Recuar no tempo para decidir o futuro

Recuar no tempo para decidir o futuro

Sónia Leal Martins 17/12/2023 10:44

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Pedro Nuno Santos ou de José Luís Carneiro – as diferenças entre ambos são poucas sendo que têm em comum o facto de terem compactuado e contribuído para as decisões que levaram o País a estar hoje na cauda da Europa.

Em 2015, nas eleições legislativas de 4 de outubro, a coligação Portugal à Frente (PSD-CDS) venceu as eleições com 36,9% dos votos, o que corresponde a 102 mandatos, a que se somaram 1,5% dos votos do PSD nas ilhas da Madeira e dos Açores a que correspondem 5 mandatos, no total conquistaram-se 107 mandatos. O PS obteve 32,3% dos votos, uma percentagem relativamente curta em relação à coligação, no entanto, a diferença aumenta se analisarmos o número de mandatos, uma vez que o PS obteve 86 mandatos.

Perante os resultados a coligação Portugal à Frente (PSD-CDS) teria toda a legitimidade para governar o País. Mas a verdade, é que do outro lado estava António Costa, um político capaz de qualquer habilidade e que queria chegar ao poder a todo o custo, mesmo sem ter sido a escolha dos portugueses.

O PS considerou que tinha legitimidade para governar e fez uma coligação de incidência parlamentar com os partidos de extrema-esquerda. António Costa considerou este momento como algo que ficará para a História de Portugal – ele era o autor do derrube do muro que impedia entendimentos com o Partido Comunista e com o Bloco de Esquerda.

Devemos recordar que até então o Partido Socialista tinha declinado diversas vezes os reptos dos comunistas para aquilo que Álvaro Cunhal proclamava de convergência entre comunistas, socialistas e outros democratas sem partido. Mário Soares nunca permitiu que tal acontecesse.

Mas António Costa não teve qualquer pudor em quebrar aquilo que o Fundador do PS nunca permitiu que acontecesse e aliou-se à primeira oportunidade aos seus “inimigos íntimos”.

Na minha opinião há dois motivos claros que levaram António Costa a fazê-lo. O primeiro tem a ver com a própria personalidade de António Costa, há muitos anos já tinha ensaiado uma destas tentativas quando ganhou as eleições para a Associação Académica da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa onde se aliou à extrema-esquerda. O segundo tem a ver com o facto de António Costa ter apostado tudo no seu futuro político.

Recuando à época, é bom relembrar que António Costa tinha saído há bem pouco tempo da Presidência da Câmara Municipal de Lisboa para se candidatar à liderança do PS. Apontava na altura que o atual líder, António José Seguro, não se tinha conseguido afirmar junto do eleitorado. As sondagens eram desfavoráveis aos socialistas e estes acreditavam que com António Costa na liderança, venceriam as eleições, o que não se verificou.

A verdade é que os portugueses perceberam que a coligação Portugal à Frente tinha sido determinante para ultrapassarmos este momento difícil da nossa vida coletiva e dá-lhe a vitória sem maioria, nas legislativas de 2015.

Em 2011, José Sócrates e o PS deixaram o País numa situação particularmente difícil, enfrentando quatro anos de troika, um período marcado por duas recessões e por um período intermédio de retoma financeira.

O objetivo do programa de ajustamento consista na redução do desequilíbrio das contas públicas, algo que foi possível devido ao esforço dos portugueses e da atuação do governo liderado por Pedro Passos Coelho. Foi o sucesso deste governo do PSD/CDS que permitiu que em 2019 o país alcançasse o primeiro excedente orçamental da sua história democrática.

Importa relembrar os mais distraídos que Portugal teve este programa de ajustamento, imposto pela troika, na sequência dos 6 anos de governação danosa de José Sócrates.

Se António Costa tivesse mantido aquela que era a tradição do seu partido e não tivesse composto a chamada geringonça estava a comprometer o seu percurso político e isso nunca foi uma hipótese para Costa. Até porque como nos lembramos, no debate interno, afirmou várias vezes que ganharia à direta com larga vantagem. Isso não aconteceu e o que importava era governar o país a todo o custo.

As consequências desta coligação de esquerda e da última maioria absoluta do PS já sabemos quais são, os portugueses estão cada vez mais pobres e sem acesso a serviços básicos que garantem a integridade de qualquer pessoa – habitação, saúde e educação.

Cabe aos portugueses refletirem se querem continuar na rota do empobrecimento, com a liderança de Pedro Nuno Santos ou de José Luís Carneiro – as diferenças entre ambos são poucas sendo que têm em comum o facto de terem compactuado e contribuído para as decisões que levaram o País a estar hoje na cauda da Europa.

Em 2015, nas eleições legislativas de 4 de outubro, a coligação Portugal à Frente (PSD-CDS) venceu as eleições com 36,9% dos votos, o que corresponde a 102 mandatos, a que se somaram 1,5% dos votos do PSD nas ilhas da Madeira e dos Açores a que correspondem 5 mandatos, no total conquistaram-se 107 mandatos. O PS obteve 32,3% dos votos, uma percentagem relativamente curta em relação à coligação, no entanto, a diferença aumenta se analisarmos o número de mandatos, uma vez que o PS obteve 86 mandatos.

Perante os resultados a coligação Portugal à Frente (PSD-CDS) teria toda a legitimidade para governar o País. Mas a verdade, é que do outro lado estava António Costa, um político capaz de qualquer habilidade e que queria chegar ao poder a todo o custo, mesmo sem ter sido a escolha dos portugueses.

