Na apresentação da candidatura à liderança do PS, Pedro Nuno Santos disse que «a direita não tem credibilidade». Disse-o, esquecendo todo o ciclo deprimente do Governo de que fez parte e foi figura de destaque e de uma sucessão de 16 substituições relâmpago de ministros e secretários de Estado, incluindo o próprio, 10 delas nos primeiros 9 meses, determinadas por casos graves no plano político e por vezes judicial.

Disse-o, dias depois do primeiro-ministro se ter demitido por estar a ser investigado, o respetivo chefe de gabinete ter sido detido, vários ministros terem sido constituídos arguidos, ou serem visados em inquéritos, o conselheiro para áreas económicas, parte em diversos negócios de Estado, nomeado pelo governo para o processo de privatização da TAP e depois administrador da companhia aérea em tempos de tutela do próprio Pedro Nuno Santos, ter sido detido.

Disse-o, apesar dos molhos de notas na residência oficial do primeiro-ministro em S. Bento, alvo de buscas pela primeira vez na história da democracia.

Disse-o, quando o Presidente do Supremo Tribunal não se inibe de verbalizar que a corrupção está instalada em Portugal, com um significado particular, que não pode ser ignorado.

Disse-o, apesar do ministério do Ambiente e das Infraestruturas, que liderou, se encontrar no epicentro de todas as polémicas.

Disse-o, esquecendo o que levou à respetiva saída e as demissões dos secretários de Estado Hugo Mendes e Alexandra Reis.

Disse-o, achando que já esquecemos a novela da indemnização de 500 mil euros a Alexandra Reis, expressamente autorizada por SMS seu, e do surto amnésico que revelou o critério com que o Governo gere os recursos escassos dos contribuintes.

Disse-o, apesar do email do secretário de Estado Hugo Mendes, sob sua dependência, pedindo a alteração de um voo da TAP para acomodar uma viagem do Presidente da República, pensando na relação de Belém com S. Bento.

Disse-o, com a mesma ligeireza com que anos antes ameaçava bancos alemães e franceses de que Portugal não pagaria dívidas contraídas e colocava José Sócrates num pedestal, apesar de tudo.

Sinceramente, não havia necessidade. Num mundo provido de senso, a falta de credibilidade alheia teria de ser a última das razoes encontradas por Pedro Nuno Santos para avançar para a liderança do PS. Afinal, o jovem turco de outros tempos, hoje engalanado com vestes senatoriais, representa mais do mesmo, demonstrando para desgraça coletiva, que este PS é totalmente incapaz de aprender com os erros.

Pedro Nuno Santos, vencendo, não inova no consulado iniciado por José Sócrates sobre os escombros do pântano guterrista, que teve António Costa de permeio. Em conjunto, são responsáveis por bancarrotas, intervenções externas, recordes de dívida, défice, carga fiscal, desperdício de fundos comunitários, o colapso de serviços essenciais na Saúde, Educação e Justiça e o fracasso de políticas de Habitação e Transportes.

O tiro de Pedro Nuno Santos foi no próprio pé.

A falta de credibilidade está toda no PS e a credibilidade no centro-direita que, havendo juízo, lhe será alternativa.

Presidente do CDS/PP

QOSHE - A credibilidade, a direita e a esquerda - Nuno Melo
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A credibilidade, a direita e a esquerda

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20.11.2023

Na apresentação da candidatura à liderança do PS, Pedro Nuno Santos disse que «a direita não tem credibilidade». Disse-o, esquecendo todo o ciclo deprimente do Governo de que fez parte e foi figura de destaque e de uma sucessão de 16 substituições relâmpago de ministros e secretários de Estado, incluindo o próprio, 10 delas nos primeiros 9 meses, determinadas por casos graves no plano político e por vezes judicial.

Disse-o, dias depois do primeiro-ministro se ter demitido por estar a ser investigado, o respetivo chefe de gabinete ter sido detido, vários ministros terem sido constituídos arguidos, ou serem visados em inquéritos, o conselheiro para áreas económicas, parte em diversos negócios de Estado, nomeado pelo governo para o processo de privatização da TAP e depois........

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