A mancha

Montenegro ia muito bem, até surgir uma trapalhada que lembra o método ilusionista do “costismo” que o país enjoou.

Nota prévia: A resposta do Irão ao recente ataque israelita à embaixada iraniana em Damasco era esperada. Feitas as contas, não teve praticamente consequências. Israel, com o seu escudo defensivo, e a ajuda dos americanos, ingleses, franceses e jordanos destruiu cerca de 170 drones, 30 mísseis de cruzeiro e 120 mísseis balísticos. O Irão considerou o assunto encerrado. Uma reação judaica parece inevitável, mas Biden e outros líderes pressionam para que a resposta seja calibrada, evitando uma escalada do conflito e secundando o apelo de António Guterres. Se Natanyahu mostrar contenção, ninguém perde a face. Caso contrário as coisas podem degenerar. Um ataque israelita em larga escala terá provavelmente alastramento regional. Mas, em contrapartida, talvez contribuísse para libertar os iranianos dos fanáticos líderes xiitas que os oprimem e matam há dezenas de anos.

1. O debate do programa do Governo podia ter sido perfeito. Podia, mas não foi. Depois de uma prestação em que destrunfou todas as oposições à cabeça, assegurando que o Governo só cairá através de uma moção de censura (o que teria de implicar uma aliança tácita do PS com a extrema-esquerda e o Chega), Luís Montenegro caiu no uso do que parece uma “costice”, digna das que iludiram os portugueses oito anos. Tudo teve a ver com o anúncio de uma descida do IRS que, afinal, se limita a cerca de 200 milhões, visto que o resto (1300 milhões) já estava registado no orçamento do PS. Foi a bancada liberal que desmontou a coisa. Até então, analistas e políticos aplaudiam ingenuamente. Asseguravam que o primeiro-ministro tinha excedido todas as expectativas, somando praticamente a medida do PS à da AD. Afinal não era nada disso. Durante meses, escreveu-se aqui que Montenegro é um parlamentar fortíssimo, pelo que deveria ganhar os confrontos da campanha, o que sucedeu. Por isso mesmo, o episódio manchou a sua credibilidade. Foi a segunda vez que as coisas correram mal no Parlamento em poucos dias. A primeira foi a confusão na eleição do presidente do Parlamento. Situações do género têm de ser evitadas, sobretudo quando se discutir dossiers que envolvem a vida das pessoas como os elementos das forças de segurança, militares, oficiais de Justiça e as carreiras ligadas à Saúde. Uma política de equívocos e meias verdades levará à perda de credibilidade do Executivo, cujo o único trunfo é Montenegro. O sucesso de Montenegro passa pela cumplicidade que gerar com os governados, diminuindo a influência da intermediação noticiosa e do comentário. A mancha na narrativa do IRS gerou desconfiança. Não havia necessidade! O Expresso sentiu-se enganado. Publicou uma nota dura a pedir desculpa a milhares de leitores. O primeiro-ministro faria bem em admitir o sentido equívoco das suas palavras. Uma versão benévola do que se passou é considerar que se tratou de um erro de comunicação. A outra, que não há razões para subscrever conhecendo a postura de Montenegro, é insistir na “marosca” política, coisa de que os portugueses estão fartos. Montenegro tem de aproveitar para melhorar a eficácia do seu staff de proximidade, começando logo em Leitão Amaro que veio a terreiro com um comunicado desastrado. Conhecendo-se a poderosa máquina mediática que a esquerda tem, a comunicação rigorosa é mais essencial do que nunca. A ser verdade que existe um guru da comunicação na presidência do conselho de ministros por quem tudo circula, pode-se considerar que os seus primeiros passos foram trôpegos.

