Que democracia?


Pessoalmente continuarei, por mais algum pouco tempo, à espera da democracia por que sonhei ao longo de toda a minha vida.

Este espaço existe há anos a ser usado por um conjunto de cidadãos para defender a democracia e denunciar o modelo de centralismo democrático existente entre nós, que permite que os eleitos, nomeadamente os deputados, sejam escolhidos pelos directórios partidários em vez de pelos cidadãos eleitores. Ao longo dos anos este espaço tem servido para documentar as muitas iniciativas realizadas e destinadas a denunciar os partidos políticos que beneficiam dessa relevante entorse democrática, bem como a propor, com muitos milhares de assinaturas, que a Assembleia da República realize a necessária alteração das leis eleitorais, sem que o poder político e os partidos cedam no seu monopólio sobre o sistema eleitoral, com o resultado de cada vez mais portugueses deixarem de participar na vida política do país e do regime político ser cada vez menos democrático e mais autoritário. Agora, nem os símbolos da bandeira são respeitados.

Vamos em breve ter eleições e os grandes partidos recusam-se a colocar nos seus programas a democratização do regime, a fim de no curto prazo ser possível votar na Assembleia da República a reforma das leis eleitorais, no sentido da sua democratização. O Partido Socialista, como o partido que tem dominado durante mais tempo o poder político em Portugal, tem sido o que mais activamente utiliza o seu poder sobre a Assembleia da República para tornar o poder do seu directório partidário mais dominante e autoritário. Presentemente, de entre os três candidatos a secretário-geral, apenas Daniel Adrião tem no seu programa essa reforma, que aliás já defende há muito.

Nesta batalha há que fazer a devida homenagem aos cidadãos José Ribeiro e Castro e Fernando Mendes, que, em conjunto com muitos outros, têm devotado o melhor do seu tempo e da sua inteligência a manter bem viva na agenda política esta simples reivindicação que, estou certo, é uma reivindicação de milhões de portugueses. Não por acaso, a resistência dos partidos à mudança, resulta das atuais leis permitirem um forte controlo do sistema eleitoral que favorece os grandes partidos, o que conduz á realidade do partido no poder controlar sem limitações democráticas as leis e as grandes decisões políticas. Com o resultado da continuada decadência da qualidade dos políticos no poder, favorecidos pela ausência de concorrência e cada vez mais distantes das normais regras morais e éticas que deveriam guiar a actividade política. A corrupção crescente e os mais recentes casos e casinhos são disso a evidente demonstração.

Há anos, António Costa, com o objetivo de chegar ao poder, traiu o então secretário-geral António José Seguro e utilizou o método das primárias que lhe permitiu a vitória, método que agora voltou a não ser usado a favor da fórmula caseira de eleições internas. Trata-se do mesmo método usado pelo partido na gestão do país, a utilização de diferentes meios para, caso a caso, escolher as soluções que melhor possam servir os interesses da família socialista no poder.

Ao demitir-se de primeiro-ministro, António Costa tenta agora manter o controlo do partido através do candidato José Luís Carneiro e com o apoio dos socialistas mais fiéis, ou mais interessados em manter as mordomias do poder, com o objectivo de poder ser o candidato do PS à Presidência da República, com o apoio do partido. Por sua vez, Pedro Nuno Santos apoia publicamente António Costa e as suas políticas como o melhor político português, mas combate-o em privado, sendo que no caso de chegar a secretário-geral a forte probabilidade é de ressuscitar a geringonça e continuar as políticas que nos trouxeram até aqui. Entretanto, por entre as muitas ambições em luta nesta conjuntura socialista, sobrevive a mesma realidade dos interesses da grande família socialista no controlo do Estado, impedindo mesmo muitos socialistas com mais qualidades profissionais e políticas, além de mais sérios, que também existem, possam chegar ao poder. Este é o quadro partidário português e não apenas no PS.

Neste quadro existe uma forte probabilidade de em março, resultar das próximas eleições uma situação de empate entre o PS e o PSD, em que cada lado só chegará ao poder com o apoio do Chega de um lado, ou do PCP e do Bloco de Esquerda do outro. Ou seja, só os extremos terão a chave da solução e ambos venderão caro o seu apoio. A outra alternativa é o bloco central, o que com estadistas poderia ser a solução para a realização das grandes transformações de que o futuro de Portugal precisa. Infelizmente, com os actuais protagonistas duvido.

Pessoalmente continuarei, por mais algum pouco tempo, à espera da democracia por que sonhei ao longo de toda a minha vida.

