A campanha eleitoral, muitas vezes, serve como prova do algodão, pois obriga algumas figuras a saírem do conforto do sofá… ou das câmaras de televisão, onde se sentem como peixe na água. Luís Marques Mendes e Paulo Portas, os dois comentadores dominicais da SIC e da TVI, sentiram-se obrigados a descer à rua para mostrarem o seu apoio à AD, até porque não há almoços grátis, leia-se eleições presidenciais. Quando apareceu na festa do Pontal, Marques Mendes fê-lo porque sabia que era a contrapartida para o PSD o apoiar nas eleições presidenciais, apesar de ter dito então que o regresso à vida política nem se questionava.Mas isso foi há muitos meses, quando ainda não se sonhava com a queda do Governo e consequentemente eleições legislativas antecipadas. Em plena campanha eleitoral, Marques Mendes, acredito que a contragosto, pois adora piscar o olho ao eleitorado do centro e de centro esquerda, não teve outra hipótese que não participar num comício da AD. Assim, selou o acordo para ser o candidato do PSD a Belém.

Já Paulo Portas, que também sonha com a cadeira presidencial, tinha feito a aproximação ao seu CDS, participando em reuniões do partido, mostrando estar ao lado de Nuno Melo. Apareceu na campanha, mas, ao contrário da televisão, onde faz uma análise sobre temas internacionais com clareza e pertinência, teve um discurso muito pobre e sem graça alguma. O homem que adorava levantar plateias, nem aplausos vigorosos conseguiu. Será, em princípio, o candidato do CDS a Belém, apesar das sondagens lhe darem poucas esperanças de ser vizinho dos Pastéis. Certo é que a corrida a Belém obrigou Marques Mendes e PauloPortas a entrarem em comícios…

Continuando na AD, temos de reconhecer que a situação mais caricata e cómica foi o desaparecimento do líder do PPM, Gonçalo da Câmara Pereira. Até Carmelinda Pereira, do POUS, em 1976, teve muito mais tempo de antena do que o homem ligado ao fado por raízes familiares. Ah! Nesta campanha também se ficou a saber que os homossexuais só podem votar nos partidos de esquerda. O que grupos LGBT fizeram a Manuel Luís Goucha é revelador do que vai naquelas cabecinhas a propósito de diversidade… Então o apresentador não pode anunciar o seu apoio à AD? Surreal.

P. S. O Benfica foi esmagado no Dragão e já há quem diga que o Papa e o patriarca de Lisboa são do FC Porto. É que a equipa da Luz foi recebida no Vaticano em vésperas do clássico e o resultado é o que se sabe. Sacanagem à parte, D. Rui Valério, que tem uma agenda superpreenchida, ainda não teve tempo para receber a Plataforma dos Polícias, de quem é bispo – já que acumula o Patriarcado com as Forças de Segurança – mas conseguiu levar os benfiquistas a Roma…

P.S. 2 A Igreja já teve melhores dias e são poucos os que temem o seu poder. Noutros tempos, o poder político ficaria à espera do que se diria nas 24 Horas do Senhor, que manterá as igrejas portuguesas, que o consigam, abertas 24 horas de sexta-feira para sábado. Talvez nas aldeias os padres mais antigos ainda apelem ao voto no partido do seu coração…

P. S. 3 O que dizer da Liga de futebol que marcou os jogos do Sporting e do Benfica para as 18h e 20h30 horas de domingo, respetivamente, quando está tudo à espera das primeiras projeções dos resultados eleitorais? Será que nos estádios se vai gritar pelos resultados anunciados em vez dos golos? E os jogadores e dirigentes portugueses dessas equipas terão ido votar? Péssimo exemplo…

QOSHE - Não há presidenciáveis grátis - Vítor Rainho
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Não há presidenciáveis grátis

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08.03.2024

A campanha eleitoral, muitas vezes, serve como prova do algodão, pois obriga algumas figuras a saírem do conforto do sofá… ou das câmaras de televisão, onde se sentem como peixe na água. Luís Marques Mendes e Paulo Portas, os dois comentadores dominicais da SIC e da TVI, sentiram-se obrigados a descer à rua para mostrarem o seu apoio à AD, até porque não há almoços grátis, leia-se eleições presidenciais. Quando apareceu na festa do Pontal, Marques Mendes fê-lo porque sabia que era a contrapartida para o PSD o apoiar nas eleições presidenciais, apesar de ter dito então que o regresso à vida política nem se questionava.Mas isso foi há muitos meses, quando ainda não se sonhava com a queda do Governo e consequentemente eleições legislativas antecipadas. Em plena campanha eleitoral, Marques Mendes, acredito que a contragosto, pois adora piscar o olho ao........

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