2. Uma das prioridades do Executivo deveria ter sido a denúncia dos embustes e alçapões do “costismo”, que se fartou de anunciar a mesma coisa sem nunca a fazer. “Destapar os logros”, teria sido um nome apropriado para esse dossier que agora fica comprometido, embora se mantenha útil

3. Uma medida imediata, sem custos, que daria grande alegria ao cidadão comum, era acabar com a obrigação de marcação prévia nas repartições de Finanças e na Segurança Social. Cada um seria assim livre de marcar ou de avançar no dia em que lhe desse mais jeito. Desde a pandemia que os zelosos servidores do Estado (uma espécie de casta fanática da burocracia) mantêm essa prática com prejuízo para muitos cidadãos, designadamente os menos dados às artes informáticas. Mudar a Administração Pública também passa por coisas que digam respeito ao contribuinte.

4. De entre as muitas pessoas que frequentam a “bolha político-mediática”, poucas terão sido as que se surpreenderam com a investida da Justiça de investigação sobre a Câmara de Cascais, onde pontificou também Pinto Luz, agora ministro das Infraestruturas. Estava escrito nas estrelas, como diria alguém. Está criada mais uma suspeição por parte do Ministério Público que se junta a muitas outras que afetam a vida dos visados. Volta-se a dizer que é mais do que tempo de mudar os procedimentos e estratégias da Procuradoria-Geral da República, que mais do que uma força de bloqueio começa a parecer-se como uma ameaça ao normal funcionamento da democracia. Viu-se pelo derrube do governo Costa que deu origem a uma precária situação política, sem esclarecer sequer o que nos levou às urnas. É fundamental substituir Lucília Gago por alguém que mande numa estrutura que por definição é hierarquizada.

5. Passos Coelho anda por aí e causa estragos políticos. Em poucos meses, agitou as hostes com um discurso no Algarve, durante a campanha eleitoral, em que apontava para uma aproximação ao Chega, que Montenegro e as suas hostes já tinham recusado liminarmente. Há dias, na apresentação do livro Identidade e Família voltou ao tema de forma mais subtil. Ontem, no programa Eu estive lá da Rádio Observador, revelou situações ocorridas no seu governo que deixam mal Paulo Portas quando diz que a troika desconfiava do ex-líder do CDS. A história não é propriamente nova. Sabia-se que tinha havido divergências entre ambos porque Portas achava que se tinha de aliviar os sacrifícios, enquanto Passos era adepto do ir além da troika. Resultado: Passos levou a dele avante, tardou em desapertar um pouco o cinto e…veio a “geringonça”.

6. A recém-empossada ministra Maria do Rosário Ramalho tem grandes responsabilidades para além da gigantesca gestão da Segurança Social na perspetiva dos utentes e contribuintes do sistema. Uma delas prende-se com a Associação Mutualista Montepio Geral, dona do Banco Montepio. A associação é tutelada pelo ministério, que deve monitorizar o que se passa com o Plano de Transição. O plano foi exigido pelo próprio ministério como forma de solucionar um assunto escaldante e complexo. Milhares de mutualistas têm investido as suas poupanças na frágil associação. Outro caso prende-se com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Ali, há dois berbicachos milionários a tratar: o desastroso investimento no jogo do Brasil no qual se perderam 50 milhões de euros e a situação financeira do Hospital da Cruz Vermelha, que a Santa Casa teve de comprar. Assuntos a acompanhar…

7. Foi sem surpresa e profunda repugnância que se confirmou a existência de políticos europeus que recebem dinheiro para se posicionar a favor da Rússia, do seu regime e da invasão da Ucrânia. Segundo uma investigação da polícia federal belga, os eurodeputados sob suspeita são originários da Bélgica, França, Alemanha, Hungria, Polónia e Países Baixos. A revelação ocorre a poucas semanas das eleições de junho para o Parlamento Europeu. Uma coisa é defender regimes ditatoriais por convicção (ainda que lamentável), outra é fazê-lo por dinheiro. Seria interessante alargar estas investigações a certas figuras do “comentariado” mediático sempre disponíveis para justificar e defender Moscovo e outras ditaduras.

