2024 – Um ano de eleições

2024 – Um ano de eleições

Sónia Leal Martins 29/12/2023 13:31

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A abstenção, o desinteresse pela política, o afastamento da vida pública não resulta apenas do aumento da corrupção ou da falta de transparência, antes destes fatores, há uma questão de base – somos um país com pouca cultura política.

Portugal vai a eleições em 2024, um ano que se perspetivava marcado pelas eleições europeias e pela importância que estas representam no atual contexto europeu, mas que ficará certamente marcado pelas eleições legislativas de 10 de março.

Nas últimas eleições legislativas a percentagem da abstenção diminuiu, mas ainda assim, de acordo com os dados da Secretaria Geral do Ministério da Administração Interna a percentagem foi de 48,6% - o número de eleitores que não votam é um desafio para a democracia mas a verdade é que só ouvimos os partidos políticos preocupados com a abstenção nos dias que antecedem os atos eleitorais e nos dias seguintes, depois disso deixa de ser assunto e nada se faz para que os cidadãos se sintam mais envolvidos com a vida política e compreendam a importância de participar nos atos eleitorais.

Se a abstenção é elevada nas eleições legislativas, nas europeias é elevadíssima, o desinteresse dos portugueses nas eleições para a europa merecia uma reflexão profunda por parte dos diferentes partidos. Algo que nunca foi feito e que duvido que se faça. Em 2019, nas últimas eleições para o Parlamento Europeu a abstenção em Portugal, de acordo com a Portadata, foi de 69,5% - o que, em números redondos, significa que só 30% dos eleitores foram votar.

Recentemente foi dado a conhecer um Eurobarómetro que apontava que mais de 47% dos inquiridos não tinha qualquer interesse nas eleições europeias. Num momento em que se colocam à europa desafios determinantes para o seu sucesso coletivo, como a questão da migração, do impacto das ações climáticas e da guerra na Ucrânia, seria determinante que todos compreendêssemos a importância da nossa representatividade no Parlamento Europeu.

A abstenção, o desinteresse pela política, o afastamento da vida pública não resulta apenas do aumento da corrupção ou da falta de transparência, antes destes fatores, há uma questão de base – somos um país com pouca cultura política.

O ensino obrigatório em Portugal é de 12 anos, e nestes anos, genericamente, não há uma referência àquilo que é a necessidade de cada um de nós ser um cidadão ativo e participativo, a maioria dos jovens não sabem o que é o sistema eleitoral, como funciona, como se elegem os seus representantes na Assembleia da República, não conhecem a Constituição da República Portuguesa – não se incute desde cedo que a participação na vida pública não é uma opção, é um dever, porque todos nós contamos para aquela que foi uma das nossas maiores conquistas – a conquista da liberdade.

A este propósito seria benéfico para o país que todos os alunos tivessem formação obrigatória nos seus currículos que lhes permita, o exercício da cidadania e o alargamento dos conhecimentos. Estudar ciência política permite que nos familiarizemos com os problemas políticos, económicos e sociais e que se adquira uma visão que nos permita aferir diferentes interesses e adquirir autonomia para se refletir sobre eles. Estudar ciência política envolve os jovens nas questões da cidadania e demonstra que é possível tornar a política mais fascinante.

Já dizia Aristóteles, que “o homem é por natureza um animal político” e por isso importa formá-lo em ciência política, como se faz com a matemática ou o português, porque não basta ser um aluno exemplar, precisamos de cidadãos exemplares, a bem da nossa democracia.

Portugal vai a eleições em 2024, um ano que se perspetivava marcado pelas eleições europeias e pela importância que estas representam no atual contexto europeu, mas que ficará certamente marcado pelas eleições legislativas de 10 de março.

Nas últimas eleições legislativas a percentagem da abstenção diminuiu, mas ainda assim, de acordo com os dados da Secretaria Geral do Ministério da Administração Interna a percentagem foi de 48,6% - o número de eleitores que não votam é um desafio para a democracia mas a verdade é que só ouvimos os partidos políticos preocupados com a abstenção nos dias que antecedem os atos eleitorais e nos dias seguintes, depois disso deixa de ser assunto e nada se faz para que os cidadãos se sintam mais envolvidos com a vida política e compreendam a importância de participar nos atos eleitorais.

