E agora?
Não acredito em nenhum partido político que apresente um programa de governo de cem ou duzentas páginas e não apresente uma síntese estratégica de uma página.
Terminou o período eleitoral depois de uma campanha medíocre, durante a qual foram iludidos praticamente todos os desafios que enfrentamos e sem que tenha sido feita uma avaliação séria dos oitos anos da governação socialista. Pior do que isso, sem que tenha sido debatida uma estratégia para o futuro.
A votação no Chega é reconhecida por muitos como um voto de protesto, de mais de um milhão de eleitores, muitos oriundos da abstenção, o que lhes dá um valor acrescido por terem resultado de uma avaliação de que vale a pena votar. Protesto que só pode ter sido originado na má governação do Partido Socialista e na degradação das condições de vida dos portuguesas, no mau funcionamento dos serviços públicos e na falta de credibilidade do novo secretário-geral, Pedro Nuno Santos, enrolado na defesa de um passado indefensável e na incapacidade de desenhar uma estratégia credível para o futuro.
Estratégia que, infelizmente, também nenhum outro partido teve a lucidez de apresentar. Porque tendo sido promovidas dezenas de medidas, a maioria destinadas a procurar vencer as incapacidades de vinte anos de governos socialistas, nenhuma delas indica uma orientação clara para o futuro. Aparentemente, nenhum dos partidos políticos portugueses compreendeu ainda que nenhum governo resolverá os desafios que temos pela frente sem uma economia e uma sociedade a puxar no mesmo sentido. Não a fazer a mesma coisa, mas a puxar para o mesmo lado.
Vejamos: Qual o sentido principal para o crescimento da economia? Mercado interno ou exportações? Turismo ou industrialização? Na ferrovia, bitola ibérica ou europeia? Mercado aberto à concorrência ou protecionismo? Prioridade às creches e ao pré-escolar ou ao ensino universitário? Sistema político verdadeiramente democrático e reforma das leis eleitorais, ou a continuação do privilégio dado aos grandes partidos de escolherem os candidatos a deputados e a deitar para o lixo nos distritos os votos dos pequenos partidos que não alcançam eleger um só deputado? Acesso a todos aos meios de informação, ou televisões e jornais dominados pelos comentadores escolhidos? Em resumo, democracia ou partidocracia?
Poderá dizer-se que haverá sempre um pouco de tudo isto em qualquer regime democrático. É verdade. Todavia é através da existência prévia de uma estratégia sobre a orientação principal a ser seguida que existirá uma verdadeira orientação estratégica dos governos. E se é verdade que cada empresa e cada cidadão pode seguir a sua própria orientação, a sociedade, no seu conjunto, passa a saber qual a orientação mais desejável e, eventualmente, a puxar para o mesmo lado.
Em 1946 o Japão decidiu que o futuro estava na tecnologia e em 1956 que esse futuro estaria na inovação tecnológica. E se é verdade que nem todas as empresas, como nem todos os japoneses, seguiram essa indicação, a verdade é que esses foram os objectivos mais usados pela maioria, o que alavancou o sucesso do Japão no após guerra.
Os últimos oito anos da governação do PS foram um desastre. Não porque todas, ou a maioria, das decisões foram erradas, mas porque apontando em todas as direções, nunca criaram a massa critica necessária para a mudança. Infelizmente, o PRR sofre do mesmo mal e, por isso, não mudará nada de relevante na economia e na sociedade portuguesas.
Estas são as razões porque há dois anos publiquei um texto “Estratégia de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030”, alternativo ao PRR e onde apontava gastar os 22.000 milhões de euros a receber da União Europeia, apenas em dois objectivos: Educação e Industrialização. Onde também explico as razões das escolhas.
Em resumo, não acredito em nenhum partido político que apresente um programa de governo de cem ou duzentas páginas e não apresente uma síntese estratégica de uma página.
Terminou o período eleitoral depois de uma campanha medíocre, durante a qual foram iludidos praticamente todos os desafios que enfrentamos e sem que tenha sido feita uma avaliação séria dos oitos anos da governação socialista. Pior do que isso, sem que tenha sido debatida uma estratégia para o futuro.
A votação no Chega é reconhecida por muitos como um voto de protesto, de mais de um milhão de eleitores, muitos oriundos da abstenção, o que lhes dá um valor acrescido por terem resultado de uma avaliação de que vale a pena votar. Protesto que só pode ter sido originado na má governação do Partido Socialista e na degradação das condições de vida dos portuguesas, no mau funcionamento dos serviços públicos e na falta de credibilidade do novo secretário-geral, Pedro Nuno Santos, enrolado na defesa de um passado indefensável e na incapacidade de desenhar uma estratégia credível para o futuro.
Estratégia que, infelizmente, também nenhum outro partido teve a lucidez de apresentar. Porque tendo sido promovidas dezenas de medidas, a maioria destinadas a procurar vencer as incapacidades de vinte anos de governos socialistas, nenhuma delas indica uma orientação clara para o futuro. Aparentemente, nenhum dos partidos políticos portugueses compreendeu ainda que nenhum governo resolverá os desafios que temos pela frente sem uma economia e uma sociedade a puxar no mesmo sentido. Não a fazer a mesma coisa, mas a puxar para o mesmo lado.
Vejamos: Qual o sentido principal para o crescimento da economia? Mercado interno ou exportações? Turismo ou industrialização? Na ferrovia, bitola ibérica ou europeia? Mercado aberto à concorrência ou protecionismo? Prioridade às creches e ao pré-escolar ou ao ensino universitário? Sistema político verdadeiramente democrático e reforma das leis eleitorais, ou a continuação do privilégio dado aos grandes partidos de escolherem os candidatos a deputados e a deitar para o lixo nos distritos os votos dos pequenos partidos que não alcançam eleger um só deputado? Acesso a todos aos meios de informação, ou televisões e jornais dominados pelos comentadores escolhidos? Em resumo, democracia ou partidocracia?
Poderá dizer-se que haverá sempre um pouco de tudo isto em qualquer regime democrático. É verdade. Todavia é através da existência prévia de uma estratégia sobre a orientação principal a ser seguida que existirá uma verdadeira orientação estratégica dos governos. E se é verdade que cada empresa e cada cidadão pode seguir a sua própria orientação, a sociedade, no seu conjunto, passa a saber qual a orientação mais desejável e, eventualmente, a puxar para o mesmo lado.
Em 1946 o Japão decidiu que o futuro estava na tecnologia e em 1956 que esse futuro estaria na inovação tecnológica. E se é verdade que nem todas as empresas, como nem todos os japoneses, seguiram essa indicação, a verdade é que esses foram os objectivos mais usados pela maioria, o que alavancou o sucesso do Japão no após guerra.
Os últimos oito anos da governação do PS foram um desastre. Não porque todas, ou a maioria, das decisões foram erradas, mas porque apontando em todas as direções, nunca criaram a massa critica necessária para a mudança. Infelizmente, o PRR sofre do mesmo mal e, por isso, não mudará nada de relevante na economia e na sociedade portuguesas.
Estas são as razões porque há dois anos publiquei um texto “Estratégia de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030”, alternativo ao PRR e onde apontava gastar os 22.000 milhões de euros a receber da União Europeia, apenas em dois objectivos: Educação e Industrialização. Onde também explico as razões das escolhas.
Em resumo, não acredito em nenhum partido político que apresente um programa de governo de cem ou duzentas páginas e não apresente uma síntese estratégica de uma página.
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