Nota prévia: A resposta do Irão ao recente ataque israelita à embaixada iraniana em Damasco era esperada. Feitas as contas, não teve praticamente consequências. Israel, com o seu escudo defensivo, e a ajuda dos americanos, ingleses, franceses e jordanos destruiu cerca de 170 drones, 30 mísseis de cruzeiro e 120 mísseis balísticos. O Irão considerou o assunto encerrado. Uma reação judaica parece inevitável, mas Biden e outros líderes pressionam para que a resposta seja calibrada, evitando uma escalada do conflito e secundando o apelo de António Guterres. Se Natanyahu mostrar contenção, ninguém perde a face. Caso contrário as coisas podem degenerar. Um ataque israelita em larga escala terá provavelmente alastramento regional. Mas, em contrapartida, talvez contribuísse para libertar os iranianos dos fanáticos líderes xiitas que os oprimem e matam há dezenas de anos.

1. O debate do programa do Governo podia ter sido perfeito. Podia, mas não foi. Depois de uma prestação em que destrunfou todas as oposições à cabeça, assegurando que o Governo só cairá através de uma moção de censura (o que teria de implicar uma aliança tácita do PS com a extrema-esquerda e o Chega), Luís Montenegro caiu no uso do que parece uma “costice”, digna das que iludiram os portugueses oito anos. Tudo teve a ver com o anúncio de uma descida do IRS que, afinal, se limita a cerca de 200 milhões, visto que o resto (1300 milhões) já estava registado no orçamento do PS. Foi a bancada liberal que desmontou a coisa. Até então, analistas e políticos aplaudiam ingenuamente. Asseguravam que o primeiro-ministro tinha excedido todas as expectativas, somando praticamente a medida do PS à da AD. Afinal não era nada disso. Durante meses, escreveu-se aqui que Montenegro é um parlamentar fortíssimo, pelo que deveria ganhar os confrontos da campanha, o que sucedeu. Por isso mesmo, o episódio manchou a sua credibilidade. Foi a segunda vez que as coisas correram mal no Parlamento em poucos dias. A primeira foi a confusão na eleição do presidente do Parlamento. Situações do género têm de ser evitadas, sobretudo quando se discutir dossiers que envolvem a vida das pessoas como os elementos das forças de segurança, militares, oficiais de Justiça e as carreiras ligadas à Saúde. Uma política de equívocos e meias verdades levará à perda de credibilidade do Executivo, cujo o único trunfo é Montenegro. O sucesso de Montenegro passa pela cumplicidade que gerar com os governados, diminuindo a influência da intermediação noticiosa e do comentário. A mancha na narrativa do IRS gerou desconfiança. Não havia necessidade! O Expresso sentiu-se enganado. Publicou uma nota dura a pedir desculpa a milhares de leitores. O primeiro-ministro faria bem em admitir o sentido equívoco das suas palavras. Uma versão benévola do que se passou é considerar que se tratou de um erro de comunicação. A outra, que não há razões para subscrever conhecendo a postura de Montenegro, é insistir na “marosca” política, coisa de que os portugueses estão fartos. Montenegro tem de aproveitar para melhorar a eficácia do seu staff de proximidade, começando logo em Leitão Amaro que veio a terreiro com um comunicado desastrado. Conhecendo-se a poderosa máquina mediática que a esquerda tem, a comunicação rigorosa é mais essencial do que nunca. A ser verdade que existe um guru da comunicação na presidência do conselho de ministros por quem tudo circula, pode-se considerar que os seus primeiros passos foram trôpegos.

2. Uma das prioridades do Executivo deveria ter sido a denúncia dos embustes e alçapões do “costismo”, que se fartou de anunciar a mesma coisa sem nunca a fazer. “Destapar os logros”, teria sido um nome apropriado para esse dossier que agora fica comprometido, embora se mantenha útil

3. Uma medida imediata, sem custos, que daria grande alegria ao cidadão comum, era acabar com a obrigação de marcação prévia nas repartições de Finanças e na Segurança Social. Cada um seria assim livre de marcar ou de avançar no dia em que lhe desse mais jeito. Desde a pandemia que os zelosos servidores do Estado (uma espécie de casta fanática da burocracia) mantêm essa prática com prejuízo para muitos cidadãos, designadamente os menos dados às artes informáticas. Mudar a Administração Pública também passa por coisas que digam respeito ao contribuinte.