Se a abstenção é elevada nas eleições legislativas, nas europeias é elevadíssima, o desinteresse dos portugueses nas eleições para a europa merecia uma reflexão profunda por parte dos diferentes partidos. Algo que nunca foi feito e que duvido que se faça. Em 2019, nas últimas eleições para o Parlamento Europeu a abstenção em Portugal, de acordo com a Portadata, foi de 69,5% - o que, em números redondos, significa que só 30% dos eleitores foram votar.

Recentemente foi dado a conhecer um Eurobarómetro que apontava que mais de 47% dos inquiridos não tinha qualquer interesse nas eleições europeias. Num momento em que se colocam à europa desafios determinantes para o seu sucesso coletivo, como a questão da migração, do impacto das ações climáticas e da guerra na Ucrânia, seria determinante que todos compreendêssemos a importância da nossa representatividade no Parlamento Europeu.

A abstenção, o desinteresse pela política, o afastamento da vida pública não resulta apenas do aumento da corrupção ou da falta de transparência, antes destes fatores, há uma questão de base – somos um país com pouca cultura política.

O ensino obrigatório em Portugal é de 12 anos, e nestes anos, genericamente, não há uma referência àquilo que é a necessidade de cada um de nós ser um cidadão ativo e participativo, a maioria dos jovens não sabem o que é o sistema eleitoral, como funciona, como se elegem os seus representantes na Assembleia da República, não conhecem a Constituição da República Portuguesa – não se incute desde cedo que a participação na vida pública não é uma opção, é um dever, porque todos nós contamos para aquela que foi uma das nossas maiores conquistas – a conquista da liberdade.

A este propósito seria benéfico para o país que todos os alunos tivessem formação obrigatória nos seus currículos que lhes permita, o exercício da cidadania e o alargamento dos conhecimentos. Estudar ciência política permite que nos familiarizemos com os problemas políticos, económicos e sociais e que se adquira uma visão que nos permita aferir diferentes interesses e adquirir autonomia para se refletir sobre eles. Estudar ciência política envolve os jovens nas questões da cidadania e demonstra que é possível tornar a política mais fascinante.

Já dizia Aristóteles, que “o homem é por natureza um animal político” e por isso importa formá-lo em ciência política, como se faz com a matemática ou o português, porque não basta ser um aluno exemplar, precisamos de cidadãos exemplares, a bem da nossa democracia.

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Sónia Leal Martins 29/12/2023 13:31

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A abstenção, o desinteresse pela política, o afastamento da vida pública não resulta apenas do aumento da corrupção ou da falta de transparência, antes destes fatores, há uma questão de base – somos um país com pouca cultura política.

Portugal vai a eleições em 2024, um ano que se perspetivava marcado pelas eleições europeias e pela importância que estas representam no atual contexto europeu, mas que ficará certamente marcado pelas eleições legislativas de 10 de março.

Nas últimas eleições legislativas a percentagem da abstenção diminuiu, mas ainda assim, de acordo com os dados da Secretaria Geral do Ministério da Administração Interna a percentagem foi de 48,6% - o número de eleitores que não votam é um desafio para a democracia mas a verdade é que só ouvimos os partidos políticos preocupados com a abstenção nos dias que antecedem os atos eleitorais e nos dias seguintes, depois disso deixa de ser assunto e nada se faz para que os cidadãos se sintam mais envolvidos com a vida política e compreendam a importância de participar nos atos eleitorais.

Se a abstenção é elevada nas eleições legislativas, nas europeias é elevadíssima, o desinteresse dos portugueses nas eleições para a europa merecia uma reflexão profunda por parte dos diferentes partidos. Algo que nunca foi feito e que duvido que se faça. Em 2019, nas últimas eleições para o Parlamento Europeu a abstenção em Portugal, de acordo com a Portadata, foi de 69,5% - o que, em números redondos, significa que só 30% dos eleitores foram votar.

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