O Presidente da República, como qualquer comum dos mortais, não gosta, seguramente, de trazer para a praça pública ‘zangas’ familiares mas foi obrigado a fazê-lo, já que a questão das ‘cunhas’ de que o seu filho foi protagonista assim o determinou. A forma como se referiu ao episódio na sua primeira intervenção pública não foi a mais feliz, pois tratar um filho por doutor, sem pronunciar o seu nome, soa deselegante. Mas isso é um pormenor. Nuno Rebelo de Sousa, até para evitar chatices para o seu pai, devia ter falado publicamente, em vez de andar cheio de si com os seus negócios no Brasil. E, já agora, como o filho não quis sair da toca confortável onde está, Marcelo viu-se obrigado a esclarecer o sucedido, explicando que se Nuno marcou encontros com o secretário de Estado da Saúde é porque ‘não levou nada’ de Belém.

É óbvio que o episódio deve ter tido consequências familiares, além de ter prejudicado a popularidade de Marcelo enquanto Presidente da República, mas isso é algo que o tempo tratará de resolver. Curiosamente, Marcelo acabou por esclarecer a ‘zanga’ no seu habitual encontro anual com a ginjinha do Barreiro, tendo, pelos vistos, convidado o cardeal D. Américo Aguiar para a ocasião. Os dois são neste momento as personagens públicas que mais se pelam por aparecer e tirar as célebres selfies.

Mais à noite, Marcelo retribuiu a ‘presença’ do bispo de Setúbal no Barreiro, tendo aparecido na Missa do Galo na terra do choco frito, quebrando uma tradição com alguns anos de estar na primeira fila da missa presidida pelo patriarca de Lisboa, mostrando desta forma como o seu – à semelhança de muitos outros políticos – patriarca preferido teria sido D. Américo Aguiar. Só que o Papa trocou as voltas ao poder político português e escolheu para a diocese de Lisboa D. Rui Valério, um homem que gosta de discrição e de fazer obra fora dos holofotes da comunicação social. Mas temos de reconhecer que chegou a ser ternurento ver Marcelo e Américo Aguiar a beberem uma ginjinha, com tanto povo e jornalistas à volta. É disso que os dois gostam, de selfies e do calor do povo.

P. S. 1 Li no site do Público um exclusivo do jornal com a Folha de São Paulo que dá conta de que a atriz Claudia Raia foi muito atacada por incluir na sua ementa do Natal um porco inteiro, que à nossa moda se diz no espeto. Esta rapaziada do wokismo, acreditem, são os maiores ditadores e ainda nos vão tentar obrigar a fazer o que eles entendem como correto. Eu, por mim, mando-os dar uma volta ao bilhar grande, como se dizia antigamente. É impressionante como querem obrigar-nos a mudar de pensamento – a história da colonização é de bradar aos céus –, de gostos literários e cinematográficos, entre tantos outros, já para não falar no absurdo das casas de banho mistas. Certo é que o PS está a tentar, à sorrelfa, aprovar legislação de última hora para aparecer no filme como muito modernaço, não percebendo que essa rapaziada não passa de uma minoria que quer vergar as maiorias. A obrigatoriedade de licença de isqueiro no tempo do Estado Novo é uma pequena brincadeira ao pé destes novos ditadores.

P. S. 2. Vamos ver como acaba a novela de Pedro Pichardo. Será que o vamos ver nos próximos Jogos Olímpicos a saltar por outro país?

QOSHE - Marcelo e D. Américo, a fome e a vontade de comer - Vítor Rainho
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Marcelo e D. Américo, a fome e a vontade de comer

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30.12.2023

O Presidente da República, como qualquer comum dos mortais, não gosta, seguramente, de trazer para a praça pública ‘zangas’ familiares mas foi obrigado a fazê-lo, já que a questão das ‘cunhas’ de que o seu filho foi protagonista assim o determinou. A forma como se referiu ao episódio na sua primeira intervenção pública não foi a mais feliz, pois tratar um filho por doutor, sem pronunciar o seu nome, soa deselegante. Mas isso é um pormenor. Nuno Rebelo de Sousa, até para evitar chatices para o seu pai, devia ter falado publicamente, em vez de andar cheio de si com os seus negócios no Brasil. E, já agora, como o filho não quis sair da toca confortável onde está, Marcelo viu-se obrigado a esclarecer o sucedido, explicando que se Nuno marcou encontros com o secretário de Estado da Saúde é porque ‘não........

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