Ao soar da meia-noite do primeiro dia do ano as televisões mostram o fogo de artifício e a festa nas capitais mais importantes. Fica por revelar o que se passa dentro de cada casa, onde as verdadeiras tradições, numa linha ténue com as superstições, são vividas. Aí há quem salte da cadeira com o pé direito, quem tenha notas na mão ou dentro do sapato ao mesmo tempo que come apressadamente as 12 passas e pede desejos ao soar de cada badalada, há quem bata panelas ou as atire pela janela, quem faça uma roda de mão dada com os familiares ou amigos.

Apesar de vivermos na era da tecnologia e da inteligência artificial, não fiando, as tradições vão sendo mantidas, dando alguma segurança, mesmo que ilusória, de que se as seguirmos à risca tudo correrá pelo melhor.

Ao mesmo tempo, o virar do ano, muito mais do que um novo dia no calendário, representa uma oportunidade de concretização de objetivos e desejos. Como se houvesse um recomeço, um renascimento, uma nova oportunidade para ser e fazer diferente. Não é só nas empresas que se fazem os balanços de contas neste dia. Além da peça de roupa azul – que representa a harmonia e tranquilidade –, a peça de roupa nova usada para estrear o ano simboliza uma tábua rasa, um ano em branco, novinho em folha, pronto para ser escrito. Este é o dia em que se faz o balanço do que se tem, do que se foi e tem sido ao longo de todos os outros anos e sobretudo do que se quer conquistar. É o dia em que se põem os pesos nos pratos da balança. Em que se fazem projetos e a motivação é maior do que nos dias normais.

É fantástico ter 12 passas cheias de desejos, de projetos, de objetivos, sobretudo se a sua concretização puder depender do esforço, empenho e dedicação de quem deseja. É ótimo acreditar que é possível, que mesmo que seja difícil se pode tentar e arriscar. Deixar a azáfama dos dias que nascem uns a seguir aos outros e parar para pensar no que se quer realmente escrever nessa tal página em branco, projetar e ter o sentimento de ser protagonista do que ali vai ser escrito. Não nos contentarmos em sermos meros leitores da nossa própria vida e deixar que o pé direito ou o dinheiro no sapato faça o resto.

O livro não é novo, pode até não ser o ideal, mas o Novo Ano traz consigo essa esperança e oportunidade de começar um novo capítulo, que pode ser diferente dos outros ou não, que pode ser uma continuação ou uma reviravolta, mas sobretudo que é fruto de algo que foi pensado e projetado, que nos faz sentir que o virar da página pode trazer a concretização de novos sonhos e objetivos. Acima de tudo, é preciso parar para pensar, estar disponível e ter a audácia de desejar e acreditar que é possível.

Um excelente Ano Novo!

QOSHE - O início de um novo capítulo - Filipa Chasqueira
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O início de um novo capítulo

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09.01.2024

Ao soar da meia-noite do primeiro dia do ano as televisões mostram o fogo de artifício e a festa nas capitais mais importantes. Fica por revelar o que se passa dentro de cada casa, onde as verdadeiras tradições, numa linha ténue com as superstições, são vividas. Aí há quem salte da cadeira com o pé direito, quem tenha notas na mão ou dentro do sapato ao mesmo tempo que come apressadamente as 12 passas e pede desejos ao soar de cada badalada, há quem bata panelas ou as atire pela janela, quem faça uma roda de mão dada com os familiares ou amigos.

Apesar de vivermos na era da tecnologia e da inteligência artificial, não fiando, as tradições vão sendo mantidas, dando........

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