Chega conquista mais de um milhão de votos à conta do PS, PCP e abstenção

O mais curioso é que os membros do PCP continuam a ver a realidade por uns óculos estranhos, pois apesar do desastre, referiram que «o povo português vai precisar de uma CDU forte para enfrentar a direita».

A noite foi longa e não me recordo de à uma da manhã ainda não se saber o resultado final das eleições legislativas, no que ao território nacional diz respeito. No século passado, isso era normal, mas na época das novas tecnologias não deixa de ser estranho que os últimos sete mandatos levassem tanto tempo a serem conhecidos, menos para os partidos. Se assim não fosse, seguramente que Pedro Nuno Santos não teria reconhecido a derrota, mesmo antes da divulgação dos tais sete mandatos finais, da região de Lisboa – faltando ainda os quatro mandatos da Europa e do Resto do Mundo. Sendo assim, a Aliança Democrática venceu as eleições, mas por poucachinho. É certo que poderia ter tido mais um e meio por cento, se, supostamente, os mais idosos não tivessem trocado a sigla da ADN com a Aliança Democrática. Afinal, a ADN passou de 10 mil para 100 mil votos de uma eleição para a outra – nem todos os votos foram por engano, mas não tenho dúvidas que muitos o foram. Indiscutivelmente um dos vencedores da noite. Mas, reconheçamos, o verdadeiro vencedor da noite foi o Chega que conseguiu alcançar os 18%, tendo convencido mais de um milhão de portugueses a votarem no partido de André Ventura. E aqui a grande evidência é que o Chega foi buscar os seus votos à abstenção, ao PS e ao PCP. Talvez um pequeno grande exemplo seja o de Couço, uma pequena localidade ribatejana, outrora um bastião do PCP. De 2022 para 2024, o PS passou de 567 votos para 482 e a CDU de 486 para 445, ou seja, os dois partidos perderam 126 votos. Já o Chega passou de 66 para 206, registando mais 140 votos. Se o PSD não perdeu eleitorado, o partido de Ventura conseguiu também ‘apanhar’ alguns dos novos 62 votantes.

Por falar em abstenção, diga-se que Braga foi a grande campeã da votação, tendo 71,31% dos 780.163 inscritos decidido ir às urnas. A seguir a Braga, ficou o Porto e Lisboa, mostrando como é nos grandes centros urbanos que as pessoas mais ligam à política. Em sentido inverso, há a registar o caso dos Açores que registou a maior abstenção na noite eleitoral: 53,81% dos eleitores optou por outras atividades que não votar. Refira-se que em 2022, aquando da maioria absoluta do PS, votaram no território nacional 5.389.705, enquanto ontem a Comissão Nacional de Eleições registou 6.140.289 votantes. Um recorde absoluto, talvez só comparável às eleições dos anos 70/80.

O que se irá passar é tão imprevisível como foi o resultado de ontem, e basta ver o que disse Carlos Guimarães Pinto, da IL, depois de ter sido reeleito pelo Porto: «Parece que fui reeleito. Obrigado a todos os eleitores do Porto. Espero que daqui a 6 meses repitam o voto». Se o aliado natural da AD já assume que haverá eleições daqui a seis meses, calculo que depois do chumbo do futuro Orçamento, quem sou eu para duvidar…

Se Luís Montenegro já assumiu que não vai desiludir os cerca de um milhão e oitocentos mil eleitores que votaram na sua aliança, recusando qualquer acordo com o Chega, resta saber como conseguirá convencer o PS a abster-se, em novembro, na votação do Orçamento do Estado. Já passa da 1h30 e só agora fecharam as contas do território nacional: A AD tem 79 deputados eleitos, através dos 1.810.871 votantes, enquanto o PS conseguiu 76 deputados, com os seus 1.759.937 votos. Faltam agora só os quatro mandatos da Europa e do Resto do Mundo.

Voltando ao Chega, tendo conseguido eleger 48 deputados, correspondendo aos 1.108.764 votos, os rapazes de Ventura podem fazer as comissões parlamentares que entenderem sem precisarem do acordo de outros partidos. Ao jornal i, em 27 de fevereiro, o líder do partido assumia: «O Chega pode, pela primeira vez, conseguir sozinho abrir comissões de inquérito, sem precisar de mais nenhum partido. Quando nós formos investigar o BES, o financiamento das campanhas dos partidos, aí é que eles vão sentir o peso dos nossos deputados». Não sei se os outros partidos já estão a tremer das pernas, mas que se anuncia um forrobodó de comissões parlamentares, lá isso anuncia-se. Parece óbvio que o Chega foi um dos destinatários dos 486.700 votos que o PS perdeu, bem como dos 34.080 votos perdidos pelo PCP. Basta somarmos a diminuição da abstenção, para chegarmos aos 723.191 que o Chega teve a mais de uma eleição para a outra, até porque a PSD, IL, Livre, BE e PAN não perderam votos, antes pelo contrário.