4. De entre as muitas pessoas que frequentam a “bolha político-mediática”, poucas terão sido as que se surpreenderam com a investida da Justiça de investigação sobre a Câmara de Cascais, onde pontificou também Pinto Luz, agora ministro das Infraestruturas. Estava escrito nas estrelas, como diria alguém. Está criada mais uma suspeição por parte do Ministério Público que se junta a muitas outras que afetam a vida dos visados. Volta-se a dizer que é mais do que tempo de mudar os procedimentos e estratégias da Procuradoria-Geral da República, que mais do que uma força de bloqueio começa a parecer-se como uma ameaça ao normal funcionamento da democracia. Viu-se pelo derrube do governo Costa que deu origem a uma precária situação política, sem esclarecer sequer o que nos levou às urnas. É fundamental substituir Lucília Gago por alguém que mande numa estrutura que por definição é hierarquizada.

5. Passos Coelho anda por aí e causa estragos políticos. Em poucos meses, agitou as hostes com um discurso no Algarve, durante a campanha eleitoral, em que apontava para uma aproximação ao Chega, que Montenegro e as suas hostes já tinham recusado liminarmente. Há dias, na apresentação do livro Identidade e Família voltou ao tema de forma mais subtil. Ontem, no programa Eu estive lá da Rádio Observador, revelou situações ocorridas no seu governo que deixam mal Paulo Portas quando diz que a troika desconfiava do ex-líder do CDS. A história não é propriamente nova. Sabia-se que tinha havido divergências entre ambos porque Portas achava que se tinha de aliviar os sacrifícios, enquanto Passos era adepto do ir além da troika. Resultado: Passos levou a dele avante, tardou em desapertar um pouco o cinto e…veio a “geringonça”.

6. A recém-empossada ministra Maria do Rosário Ramalho tem grandes responsabilidades para além da gigantesca gestão da Segurança Social na perspetiva dos utentes e contribuintes do sistema. Uma delas prende-se com a Associação Mutualista Montepio Geral, dona do Banco Montepio. A associação é tutelada pelo ministério, que deve monitorizar o que se passa com o Plano de Transição. O plano foi exigido pelo próprio ministério como forma de solucionar um assunto escaldante e complexo. Milhares de mutualistas têm investido as suas poupanças na frágil associação. Outro caso prende-se com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Ali, há dois berbicachos milionários a tratar: o desastroso investimento no jogo do Brasil no qual se perderam 50 milhões de euros e a situação financeira do Hospital da Cruz Vermelha, que a Santa Casa teve de comprar. Assuntos a acompanhar…

7. Foi sem surpresa e profunda repugnância que se confirmou a existência de políticos europeus que recebem dinheiro para se posicionar a favor da Rússia, do seu regime e da invasão da Ucrânia. Segundo uma investigação da polícia federal belga, os eurodeputados sob suspeita são originários da Bélgica, França, Alemanha, Hungria, Polónia e Países Baixos. A revelação ocorre a poucas semanas das eleições de junho para o Parlamento Europeu. Uma coisa é defender regimes ditatoriais por convicção (ainda que lamentável), outra é fazê-lo por dinheiro. Seria interessante alargar estas investigações a certas figuras do “comentariado” mediático sempre disponíveis para justificar e defender Moscovo e outras ditaduras.

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16.04.2024

A mancha

Montenegro ia muito bem, até surgir uma trapalhada que lembra o método ilusionista do “costismo” que o país enjoou.

