Gostaria de falar neste artigo do acontecimento que, na semana passada, arrastou a queda do governo. Confesso, todavia, que ainda não percebi o que se passou. Deixo isso de lado e volto-me para uma revista. Tem o nome de Crítica XXI e é dirigida por Rui Ramos e Jaime Nogueira Pinto, dois influentes intelectuais da direita portuguesa. O interessante da revista, de que sou assinante, é ela ser uma revista cultural e inscrever-se num combate político em que a direita está empenhadíssima e a esquerda se comporta como moribunda. O combate cultural. Durante muito tempo, a esquerda foi hegemónica no campo cultural. Essa hegemonia permitia-lhe tornar dominantes um conjunto de valorações simbólicas e morais do mundo, enquanto a direita estava focada na questão da economia, dos negócios e do mercado.

A direita, porém, há uns anos, e não são poucos, começou a preparar um ataque cerrado à hegemonia da esquerda no campo da cultura. Iniciou-o por coisas de baixa cultura, como uma decidida ocupação da comunicação social, de onde a esquerda, outrora hegemónica, foi quase banida, como se pode ver nos comentários nas televisões do tal episódio que eu ainda não compreendi. Ao mesmo tempo, essa direita – aliás, multifacetada – preocupou-se com a ocupação da universidade, em criar nela pólos que disseminem, no campo da cultura, a visão das direitas, que ofereçam interpretações do mundo que, digeridas pela comunicação social, se tornem narrativas que oferecem às pessoas explicações sobre a vida social, lhes dão uma certa orientação sobre o que se pretende que seja a verdade, o bem e o justo. Nada que a esquerda não tenha feito, mas de um modo menos deliberado, fruto de uma resistência à atrofia intelectual imposta pelas antigas ditaduras de direita.

A esquerda, no campo cultural, está em acentuado recuo. Os herdeiros do neo-realismo e do realismo socialista nada têm para propor que interesse as novas gerações, e a orientação que certa esquerda adoptou, virando-se para os problemas de identidade, tem pouca capacidade para criar uma narrativa que consiga dar uma visão do mundo globalmente aceitável, uma orientação na qual as pessoas sintam que ali pode estar a verdade, o bem e a justiça. Hegel terá dito que quando as ideias mudam, a realidade não resiste. Mesmo que a citação seja apócrifa, o que nela se expressa está a ser levado muito a sério pela direita, enquanto a esquerda parece completamente desorientada, oferecendo de bandeja à direita o campo cultural, onde se decide como é que se deve interpretar o mundo, a sociedade e aquilo que pode e deve ser realizado.

Gostaria de falar neste artigo do acontecimento que, na semana passada, arrastou a queda do governo. Confesso, todavia, que ainda não percebi o que se passou. Deixo isso de lado e volto-me para uma revista. Tem o nome de Crítica XXI e é dirigida por Rui Ramos e Jaime Nogueira Pinto, dois influentes intelectuais da direita portuguesa. O interessante da revista, de que sou assinante, é ela ser uma revista cultural e inscrever-se num combate político em que a direita está empenhadíssima e a esquerda se comporta como moribunda. O combate cultural. Durante muito tempo, a esquerda foi hegemónica no campo cultural. Essa hegemonia permitia-lhe tornar dominantes um conjunto de valorações simbólicas e morais do mundo, enquanto a direita estava focada na questão da economia, dos negócios e do mercado.

A direita, porém, há uns anos, e não são poucos, começou a preparar um ataque cerrado à hegemonia da esquerda no campo da cultura. Iniciou-o por coisas de baixa cultura, como uma decidida ocupação da comunicação social, de onde a esquerda, outrora hegemónica, foi quase banida, como se pode ver nos comentários nas televisões do tal episódio que eu ainda não compreendi. Ao mesmo tempo, essa direita – aliás, multifacetada – preocupou-se com a ocupação da universidade, em criar nela pólos que disseminem, no campo da cultura, a visão das direitas, que ofereçam interpretações do mundo que, digeridas pela comunicação social, se tornem narrativas que oferecem às pessoas explicações sobre a vida social, lhes dão uma certa orientação sobre o que se pretende que seja a verdade, o bem e o justo. Nada que a esquerda não tenha feito, mas de um modo menos deliberado, fruto de uma resistência à atrofia intelectual imposta pelas antigas ditaduras de direita.