O PS considerou que tinha legitimidade para governar e fez uma coligação de incidência parlamentar com os partidos de extrema-esquerda. António Costa considerou este momento como algo que ficará para a História de Portugal – ele era o autor do derrube do muro que impedia entendimentos com o Partido Comunista e com o Bloco de Esquerda.

Devemos recordar que até então o Partido Socialista tinha declinado diversas vezes os reptos dos comunistas para aquilo que Álvaro Cunhal proclamava de convergência entre comunistas, socialistas e outros democratas sem partido. Mário Soares nunca permitiu que tal acontecesse.

Mas António Costa não teve qualquer pudor em quebrar aquilo que o Fundador do PS nunca permitiu que acontecesse e aliou-se à primeira oportunidade aos seus “inimigos íntimos”.

Na minha opinião há dois motivos claros que levaram António Costa a fazê-lo. O primeiro tem a ver com a própria personalidade de António Costa, há muitos anos já tinha ensaiado uma destas tentativas quando ganhou as eleições para a Associação Académica da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa onde se aliou à extrema-esquerda. O segundo tem a ver com o facto de António Costa ter apostado tudo no seu futuro político.

Recuando à época, é bom relembrar que António Costa tinha saído há bem pouco tempo da Presidência da Câmara Municipal de Lisboa para se candidatar à liderança do PS. Apontava na altura que o atual líder, António José Seguro, não se tinha conseguido afirmar junto do eleitorado. As sondagens eram desfavoráveis aos socialistas e estes acreditavam que com António Costa na liderança, venceriam as eleições, o que não se verificou.

A verdade é que os portugueses perceberam que a coligação Portugal à Frente tinha sido determinante para ultrapassarmos este momento difícil da nossa vida coletiva e dá-lhe a vitória sem maioria, nas legislativas de 2015.

Em 2011, José Sócrates e o PS deixaram o País numa situação particularmente difícil, enfrentando quatro anos de troika, um período marcado por duas recessões e por um período intermédio de retoma financeira.

O objetivo do programa de ajustamento consista na redução do desequilíbrio das contas públicas, algo que foi possível devido ao esforço dos portugueses e da atuação do governo liderado por Pedro Passos Coelho. Foi o sucesso deste governo do PSD/CDS que permitiu que em 2019 o país alcançasse o primeiro excedente orçamental da sua história democrática.

Importa relembrar os mais distraídos que Portugal teve este programa de ajustamento, imposto pela troika, na sequência dos 6 anos de governação danosa de José Sócrates.

Se António Costa tivesse mantido aquela que era a tradição do seu partido e não tivesse composto a chamada geringonça estava a comprometer o seu percurso político e isso nunca foi uma hipótese para Costa. Até porque como nos lembramos, no debate interno, afirmou várias vezes que ganharia à direta com larga vantagem. Isso não aconteceu e o que importava era governar o país a todo o custo.

As consequências desta coligação de esquerda e da última maioria absoluta do PS já sabemos quais são, os portugueses estão cada vez mais pobres e sem acesso a serviços básicos que garantem a integridade de qualquer pessoa – habitação, saúde e educação.

Cabe aos portugueses refletirem se querem continuar na rota do empobrecimento, com a liderança de Pedro Nuno Santos ou de José Luís Carneiro – as diferenças entre ambos são poucas sendo que têm em comum o facto de terem compactuado e contribuído para as decisões que levaram o País a estar hoje na cauda da Europa.

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Sónia Leal Martins 17/12/2023 10:44

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Pedro Nuno Santos ou de José Luís Carneiro – as diferenças entre ambos são poucas sendo que têm em comum o facto de terem compactuado e contribuído para as decisões que levaram o País a estar hoje na cauda da Europa.

Em 2015, nas eleições legislativas de 4 de outubro, a coligação Portugal à Frente (PSD-CDS) venceu as eleições com 36,9% dos votos, o que corresponde a 102 mandatos, a que se somaram 1,5% dos votos do PSD nas ilhas da Madeira e dos Açores a que correspondem 5 mandatos, no total conquistaram-se 107 mandatos. O PS obteve 32,3% dos votos, uma percentagem relativamente curta em relação à coligação, no entanto, a diferença aumenta se analisarmos o número de mandatos, uma vez que o PS obteve 86 mandatos.

Perante os resultados a coligação Portugal à Frente (PSD-CDS) teria toda a legitimidade para governar o País. Mas a verdade, é que do outro lado estava António Costa, um político capaz de qualquer habilidade e que queria chegar ao poder a todo o custo, mesmo sem ter sido a escolha dos portugueses.

O PS considerou que tinha legitimidade para governar e fez uma coligação de incidência parlamentar com os partidos de extrema-esquerda. António Costa considerou este momento como algo que ficará para a História de Portugal – ele era o autor do derrube do muro que impedia entendimentos com o Partido Comunista e com o Bloco de Esquerda.

Devemos recordar que até então o Partido Socialista tinha declinado diversas vezes os reptos dos comunistas para aquilo que Álvaro Cunhal proclamava de convergência entre comunistas, socialistas e outros democratas sem partido. Mário Soares nunca permitiu que tal acontecesse.

Mas António Costa não teve qualquer pudor em quebrar aquilo que o Fundador do PS nunca permitiu que acontecesse e aliou-se à primeira oportunidade aos seus “inimigos íntimos”.

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