Nota prévia: A resposta do Irão ao recente ataque israelita à embaixada iraniana em Damasco era esperada. Feitas as contas, não teve praticamente consequências. Israel, com o seu escudo defensivo, e a ajuda dos americanos, ingleses, franceses e jordanos destruiu cerca de 170 drones, 30 mísseis de cruzeiro e 120 mísseis balísticos. O Irão considerou o assunto encerrado. Uma reação judaica parece inevitável, mas Biden e outros líderes pressionam para que a resposta seja calibrada, evitando uma escalada do conflito e secundando o apelo de António Guterres. Se Natanyahu mostrar contenção, ninguém perde a face. Caso contrário as coisas podem degenerar. Um ataque israelita em larga escala terá provavelmente alastramento regional. Mas, em contrapartida, talvez contribuísse para libertar os iranianos dos fanáticos líderes xiitas que os oprimem e matam há dezenas de anos.

1. O debate do programa do Governo podia ter sido perfeito. Podia, mas não foi. Depois de uma prestação em que destrunfou todas as oposições à cabeça, assegurando que o Governo só cairá através de uma moção de censura (o que teria de implicar uma aliança tácita do PS com a extrema-esquerda e o Chega), Luís Montenegro caiu no uso do que parece uma “costice”, digna das que iludiram os portugueses oito anos. Tudo teve a ver com o anúncio de uma descida do IRS que, afinal, se limita a cerca de 200 milhões, visto que o resto (1300 milhões) já estava registado no orçamento do PS. Foi a bancada liberal que desmontou a coisa. Até então, analistas e políticos aplaudiam ingenuamente. Asseguravam que o primeiro-ministro tinha excedido todas as expectativas, somando praticamente a medida do PS à da AD. Afinal não era nada disso. Durante meses, escreveu-se aqui que Montenegro é um parlamentar fortíssimo, pelo que deveria ganhar os confrontos da campanha, o que sucedeu. Por isso mesmo, o episódio manchou a sua credibilidade. Foi a segunda vez que as coisas correram mal no Parlamento em poucos dias. A primeira foi a confusão na eleição do presidente do Parlamento. Situações do género têm de ser evitadas, sobretudo quando se discutir dossiers que envolvem a vida das pessoas como os elementos das forças de segurança, militares, oficiais de Justiça e as carreiras ligadas à Saúde. Uma política de equívocos e meias verdades levará à perda de credibilidade do Executivo, cujo o único trunfo é Montenegro. O sucesso de Montenegro passa pela cumplicidade que gerar com os governados, diminuindo a influência da intermediação noticiosa e do comentário. A mancha na narrativa do IRS gerou desconfiança. Não havia necessidade! O Expresso sentiu-se enganado. Publicou uma nota dura a pedir desculpa a milhares de leitores. O primeiro-ministro faria bem em admitir o sentido equívoco das suas palavras. Uma versão benévola do que se passou é considerar que se tratou de um erro de comunicação. A outra, que não há razões para subscrever conhecendo a postura de Montenegro, é insistir na “marosca” política, coisa de que os portugueses estão fartos. Montenegro tem de aproveitar para melhorar a eficácia do seu staff de proximidade, começando logo em Leitão Amaro que veio a terreiro com um comunicado desastrado. Conhecendo-se a poderosa máquina mediática que a esquerda tem, a comunicação rigorosa é mais essencial do que nunca. A ser verdade que existe um guru da comunicação na presidência do conselho de ministros por quem tudo circula, pode-se considerar que os seus primeiros passos foram trôpegos.

2. Uma das prioridades do Executivo deveria ter sido a denúncia dos embustes e alçapões do “costismo”, que se fartou de anunciar a mesma coisa sem nunca a fazer. “Destapar os logros”, teria sido um nome apropriado para esse dossier que agora fica comprometido, embora se mantenha útil

3. Uma medida imediata, sem custos, que daria grande alegria ao cidadão comum, era acabar com a obrigação de marcação prévia nas repartições de Finanças e na Segurança Social. Cada um seria assim livre de marcar ou de avançar no dia em que lhe desse mais jeito. Desde a pandemia que os zelosos servidores do........

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