Cerca de 50% dos americanos entre os 18 e os 45 anos não acham que a democracia seja a melhor forma de governo. Metade das novas gerações está disponível para viver sob um regime autoritário. Isto nos Estados Unidos, uma das democracias mais antigas e consolidadas do planeta, uma nação intrinsecamente democrática, onde um complexo jogo de checks and balances tem por função limitar o poder dos três ramos de acção política, o executivo, o legislativo e o judicial, de modo a que nenhum deles possa exorbitar e pôr em causa a liberdade dos indivíduos, que é aquilo que está sempre em jogo numa democracia liberal. As novas gerações americanas estão cansadas da democracia. A atracção dos jovens pelo autoritarismo é uma tendência geral das democracias, incluindo a portuguesa. Haverá múltiplas causas para este fenómeno. Deixo de lado as que parecem mais óbvias. Centro-me em duas. A insipidez da democracia e o peso da liberdade.

Os regimes democráticos não propõem aventuras colectivas, não apresentam grandes desígnios que mobilizem as pessoas e dêem um sentido à vida. Cada qual tem a liberdade de encontrar um desígnio e um sentido para a sua vida, de a tornar mais sensata ou mais aventurosa, de acordo com a sua consciência. O desígnio das democracias é o de não impor qualquer desígnio às pessoas, deixando-as viver os seus próprios projectos, oferecendo-lhes apenas a aventura da sua própria liberdade. Esta insipidez democrática, contudo, não responde a uma certa pulsão existente nos seres humanos, enquanto jovens, para a aventura colectiva, para mergulhar na massa e deixar-se encantar pelos cantos de sereia dos desígnios colectivos, onde a individualidade se dissolve.

Um segundo motivo é a derrota do Iluminismo. Kant, à pergunta O que é o Iluminismo?, respondeu: “lluminismo é a saída do homem da sua menoridade de que ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de se servir do entendimento sem a orientação de outrem.” As novas gerações parecem, em parte, já não suportar o peso de serem responsáveis pelo seu destino. A liberdade tornou-se um fardo, porque dá a cada um a responsabilidade pelos seus êxitos e fracassos. Muitos povos evitaram esse fardo e entregaram-se sempre nas mãos de um déspota. Outros, porém, decidiram correr o risco da liberdade política e do regime democrático. Em lado nenhum se viveu melhor do que aí, mas parece que o fardo da liberdade está a ser demasiado pesado para parte das novas gerações. Querem continuar na menoridade e parecem precisar de alguém, um ditador, um déspota, que pense por elas. É isso que desejam e é isso que estão a preparar.

Cerca de 50% dos americanos entre os 18 e os 45 anos não acham que a democracia seja a melhor forma de governo. Metade das novas gerações está disponível para viver sob um regime autoritário. Isto nos Estados Unidos, uma das democracias mais antigas e consolidadas do planeta, uma nação intrinsecamente democrática, onde um complexo jogo de checks and balances tem por função limitar o poder dos três ramos de acção política, o executivo, o legislativo e o judicial, de modo a que nenhum deles possa exorbitar e pôr em causa a liberdade dos indivíduos, que é aquilo que está sempre em jogo numa democracia liberal. As novas gerações americanas estão cansadas da democracia. A atracção dos jovens pelo autoritarismo é uma tendência geral das democracias, incluindo a portuguesa. Haverá múltiplas causas para este fenómeno. Deixo de lado as que parecem mais óbvias. Centro-me em duas. A insipidez da democracia e o peso da liberdade.

Os regimes democráticos não propõem aventuras colectivas, não apresentam grandes desígnios que mobilizem as pessoas e dêem um sentido à vida. Cada qual tem a liberdade de encontrar um desígnio e um sentido para a sua vida, de a tornar mais sensata ou mais aventurosa, de acordo com a sua consciência. O desígnio das democracias é o de não impor qualquer desígnio às pessoas, deixando-as viver os seus próprios projectos, oferecendo-lhes apenas a aventura da sua própria liberdade. Esta insipidez democrática, contudo, não responde a uma certa pulsão existente nos seres humanos, enquanto jovens, para a aventura colectiva, para mergulhar na massa e deixar-se encantar pelos cantos de sereia dos desígnios colectivos, onde a individualidade se dissolve.

