolsa de Turismo de Lisboa, ‘atacou’ um candidato a Primeiro-ministro com uma lata de tinta verde. Realmente, se a intenção é debater temas e demonstrar preocupações, não é com baldes e baldes de tinta aqui e ali que se discute o que quer que seja. Destes jovens ficam zero ideias em como melhorar o ambiente, mas ficam dezenas de imagens ridículas de tinta (será ambientalmente bom?) espalhada por vários sítios do país.

Queria analisar este assunto, importante, e sem extremismos de análise, em vários pontos.

A Liberdade de Protesto: Um Pilar da Democracia

A liberdade de expressão e o direito à reunião pacífica são pilares fundamentais das sociedades democráticas. Em Portugal, a Revolução dos Cravos de 1974 que este ano celebraremos meio século a 25 de abril é um exemplo emblemático de como a mobilização popular, conduzida de forma pacífica, pode derrubar regimes opressivos e restaurar a democracia. Esta lição histórica sublinha a importância de protestos pacíficos, que, através da criatividade e inovação — como se viu no uso de cravos como símbolo de liberdade —, podem alcançar mudanças profundas sem recorrer à violência.

Ambições Climáticas: O Imperativo do Nosso Tempo

As questões climáticas exigem uma ação urgente. O ativismo climático, exemplificado pela Greve Climática Global inspirada inicialmente por uma jovem, Greta Thunberg, demonstra o poder da juventude mobilizada para exigir responsabilidade dos líderes mundiais. Todos os continentes assistiram aos discursos (sem interessar para o caso se foram bons ou maus) da jovem Greta. Em Portugal, movimentos como a "Greve Climática Estudantil" têm sido relevantes para trazer as questões climáticas para o debate público, sobretudo na esfera mediática, pressionando a agenda política a comprometer-se com metas mais ambiciosas de redução de emissões de carbono e transição para energias renováveis.

O Respeito nas Ações Ativistas.

O respeito é crucial. Quando ativistas da Extinction Rebellion em Portugal e pelo mundo optam por bloquear estradas ou pontes de forma pacífica, visam chamar a atenção para a emergência climática. Contudo, enfatizam sempre a importância de não prejudicar fisicamente ninguém nem destruir propriedade. Esta abordagem procura garantir que a mensagem não se perca em meio a ações que possam ser interpretadas como desrespeitosas ou violentas. Ficará sempre a dúvida sobre se esta forma de bloqueio garante a mensagem, o debate e a prioridade na discussão de ideias ou, em contrapartida, se apenas traz um fugaz foco mediático em jornais televisivos de momentos que em alguns espaços de tempo têm pouca dignidade.

Ativismo ou Vandalismo?

A linha que separa estes dois conceitos não é apenas fundamental, mas define a essência da legitimidade na luta por mudanças sociais e políticas.

O ativismo é uma expressão de vontade por transformações construtivas na sociedade, através de protestos pacíficos, diálogo e ações que procuram educar e sensibilizar a sociedade e os decisores políticos sobre as urgências de determinadas causas. É uma força motriz para o progresso, impulsionada sempre pela paixão, mas guiada pelo respeito e pela responsabilidade.

Por outro lado, o vandalismo, caracterizado pela destruição deliberada de propriedade pública ou privada, representa uma abordagem contraproducente que frequentemente eclipsa as mensagens que os ativistas procuram transmitir.

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