O Livre foi outro dos grandes vencedores -- e a campanha limpinha e civilizada de Rui Tavares muito contribuiu para isso -- pois passou do deputado único para um grupo parlamentar de quatro, ficando apenas a 2.675 votos do PCP, que perdeu dois deputados, passando de seis para quatro. Penso que era inevitável esta descida, atendendo ao comportamento do PCP em relação à invasão bárbara da Rússia à Ucrânia. É natural que o PCP não simpatize com a Ucrânia, pois os partidos comunistas foram ilegalizados, atendendo ao horror que sofreram às mãos dos comunistas no passado. O mais curioso é que os membros do PCP continuam a ver a realidade por uns óculos estranhos, pois apesar do desastre, referiram que «o povo português vai precisar de uma CDU forte para enfrentar a direita». Infelizmente, fazem lembrar o condutor que anda em contramão na autoestrada e pensa que todos os outros é que estão em sentido contrário.

Duas notas finais. Penso que a sondagem que o Nascer do SOL publicou na sexta-feira passada foi a que se aproximou mais dos resultados finais: À AD dava 29,8% quando teve 29,49%. Ao PS dava 27% que registou 28,66%. Ao Chega a sondagem dava 18,2% e o partido de André Ventura conseguiu 18,6%. À IL atribuía 6,4% das intenções de voto, que teve 5,08%. Ao BE a sondagem apontava para 5,2% e o partido de Mariana Mortágua obteve 4,46. O Livre surgia com 4,6% que ficou pelos 3,26%. À CDU dava 2,5% que ficou nos 3,30%. Finalmente, ao PAN atribuía-se 1,2% que conseguiu 1,93%. Não sei se alguém ficou próximo da sondagem da Consulmark2 para o Nascer do SOL e Euronews, mas calculo que não…

Por fim, uma nota umbiguista. Talvez numa versão de Merlin que desconhecia em mim, a 27 de fevereiro escrevia no i que «A abstenção será a grande derrotada a 10 de março». E explicava porquê: «Os dados das sucessivas sondagens vão contribuir para que o número de votantes em território nacional se aproxime dos 65%». A votação ficou pelos 66,23%. Depois desta vou já jogar na lotaria.

A noite foi longa e não me recordo de à uma da manhã ainda não se saber o resultado final das eleições legislativas, no que ao território nacional diz respeito. No século passado, isso era normal, mas na época das novas tecnologias não deixa de ser estranho que os últimos sete mandatos levassem tanto tempo a serem conhecidos, menos para os partidos. Se assim não fosse, seguramente que Pedro Nuno Santos não teria reconhecido a derrota, mesmo antes da divulgação dos tais sete mandatos finais, da região de Lisboa – faltando ainda os quatro mandatos da Europa e do Resto do Mundo. Sendo assim, a Aliança Democrática venceu as eleições, mas por poucachinho. É certo que poderia ter tido mais um e meio por cento, se, supostamente, os mais idosos não tivessem trocado a sigla da ADN com a Aliança Democrática. Afinal, a ADN passou de 10 mil para 100 mil votos de uma eleição para a outra – nem todos os votos foram por engano, mas não tenho dúvidas que muitos o foram. Indiscutivelmente um dos vencedores da noite. Mas, reconheçamos, o verdadeiro vencedor da noite foi o Chega que conseguiu alcançar os 18%, tendo convencido mais de um milhão de portugueses a votarem no partido de André Ventura. E aqui a grande evidência é que o Chega foi buscar os seus votos à abstenção, ao PS e ao PCP. Talvez um pequeno grande exemplo seja o de Couço, uma pequena localidade ribatejana, outrora um bastião do PCP. De 2022 para 2024, o PS passou de 567 votos para 482 e a CDU de 486 para 445, ou seja, os dois partidos perderam 126 votos. Já o Chega passou de 66 para 206, registando mais 140 votos. Se o PSD não perdeu eleitorado, o partido de Ventura conseguiu também ‘apanhar’ alguns dos novos 62 votantes.

