Mesmo para quem nunca foi fã do seu estilo – apesar de lhe reconhecer méritos, não fosse o presidente mais titulado de um clube de futebol – foi penoso ver Pinto da Costa na sua última entrevista à SIC. O rei dos trocadilhos foi ele mesmo um trocadilho, entrando em contradições básicas, algo que não acontecia nos seus tempos áureos. E ao ouvir Pinto da Costa lembrei-me dos tempos políticos que vivemos. Pinto da Costa continua a defender os Super Dragões como os socialistas continuam a atacar o Ministério Público. O líder portista teve a distinta lata de dizer que não lhe competia acalmar os distúrbios na última assembleia geral, da mesma forma que António Costa dá gás aos seus correligionários que vociferam contra a Operação Influencer.

Mas há mais coincidências. Pinto da Costa refere-se às dívidas do clube da mesma forma que os socialistas se pronunciam sobre o descalabro na Saúde e na Educação. Não é nada com eles, e o povo, quer o do FC Porto, quer o geral, quer é vitórias, sejam elas desportivas ou os famosos cheques para ajudar nas despesas de habitação.

O líder do FC Porto procura arrasar a hipotética concorrência, nem que para isso chame a guarda pretoriana, enquanto os socialistas gritam contra supostos “perigosos nazis e fascistas” do Chega, quando se preparam para fazer uma aliança com partidos “herdeiros dos regimes mais criminosos, ineptos e fracassados que a História conheceu”, nas palavras de um destacado deputado do PS, que deverá tapar os olhos para apoiar Pedro Nuno Santos, um ex-capitalista que sonha, de novo, com um governo apoiado pelo BE e pelo PCP. Por acaso Pedro Nuno Santos alguma vez pensou, por exemplo, que o estado a que chegou o Serviço Nacional de Saúde muito se deve aos compromissos da geringonça, que por questões ideológicas acabou com as PPP, entre outras decisões?

Pedro Nuno Santos e Pinto da Costa têm bastante em comum: o que fizeram de mal no passado está justificado pelos supostos sucessos, já que os insucessos pertencem a outros. Talvez por isso, Pedro Nuno Santos já avisou que não quer debates com os outros candidatos a líderes do partido, da mesma forma que Pinto da Costa não usa uma única palavra para condenar os ataques de que tem sido alvo André Villas-Boas. Se este se amedrontar talvez desista de concorrer e não haverá debates.

P. S. O PS não aprendeu nada com os casos Casa Pia e Operação Marquês, entre outros. É natural que assim seja, pois jamais fizeram uma discussão interna para perceber o que correu mal e o que devem fazer para combater as falcatruas e atitudes reprováveis dos seus dirigentes. Oiçam a entrevista de Manuel Soares, presidente do Sindicato dos Juízes, à RTP3, e acalmem-se. Está lá tudo explicadinho tim tim por tim tim. O Ministério Público pode cometer erros, que os comete, mas na Operação Influencer fez o que tinha de fazer.

P. S. 2 O que dizer das eleições presidenciais argentinas? Que o desespero pela inflação galopante os fez eleger um clone de Trump com laivos de Bolsonaro, mas em versão opereta? Javier Milei algum dia poderá ser levado a sério? Mudando de latitude, as eleições na Holanda mostram ao mundo que uma imigração desregulada só vai dar força aos partidos extremistas…

QOSHE - O que aproxima Pinto da Costa e Pedro Nuno Santos - Vítor Rainho
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O que aproxima Pinto da Costa e Pedro Nuno Santos

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26.11.2023

Mesmo para quem nunca foi fã do seu estilo – apesar de lhe reconhecer méritos, não fosse o presidente mais titulado de um clube de futebol – foi penoso ver Pinto da Costa na sua última entrevista à SIC. O rei dos trocadilhos foi ele mesmo um trocadilho, entrando em contradições básicas, algo que não acontecia nos seus tempos áureos. E ao ouvir Pinto da Costa lembrei-me dos tempos políticos que vivemos. Pinto da Costa continua a defender os Super Dragões como os socialistas continuam a atacar o Ministério Público. O líder portista teve a distinta lata de dizer que não lhe competia acalmar os distúrbios na última assembleia geral, da mesma forma que António Costa dá gás aos seus correligionários que vociferam contra a Operação Influencer.

Mas há mais coincidências. Pinto da Costa........

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