A esquerda, no campo cultural, está em acentuado recuo. Os herdeiros do neo-realismo e do realismo socialista nada têm para propor que interesse as novas gerações, e a orientação que certa esquerda adoptou, virando-se para os problemas de identidade, tem pouca capacidade para criar uma narrativa que consiga dar uma visão do mundo globalmente aceitável, uma orientação na qual as pessoas sintam que ali pode estar a verdade, o bem e a justiça. Hegel terá dito que quando as ideias mudam, a realidade não resiste. Mesmo que a citação seja apócrifa, o que nela se expressa está a ser levado muito a sério pela direita, enquanto a esquerda parece completamente desorientada, oferecendo de bandeja à direita o campo cultural, onde se decide como é que se deve interpretar o mundo, a sociedade e aquilo que pode e deve ser realizado.

Um sobressalto. Sim, é um sobressalto a forma como aqueles nomes nos saltam para os olhos e as suas vidas, tão reais e tão concretas, nos interpelam na descrição dos seus processos na Inquisição e que descobrimos através do trabalho de investigação de António Mário Lopes dos Santos, agora editado em livro pelo Município de Torres Novas: “ Os judeus em Torres Novas - a repressão inquisitorial no concelho de Torres Novas (séc XVI-XVII).
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Depois de na passada primavera termos assistido àqueles folhetins que, todos somados, levaram à demissão de 13 membros do governo e dos sucessivos escândalos em que o governo do PS estava sempre por perto, em que o caso da indemnização de 500 mil euros à administradora da TAP é talvez o caso mais conhecido, nada fazia prever que ainda íamos assistir ao terramoto político de maiores proporções que se abateu sobre o governo de Portugal.
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Apesar da sua grande importância durante o Império Romano, do qual há muitos vestígios, ou a Idade Média, Trier é hoje apenas uma simpática cidade da Renânia-Palatinado, bem encostadinha ao Luxemburgo.
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Deixem-me ser claro. A crise em que Portugal se encontra não me apanhou de surpresa. A maioria absoluta do Partido Socialista submeteu-se, desde as eleições legislativas, a quem lhe dera origem: António Costa. Por sua vez, a sua maioria na Assembleia retirara-lhe capacidade de intervenção partidária, submetida aos interesses do vencedor eleitoral, cuja palavra se tornou magister dixit.
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"porque aqueles que nos levaram cativos nos pediam uma canção; e os que nos destruíram que os alegrássemos "

- do Salmo 137, Livro dos Salmos da Bíblia

Acordar de manhã, num domingo de Outono e ouvir a partir do telefone, em directo do Facebook, a música das filarmónicas da nossa terra é um privilégio dos nossos dias, neste espaço que habitamos.
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Guerras culturais - jorge carreira maia

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21.11.2023

Gostaria de falar neste artigo do acontecimento que, na semana passada, arrastou a queda do governo. Confesso, todavia, que ainda não percebi o que se passou. Deixo isso de lado e volto-me para uma revista. Tem o nome de Crítica XXI e é dirigida por Rui Ramos e Jaime Nogueira Pinto, dois influentes intelectuais da direita portuguesa. O interessante da revista, de que sou assinante, é ela ser uma revista cultural e inscrever-se num combate político em que a direita está empenhadíssima e a esquerda se comporta como moribunda. O combate cultural. Durante muito tempo, a esquerda foi hegemónica no campo cultural. Essa hegemonia permitia-lhe tornar dominantes um conjunto de valorações simbólicas e morais do mundo, enquanto a direita estava focada na questão da economia, dos negócios e do mercado.

A direita, porém, há uns anos, e não são poucos, começou a preparar um ataque cerrado à hegemonia da esquerda no campo da cultura. Iniciou-o por coisas de baixa cultura, como uma decidida ocupação da comunicação social, de onde a esquerda, outrora hegemónica, foi quase banida, como se pode ver nos comentários nas televisões do tal episódio que eu ainda não compreendi. Ao mesmo tempo, essa direita – aliás, multifacetada – preocupou-se com a ocupação da universidade, em criar nela pólos que disseminem, no campo da cultura, a visão das direitas, que ofereçam interpretações do mundo que, digeridas pela comunicação social, se tornem narrativas que oferecem às pessoas explicações sobre a vida social, lhes dão uma certa orientação sobre o que se pretende que seja a verdade, o bem e o justo. Nada que a esquerda não tenha feito, mas de um modo menos deliberado, fruto de uma resistência à atrofia intelectual imposta pelas antigas ditaduras de direita.

A esquerda, no campo cultural, está em acentuado recuo.........

© Jornal Torrejano


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