Por falar em abstenção, diga-se que Braga foi a grande campeã da votação, tendo 71,31% dos 780.163 inscritos decidido ir às urnas. A seguir a Braga, ficou o Porto e Lisboa, mostrando como é nos grandes centros urbanos que as pessoas mais ligam à política. Em sentido inverso, há a registar o caso dos Açores que registou a maior abstenção na noite eleitoral: 53,81% dos eleitores optou por outras atividades que não votar. Refira-se que em 2022, aquando da maioria absoluta do PS, votaram no território nacional 5.389.705, enquanto ontem a Comissão Nacional de Eleições registou 6.140.289 votantes. Um recorde absoluto, talvez só comparável às eleições dos anos 70/80.

O que se irá passar é tão imprevisível como foi o resultado de ontem, e basta ver o que disse Carlos Guimarães Pinto, da IL, depois de ter sido reeleito pelo Porto: «Parece que fui reeleito. Obrigado a todos os eleitores do Porto. Espero que daqui a 6 meses repitam o voto». Se o aliado natural da AD já assume que haverá eleições daqui a seis meses, calculo que depois do chumbo do futuro Orçamento, quem sou eu para duvidar…

Se Luís Montenegro já assumiu que não vai desiludir os cerca de um milhão e oitocentos mil eleitores que votaram na sua aliança, recusando qualquer acordo com o Chega, resta saber como conseguirá convencer o PS a abster-se, em novembro, na votação do Orçamento do Estado. Já passa da 1h30 e só agora fecharam as contas do território nacional: A AD tem 79 deputados eleitos, através dos 1.810.871 votantes, enquanto o PS conseguiu 76 deputados, com os seus 1.759.937 votos. Faltam agora só os quatro mandatos da Europa e do Resto do Mundo.

Voltando ao Chega, tendo conseguido eleger 48 deputados, correspondendo aos 1.108.764 votos, os rapazes de Ventura podem fazer as comissões parlamentares que entenderem sem precisarem do acordo de outros partidos. Ao jornal i, em 27 de fevereiro, o líder do partido assumia: «O Chega pode, pela primeira vez, conseguir sozinho abrir comissões de inquérito, sem precisar de mais nenhum partido. Quando nós formos investigar o BES, o financiamento das campanhas dos partidos, aí é que eles vão sentir o peso dos nossos deputados». Não sei se os outros partidos já estão a tremer das pernas, mas que se anuncia um forrobodó de comissões parlamentares, lá isso anuncia-se. Parece óbvio que o Chega foi um dos destinatários dos 486.700 votos que o PS perdeu, bem como dos 34.080 votos perdidos pelo PCP. Basta somarmos a diminuição da abstenção, para chegarmos aos 723.191 que o Chega teve a mais de uma eleição para a outra, até porque a PSD, IL, Livre, BE e PAN não perderam votos, antes pelo contrário.

O Livre foi outro dos grandes vencedores -- e a campanha limpinha e civilizada de Rui Tavares muito contribuiu para isso -- pois passou do deputado único para um grupo parlamentar de quatro, ficando apenas a 2.675 votos do PCP, que perdeu dois deputados, passando de seis para quatro. Penso que era inevitável esta descida, atendendo ao comportamento do PCP em relação à invasão bárbara da Rússia à Ucrânia. É natural que o PCP não simpatize com a Ucrânia, pois os partidos comunistas foram ilegalizados, atendendo ao horror que sofreram às mãos dos comunistas no passado. O mais curioso é que os membros do PCP continuam a ver a realidade por uns óculos estranhos, pois apesar do desastre, referiram que «o povo português vai precisar de uma CDU forte para enfrentar a direita». Infelizmente, fazem lembrar o condutor que anda em contramão na autoestrada e pensa que todos os outros é que estão em sentido contrário.

Duas notas finais. Penso que a sondagem que o Nascer do SOL publicou na sexta-feira passada foi a que se aproximou mais dos resultados finais: À AD dava 29,8% quando teve 29,49%. Ao PS dava 27% que registou 28,66%. Ao Chega a sondagem dava 18,2% e o partido de André Ventura conseguiu 18,6%. À IL atribuía 6,4% das intenções de voto, que teve 5,08%. Ao BE a sondagem apontava para 5,2% e o partido de Mariana Mortágua obteve 4,46. O Livre surgia com 4,6% que ficou pelos 3,26%. À CDU dava 2,5% que ficou nos 3,30%. Finalmente, ao PAN atribuía-se 1,2% que conseguiu 1,93%. Não sei se alguém ficou próximo da sondagem da Consulmark2 para o Nascer do SOL e Euronews, mas calculo que não…

Por fim, uma nota umbiguista. Talvez numa versão de Merlin que desconhecia em mim, a 27 de fevereiro escrevia no i que «A abstenção será a grande derrotada a 10 de março». E explicava porquê: «Os dados das sucessivas sondagens vão contribuir para que o número de votantes em território nacional se aproxime dos 65%». A votação ficou pelos 66,23%. Depois desta vou já jogar na lotaria.

