7 de novembro vai ficar na história da política portuguesa, e esperemos que no futuro se faça uma leitura mais independente dos acontecimentos, pois o que assistimos, na maioria dos casos, foi de um histerismo completo: de um lado, os comentadores/jornalistas órfãos do Governo de António Costa, a chorarem lágrimas de crocodilo, dizendo do Ministério Público o que Maomé não disse do toucinho. Tenham calma, homens e mulheres, há sempre um tacho à vossa espera! Os disparates que proferiram provocaram um sentimento de ‘vergonha alheia’ a quem os ouvia. Nada de estranhar, atendendo ao que disseram quando Sandra Felgueiras denunciou o caso e a direção da RTP ’escondeu’ a primeira peça sobre os escândalos do lítio. O caso ganhou tais proporções que a direção de informação do canal público acabou demitida.

Do outro lado, os novos cristãos que já fizeram o julgamento popular em direto, havendo excessos até de jornalistas que confundiram notícias falsas, entrando o Polígrafo em direto, e de comentadores que chegaram a comparar Costa a Sócrates, quando as diferenças ainda são grandes.

Mas vamos a alguns dos vencedores e perdedores do 7 de novembro.

Em primeiro lugar, António Costa. A Europa agora só como turista e a única hipótese de regressar à política só nas eleições presidenciais de 2026, se até lá conseguir limpar a sua imagem.

Depois temos Vítor Escária, o chefe de gabinete de António Costa, que já tinha ficado famoso com os seus negócios de pernil congelado para a Venezuela, nos tempos de José Sócrates. O homem pensava que o gabinete do PM era uma caixa forte do tio Patinhas, mas esqueceu-se dos irmãos Metralha do Ministério Público.

Sobre Galamba, pouco se pode acrescentar, a não ser para se acabarem com ataques bacocos sobre os piercings e os fumos. Ataquem-no pelos supostos crimes.

Falemos agora de vítimas colaterais: Marques Mendes e Pedro Passos Coelho são as principais. Se o PSD ganhar as próximas eleições legislativas, já se sabe que o povo gosta de colocar em Belém alguém de outro partido. Tem sido quase sempre assim. Já Passos Coelho, que esperava por um deslize do PSD nas europeias, terá de esperar por outras núpcias para regressar. Mesmo que o PS ganhe, não vai querer liderar a oposição durante uns anos.

Vamos aos vencedores diretos e indiretos: Marcelo porque voltou a ser o dono da bola e é ele que decide. André Ventura não vai perder a oportunidade de gritar contra os corruptos, apelando aos sentimentos mais básicos da tasca. Como se na sua casa não existam ‘gabirus’. Luís Montenegro é outro dos vencedores, pois viu cair-lhe no colo a possibilidade de chegar a primeiro-ministro sem saber como. Seria era bom que esclarecesse de uma vez por todas as confusões com o seu palácio de Espinho…

Cavaco Silva é outro dos vencedores, pois continuará a ser o recordista como primeiro-ministro em exercício. Por fim, José Luís Carneiro, o ministro da Administração Interna, que havia dito ao SOL que “nunca podemos pôr de parte [uma candidatura] e sermos definitivos na nossa vida”. Com a bênção do seu amigo cardeal D. Américo Aguiar, Carneiro quer chegar à capela de S. Bento.

QOSHE - As viúvas de Costa e as dores de Marques Mendes - Vítor Rainho
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As viúvas de Costa e as dores de Marques Mendes

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11.11.2023

7 de novembro vai ficar na história da política portuguesa, e esperemos que no futuro se faça uma leitura mais independente dos acontecimentos, pois o que assistimos, na maioria dos casos, foi de um histerismo completo: de um lado, os comentadores/jornalistas órfãos do Governo de António Costa, a chorarem lágrimas de crocodilo, dizendo do Ministério Público o que Maomé não disse do toucinho. Tenham calma, homens e mulheres, há sempre um tacho à vossa espera! Os disparates que proferiram provocaram um sentimento de ‘vergonha alheia’ a quem os ouvia. Nada de estranhar, atendendo ao que disseram quando Sandra Felgueiras denunciou o caso e a direção da RTP ’escondeu’ a primeira peça sobre os escândalos do lítio. O caso ganhou tais proporções que a direção de informação do canal........

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