Este espaço existe há anos a ser usado por um conjunto de cidadãos para defender a democracia e denunciar o modelo de centralismo democrático existente entre nós, que permite que os eleitos, nomeadamente os deputados, sejam escolhidos pelos directórios partidários em vez de pelos cidadãos eleitores. Ao longo dos anos este espaço tem servido para documentar as muitas iniciativas realizadas e destinadas a denunciar os partidos políticos que beneficiam dessa relevante entorse democrática, bem como a propor, com muitos milhares de assinaturas, que a Assembleia da República realize a necessária alteração das leis eleitorais, sem que o poder político e os partidos cedam no seu monopólio sobre o sistema eleitoral, com o resultado de cada vez mais portugueses deixarem de participar na vida política do país e do regime político ser cada vez menos democrático e mais autoritário. Agora, nem os símbolos da bandeira são respeitados.

Vamos em breve ter eleições e os grandes partidos recusam-se a colocar nos seus programas a democratização do regime, a fim de no curto prazo ser possível votar na Assembleia da República a reforma das leis eleitorais, no sentido da sua democratização. O Partido Socialista, como o partido que tem dominado durante mais tempo o poder político em Portugal, tem sido o que mais activamente utiliza o seu poder sobre a Assembleia da República para tornar o poder do seu directório partidário mais dominante e autoritário. Presentemente, de entre os três candidatos a secretário-geral, apenas Daniel Adrião tem no seu programa essa reforma, que aliás já defende há muito.

Nesta batalha há que fazer a devida homenagem aos cidadãos José Ribeiro e Castro e Fernando Mendes, que, em conjunto com muitos outros, têm devotado o melhor do seu tempo e da sua inteligência a manter bem viva na agenda política esta simples reivindicação que, estou certo, é uma reivindicação de milhões de portugueses. Não por acaso, a resistência dos partidos à mudança, resulta das atuais leis permitirem um forte controlo do sistema eleitoral que favorece os grandes partidos, o que conduz á realidade do partido no poder controlar sem limitações democráticas as leis e as grandes decisões políticas. Com o resultado da continuada decadência da qualidade dos políticos no poder, favorecidos pela ausência de concorrência e cada vez mais distantes das normais regras morais e éticas que deveriam guiar a actividade política. A corrupção crescente e os mais recentes casos e casinhos são disso a evidente demonstração.

Há anos, António Costa, com o objetivo de chegar ao poder, traiu o então secretário-geral António José Seguro e utilizou o método das primárias que lhe permitiu a vitória, método que agora voltou a não ser usado a favor da fórmula caseira de eleições internas. Trata-se do mesmo método usado pelo partido na gestão do país, a utilização de diferentes meios para, caso a caso, escolher as soluções que melhor possam servir os interesses da família socialista no poder.

Ao demitir-se de primeiro-ministro, António Costa tenta agora manter o controlo do partido através do candidato José Luís Carneiro e com o apoio dos socialistas mais fiéis, ou mais interessados em manter as mordomias do poder, com o objectivo de poder ser o candidato do PS à Presidência da República, com o apoio do partido. Por sua vez, Pedro Nuno Santos apoia publicamente António Costa e as suas políticas como o melhor político português, mas combate-o em privado, sendo que no caso de chegar a secretário-geral a forte probabilidade é de ressuscitar a geringonça e continuar as políticas que nos trouxeram até aqui. Entretanto, por entre as muitas ambições em luta nesta conjuntura socialista, sobrevive a mesma realidade dos interesses da grande família socialista no controlo do Estado, impedindo mesmo muitos socialistas com mais qualidades profissionais e políticas, além de mais sérios, que também existem, possam chegar ao poder. Este é o quadro partidário português e não apenas no PS.

Neste quadro existe uma forte probabilidade de em março, resultar das próximas eleições uma situação de empate entre o PS e o PSD, em que cada lado só chegará ao poder com o apoio do Chega de um lado, ou do PCP e do Bloco de Esquerda do outro. Ou seja, só os extremos terão a chave da solução e ambos venderão caro o seu apoio. A outra alternativa é o bloco central, o que com estadistas poderia ser a solução para a realização das grandes transformações de que o futuro de Portugal precisa. Infelizmente, com os actuais protagonistas duvido.

Pessoalmente continuarei, por mais algum pouco tempo, à espera da democracia por que sonhei ao longo de toda a minha vida.

Acidente. Quatro feridos em capotamento e despiste na A3

Trânsito está condicionado.

Perfect days

Era precisamente a rotina pobre, mas rigorosamente cumprida, que permitia a Hirayama maravilhar-se - sem sobressaltos

por uma democracia de qualidade

Que democracia?


Pessoalmente continuarei, por mais algum pouco tempo, à espera da democracia por que sonhei ao longo de toda

Gémeas: um Caso não Caso?