Editorial

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Chega conquista mais de um milhão de votos à conta do PS, PCP e abstenção

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11.03.2024

Chega conquista mais de um milhão de votos à conta do PS, PCP e abstenção

O mais curioso é que os membros do PCP continuam a ver a realidade por uns óculos estranhos, pois apesar do desastre, referiram que «o povo português vai precisar de uma CDU forte para enfrentar a direita».

A noite foi longa e não me recordo de à uma da manhã ainda não se saber o resultado final das eleições legislativas, no que ao território nacional diz respeito. No século passado, isso era normal, mas na época das novas tecnologias não deixa de ser estranho que os últimos sete mandatos levassem tanto tempo a serem conhecidos, menos para os partidos. Se assim não fosse, seguramente que Pedro Nuno Santos não teria reconhecido a derrota, mesmo antes da divulgação dos tais sete mandatos finais, da região de Lisboa – faltando ainda os quatro mandatos da Europa e do Resto do Mundo. Sendo assim, a Aliança Democrática venceu as eleições, mas por poucachinho. É certo que poderia ter tido mais um e meio por cento, se, supostamente, os mais idosos não tivessem trocado a sigla da ADN com a Aliança Democrática. Afinal, a ADN passou de 10 mil para 100 mil votos de uma eleição para a outra – nem todos os votos foram por engano, mas não tenho dúvidas que muitos o foram. Indiscutivelmente um dos vencedores da noite. Mas, reconheçamos, o verdadeiro vencedor da noite foi o Chega que conseguiu alcançar os 18%, tendo convencido mais de um milhão de portugueses a votarem no partido de André Ventura. E aqui a grande evidência é que o Chega foi buscar os seus votos à abstenção, ao PS e ao PCP. Talvez um pequeno grande exemplo seja o de Couço, uma pequena localidade ribatejana, outrora um bastião do PCP. De 2022 para 2024, o PS passou de 567 votos para 482 e a CDU de 486 para 445, ou seja, os dois partidos perderam 126 votos. Já o Chega passou de 66 para 206, registando mais 140 votos. Se o PSD não perdeu eleitorado, o partido de Ventura conseguiu também ‘apanhar’ alguns dos novos 62 votantes.

Por falar em abstenção, diga-se que Braga foi a grande campeã da votação, tendo 71,31% dos 780.163 inscritos decidido ir às urnas. A seguir a Braga, ficou o Porto e Lisboa, mostrando como é nos grandes centros urbanos que as pessoas mais ligam à política. Em sentido inverso, há a registar o caso dos Açores que registou a maior abstenção na noite eleitoral: 53,81% dos eleitores optou por outras atividades que não votar. Refira-se que em 2022, aquando da maioria absoluta do PS, votaram no território nacional 5.389.705, enquanto ontem a Comissão Nacional de Eleições registou 6.140.289 votantes. Um recorde absoluto, talvez só comparável às eleições dos anos 70/80.

O que se irá passar é tão imprevisível como foi o resultado de ontem, e basta ver o que disse Carlos Guimarães Pinto, da IL, depois de ter sido reeleito pelo Porto: «Parece que fui reeleito. Obrigado a todos os eleitores do Porto. Espero que daqui a 6 meses repitam o voto». Se o aliado natural da AD já assume que haverá eleições daqui a seis meses, calculo que depois do chumbo do futuro Orçamento, quem sou eu para duvidar…

Se Luís Montenegro já assumiu que não vai desiludir os cerca de um milhão e oitocentos mil eleitores que votaram na sua aliança, recusando qualquer acordo com o Chega, resta saber como conseguirá convencer o PS a abster-se, em novembro, na votação do Orçamento do Estado. Já passa da 1h30 e só agora fecharam as contas do território nacional: A AD tem 79 deputados eleitos, através dos 1.810.871 votantes, enquanto o PS conseguiu 76 deputados, com os seus 1.759.937 votos. Faltam agora só os quatro mandatos da Europa e do Resto do Mundo.

Voltando ao Chega, tendo conseguido eleger 48 deputados, correspondendo aos 1.108.764 votos, os rapazes de Ventura podem fazer as comissões parlamentares que entenderem sem precisarem do acordo de outros partidos. Ao jornal i, em 27 de fevereiro, o líder do partido assumia: «O Chega pode, pela primeira vez, conseguir sozinho abrir comissões de inquérito, sem........

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