Alunos que fumam e jogam na sala de aula

Continuar a permitir telemóveis nas salas de aula é sabotar a missão do professor e promover uma espécie de salve-se quem puder nas escolas.

Nunca o presenciei, mas recordo-me de amigos da minha geração me contarem que havia nas suas faculdades professores que permitiam que se fumasse nas aulas – e, num caso especial, que se bebesse cerveja –, talvez para dar aos alunos um sentimento de já serem crescidos ou para cultivar uma certa atmosfera de liberdade à maneira do Clube dos Poetas Mortos.

Mas isso era na universidade. Na escolaridade básica o caso muda de figura, porque estamos a falar obviamente de outras idades e de outro nível de maturidade.

Mais uma vez, não o presenciei em primeira mão, mas os relatos que me chegam do que se passa hoje nalgumas salas de aula do ensino público é simplesmente aterrador.

Parece impossível, bem sei, mas no meio da rebaldaria generalizada há quem fume às escondidas (ou às claras, nem sei bem), com recurso a umas maquinetas que dão pelo nome de ‘vaping’. Os professores ou não veem ou sentem-se tão desprotegidos e desautorizados que fingem não ver, quem sabe para não arranjarem mais chatices.

Outro flagelo, evidentemente, são os telemóveis.

Há muito que se devia ter percebido a ameaça que estes aparelhos representam para o ensino, mas como achamos que devemos estar na linha de frente, o uso da tecnologia até é encorajado. Ora, como é evidente um professor não consegue competir pela atenção dos alunos contra um ecrã luminoso que oferece todo o tipo de jogos e distrações. Quantas vezes, em casa, não tive de me zangar com algum dos meus filhos porque ele supostamente tinha um trabalho para fazer no computador mas, em vez disso, estava a jogar online?

Da mesma forma que seria impensável encorajar as crianças a fumar, também devemos equacionar se faz sentido continuar a fomentar o uso destas tecnologias nas escolas – até porque elas também criam dependência e trazem problemas de saúde que são sobejamente conhecidos. E não pensem que estou a exagerar:_vários especialistas compararam os efeitos dos ecrãs no cérebro aos provocados por drogas como a heroína ou a cocaína.

Continuar a permitir telemóveis nas salas de aula é sabotar a missão do professor e promover uma espécie de salve-se quem puder nas escolas. Aquela cena macabra da aluna a dizer à professora ‘Dá-me o telemóvel já!’ foi em 2008. Como é possível que nestes 16 anos não se tenha aprendido nada?

Nunca o presenciei, mas recordo-me de amigos da minha geração me contarem que havia nas suas faculdades professores que permitiam que se fumasse nas aulas – e, num caso especial, que se bebesse cerveja –, talvez para dar aos alunos um sentimento de já serem crescidos ou para cultivar uma certa atmosfera de liberdade à maneira do Clube dos Poetas Mortos.

Mas isso era na universidade. Na escolaridade básica o caso muda de figura, porque estamos a falar obviamente de outras idades e de outro nível de maturidade.

Mais uma vez, não o presenciei em primeira mão, mas os relatos que me chegam do que se passa hoje nalgumas salas de aula do ensino público é simplesmente aterrador.

Parece impossível, bem sei, mas no meio da rebaldaria generalizada há quem fume às escondidas (ou às claras, nem sei bem), com recurso a umas maquinetas que dão pelo nome de ‘vaping’. Os professores ou não veem ou sentem-se tão desprotegidos e desautorizados que fingem não ver, quem sabe para não arranjarem mais chatices.

Outro flagelo, evidentemente, são os telemóveis.

Há muito que se devia ter percebido a ameaça que estes aparelhos representam para o ensino, mas como achamos que devemos estar na linha de frente, o uso da tecnologia até é encorajado. Ora, como é evidente um professor não consegue competir pela atenção dos alunos contra um ecrã luminoso que oferece todo o tipo de jogos e distrações. Quantas vezes, em casa, não tive de me zangar com algum dos meus filhos porque ele supostamente tinha um trabalho para fazer no computador mas, em vez disso, estava a jogar online?

Da mesma forma que seria impensável encorajar as crianças a fumar, também devemos equacionar se faz sentido continuar a fomentar o uso destas tecnologias nas escolas – até porque elas também criam dependência e trazem problemas de saúde que são sobejamente conhecidos. E não pensem que estou a exagerar:_vários especialistas compararam os efeitos dos ecrãs no cérebro aos provocados por drogas como a heroína ou a cocaína.

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Alunos que fumam e jogam na sala de aula

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23.01.2024

Alunos que fumam e jogam na sala de aula

Continuar a permitir telemóveis nas salas de aula é sabotar a missão do professor e promover uma espécie de salve-se quem puder nas escolas.

Nunca o presenciei, mas recordo-me de amigos da minha geração me contarem que havia nas suas faculdades professores que permitiam que se fumasse nas aulas – e, num caso especial, que se bebesse cerveja –, talvez para dar aos alunos um sentimento de já serem crescidos ou para cultivar uma certa atmosfera de liberdade à maneira do Clube dos Poetas Mortos.

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Parece impossível, bem sei, mas no meio da rebaldaria generalizada há quem fume às escondidas (ou às claras, nem sei bem), com recurso a umas maquinetas que dão pelo nome de ‘vaping’. Os professores ou não veem ou sentem-se tão desprotegidos e desautorizados que fingem não ver, quem sabe para não arranjarem mais chatices.

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Há muito que se devia ter percebido a ameaça que estes aparelhos representam para o ensino, mas como achamos que devemos estar na linha de frente, o uso da tecnologia até é encorajado. Ora, como é evidente um professor não consegue competir pela atenção dos alunos contra um ecrã luminoso que oferece todo o tipo de jogos e distrações. Quantas vezes, em casa, não tive de me zangar com algum dos meus filhos porque ele supostamente tinha um trabalho para fazer no computador mas, em vez disso, estava a jogar online?

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