O PS tem estado em desvantagem nesta campanha e Pedro Nuno Santos não tem tido tarefa fácil. É normal quando se é candidato do partido que governava com maioria absoluta e foi forçado a demitir-se prematuramente, para além das trapalhadas protagonizadas por alguns membros do governo cessante, do qual Pedro Nuno fez parte, que estão muito presentes na memória das pessoas.

Mas os Portugueses também não esqueceram os cortes excessivos nos salários e nas pensões protagonizados pelo governo PSD/CDS que foi para além do que era preconizado pelo memorando de entendimento da Troika.

Nessa época era dirigente nacional e concelhio do CDS e sei bem o que ouvi das pessoas e a revolta interior que sentia por discordar de muitas dessas medidas. No CDS, iniciei uma luta de anos por ter posições diferentes das direções de Portas e Cristas. Essas divergências tiveram um interregno no período da direção de Francisco Rodrigues dos Santos, da qual fiz parte, que não teve tarefa fácil. Assisti ao que fizeram ao Francisco e percebi que o modus operandi dos político-dependentes que gravitam à volta dos partidos não valia a perda de tempo dos que não necessitam da política para nada e optei por me desfiliar ao fim de quase 30 anos.

Mas vamos ao tema que me levou a escrever este artigo, a AD chamou à campanha Cavaco Silva que cada vez que escreve um artigo de apelo ao voto, tem um efeito contrário por ser um 1º ministro de má memória que se fez acompanhar de gente como Duarte Lima, Oliveira e Costa ou Dias Loureiro. Chamou Passos Coelho, que considero um homem sério, mas será sempre associado aos cortes que teve de fazer e aos que não tinha necessidade de fazer. E como se não bastasse, chamou Durão Barroso que na primeira oportunidade que teve, abandonou o País e saiu para a Europa, sendo um dos grandes responsáveis por Sócrates ter chegado a 1º ministro.

No PS, Pedro Nuno Santos tentou demarcar-se de António Costa que foi líder de um governo alvo de muitas críticas dos Portugueses neste último mandato, mas no passado sábado arriscou chamá-lo à campanha e acabou por ser uma aposta ganha que pode ter alterado a sua estratégia inicial.

António Costa fez uma intervenção politicamente brilhante, mostrando que está em forma e que continua a ser um político extremamente hábil, ao contrário dos ex-líderes chamados pela AD. Fez um discurso galvanizador e que, certamente, impulsionou Pedro Nuno Santos para um resultado melhor, saiba ele aproveitar a presença de Costa nos dias que restam de campanha.

Durante a sua intervenção, trouxe-nos à memória o período da COVID e a forma como foi gerido, não permitindo que as pessoas que foram forçadas a ficar em casa ficassem sem receber e demonstrando a importância do SNS nas nossas vidas. Apresentou outros argumentos, como o aumento das pensões e o crescimento económico num período em que o mundo vive duas guerras, enfim, quase nos fez esquecer o que de mau sucedeu durante o seu governo.

Se por um lado Luís Montenegro saiu prejudicado com a presença de Cavaco Silva, Passos Coelho e Durão Barroso na campanha, a somar aos tiros nos pés dos seus parceiros de coligação, por outro lado, não restam dúvidas que António Costa é o “ponta de lança” do PS.

QOSHE - António Costa, o “ponta de lança” do PS - Fernando Camelo De Almeida
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António Costa, o “ponta de lança” do PS

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06.03.2024

O PS tem estado em desvantagem nesta campanha e Pedro Nuno Santos não tem tido tarefa fácil. É normal quando se é candidato do partido que governava com maioria absoluta e foi forçado a demitir-se prematuramente, para além das trapalhadas protagonizadas por alguns membros do governo cessante, do qual Pedro Nuno fez parte, que estão muito presentes na memória das pessoas.

Mas os Portugueses também não esqueceram os cortes excessivos nos salários e nas pensões protagonizados pelo governo PSD/CDS que foi para além do que era preconizado pelo memorando de entendimento da Troika.

Nessa época era dirigente nacional e concelhio do CDS e sei bem o que ouvi das pessoas e a revolta interior que sentia por discordar de muitas dessas medidas. No CDS, iniciei uma luta de anos por ter posições diferentes das........

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