Enquanto o caso das gémeas se esgota, a luta política esquerda/direita instala-se. É tempo de uma clarificação que im

Uma universidade como deve ser

A expectativa relativa ao relatório da Comissão Independente de Avaliação do Regime Jurídico das Instituições do Ensi

Conta Corrente

O desafio inteiro da nova liderança do PS

Não havendo dúvida da capacidade de ganhar no partido, ganhar no país é diferente e tem demasiadas variantes que não

UEFA. Sorteio feliz para as equipas portuguesas

FC Porto defronta o Arsenal na Liga dos Campeões. Benfica joga com o Toulouse, o Sporting encontra o Young Boys e o B

Sínodo. A caminho da revolução ou do regresso ao passado?

Padres casados, mulheres diaconisas, poligamia, influencers e comunidade LGBT+ fazem parte dos temas que estão em dis

EDITORIAL

O PS laico acredita no messias

Pedro Nuno é um bulldozer que limpou o terreno e leva tudo à frente. Sabemos para que servem estas máquinas - e certa

1

‘Há um Grande Irmão que nos vigia e uma polícia do pensamento pronta a atuar’

2

Clubes portugueses já conhecem adversários na Liga dos Campeões e Liga Europa

3

Inteligência Artificial. Uso e abuso nas mais variadas áreas

4

Carrinha de valores assaltada no CascaiShopping

5

Sínodo. A caminho da revolução ou do regresso ao passado?

6

Farfetch vai ser comprada por grupo Coupang

09:26

Acidente. Quatro feridos em capotamento e despiste na A3

08:57

Perfect days

08:51

Que democracia?

08:49

Gémeas: um Caso não Caso?

08:42

Uma universidade como deve ser

08:35

O desafio inteiro da nova liderança do PS

QOSHE - Que democracia? - Henrique Neto
menu_open
Columnists Actual . Favourites . Archive
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close
Aa Aa Aa
- A +

Que democracia?

13 1
19.12.2023

Que democracia?


Pessoalmente continuarei, por mais algum pouco tempo, à espera da democracia por que sonhei ao longo de toda a minha vida.

Este espaço existe há anos a ser usado por um conjunto de cidadãos para defender a democracia e denunciar o modelo de centralismo democrático existente entre nós, que permite que os eleitos, nomeadamente os deputados, sejam escolhidos pelos directórios partidários em vez de pelos cidadãos eleitores. Ao longo dos anos este espaço tem servido para documentar as muitas iniciativas realizadas e destinadas a denunciar os partidos políticos que beneficiam dessa relevante entorse democrática, bem como a propor, com muitos milhares de assinaturas, que a Assembleia da República realize a necessária alteração das leis eleitorais, sem que o poder político e os partidos cedam no seu monopólio sobre o sistema eleitoral, com o resultado de cada vez mais portugueses deixarem de participar na vida política do país e do regime político ser cada vez menos democrático e mais autoritário. Agora, nem os símbolos da bandeira são respeitados.

Vamos em breve ter eleições e os grandes partidos recusam-se a colocar nos seus programas a democratização do regime, a fim de no curto prazo ser possível votar na Assembleia da República a reforma das leis eleitorais, no sentido da sua democratização. O Partido Socialista, como o partido que tem dominado durante mais tempo o poder político em Portugal, tem sido o que mais activamente utiliza o seu poder sobre a Assembleia da República para tornar o poder do seu directório partidário mais dominante e autoritário. Presentemente, de entre os três candidatos a secretário-geral, apenas Daniel Adrião tem no seu programa essa reforma, que aliás já defende há muito.

Nesta batalha há que fazer a devida homenagem aos cidadãos José Ribeiro e Castro e Fernando Mendes, que, em conjunto com muitos outros, têm devotado o melhor do seu tempo e da sua inteligência a manter bem viva na agenda política esta simples reivindicação que, estou certo, é uma reivindicação de milhões de portugueses. Não por acaso, a resistência dos partidos à mudança, resulta das atuais leis permitirem um forte controlo do sistema eleitoral que favorece os grandes partidos, o que conduz á realidade do partido no poder controlar sem limitações democráticas as leis e as grandes decisões políticas. Com o resultado da continuada decadência da qualidade dos políticos no poder, favorecidos pela ausência de concorrência e cada vez mais distantes das normais regras morais e éticas que deveriam guiar a actividade política. A corrupção crescente e os mais recentes casos e casinhos são disso a evidente demonstração.

Há anos, António Costa, com o objetivo de chegar ao poder, traiu o então secretário-geral António José Seguro e utilizou o método das primárias que lhe permitiu a vitória, método que agora voltou a não ser usado a favor da fórmula caseira de eleições internas. Trata-se do mesmo método usado pelo partido na gestão do país, a utilização de diferentes meios........

© Jornal i


Get it on Google Play