Um segundo motivo é a derrota do Iluminismo. Kant, à pergunta O que é o Iluminismo?, respondeu: “lluminismo é a saída do homem da sua menoridade de que ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de se servir do entendimento sem a orientação de outrem.” As novas gerações parecem, em parte, já não suportar o peso de serem responsáveis pelo seu destino. A liberdade tornou-se um fardo, porque dá a cada um a responsabilidade pelos seus êxitos e fracassos. Muitos povos evitaram esse fardo e entregaram-se sempre nas mãos de um déspota. Outros, porém, decidiram correr o risco da liberdade política e do regime democrático. Em lado nenhum se viveu melhor do que aí, mas parece que o fardo da liberdade está a ser demasiado pesado para parte das novas gerações. Querem continuar na menoridade e parecem precisar de alguém, um ditador, um déspota, que pense por elas. É isso que desejam e é isso que estão a preparar.

Em 1977 o dia de Natal ficou marcado pelo desaparecimento físico de Charles Chaplin, actor e realizador, que no cinema criou o inesquecível Charlot.

A História regista que alguns anos antes, no final de 1973 (fez agora 50 anos) o Cineclube de Torres Novas realizou uma exposição sobre a vida e a obra do cineasta, merecendo realce o postal que o próprio Charles Chaplin enviou para o torrejano José Ribeiro Sineiro.
(ler mais...)

O ano de 2024 não se afigura, internacional e nacionalmente, auspicioso.

No primeiro caso, não se antevêem soluções, quer no campo ambiental, quer no político. A catástrofe climática, com suas manifestações um pouco por todo o planeta, parece não conseguir suplantar a gananciofobia dos interesses do grande capital, apostados na manutenção duma sociedade de consumo assente no carvão, petróleo, gás, plástico, na exploração desenfreada do trabalho humano assente nas mais estremadas desigualdades sociais, étnicas e culturais.
(ler mais...)

Foi aprovado pela Assembleia Municipal, já muito próximo do final do ano, o orçamento municipal para o ano 2024.

Teve os votos favoráveis do PS (10 votos), os votos contra de toda a oposição (11votos) e os votos favoráveis dos presidentes de Junta (9 votos e uma abstenção).
(ler mais...)

Os juros bancários estão como os bancos gostam e querem, dificultando o pagamento das prestações da casa e impedindo a compra de casa por muita gente, em particular dos jovens.

O preço das rendas de casa e dos quartos (sim, porque agora os quartos começaram a ser a casa de muita gente), são proibitivos não só para os salários mais baixos como também para salários médios.
(ler mais...)

É a própria imprensa israelita, o jornal Haaretz, que denuncia: a percentagem de mortos na Palestina é superior a qualquer guerra no século XX.

Relembro a minha visita ao campo de concentração de Dachau, em 1974.
(ler mais...)

Começámos 2023, com uma guerra no nosso espaço geopolítico, mas com uma tomada de consciência de muitos países da União Europeia de que as melindrosas questões de defesa devem ser levadas muito a sério.
(ler mais...)

QOSHE - Voltar à menoridade - jorge carreira maia - Jorge Carreira Maia
menu_open
Columnists Actual . Favourites . Archive
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close
Aa Aa Aa
- A +

Voltar à menoridade - jorge carreira maia

6 0
09.01.2024

Cerca de 50% dos americanos entre os 18 e os 45 anos não acham que a democracia seja a melhor forma de governo. Metade das novas gerações está disponível para viver sob um regime autoritário. Isto nos Estados Unidos, uma das democracias mais antigas e consolidadas do planeta, uma nação intrinsecamente democrática, onde um complexo jogo de checks and balances tem por função limitar o poder dos três ramos de acção política, o executivo, o legislativo e o judicial, de modo a que nenhum deles possa exorbitar e pôr em causa a liberdade dos indivíduos, que é aquilo que está sempre em jogo numa democracia liberal. As novas gerações americanas estão cansadas da democracia. A atracção dos jovens pelo autoritarismo é uma tendência geral das democracias, incluindo a portuguesa. Haverá múltiplas causas para este fenómeno. Deixo de lado as que parecem mais óbvias. Centro-me em duas. A insipidez da democracia e o peso da liberdade.

Os regimes democráticos não propõem aventuras colectivas, não apresentam grandes desígnios que mobilizem as pessoas e dêem um sentido à vida. Cada qual tem a liberdade de encontrar um desígnio e um sentido para a sua vida, de a tornar mais sensata ou mais aventurosa, de acordo com a sua consciência. O desígnio das democracias é o de não impor qualquer desígnio às pessoas, deixando-as viver os seus próprios projectos, oferecendo-lhes apenas a aventura da sua própria liberdade. Esta insipidez democrática, contudo, não responde a uma certa pulsão existente nos seres humanos, enquanto jovens, para a aventura colectiva, para mergulhar na massa e deixar-se encantar pelos cantos de sereia dos desígnios colectivos, onde a individualidade se dissolve.

Um segundo motivo é a derrota do Iluminismo. Kant, à pergunta O que é o Iluminismo?, respondeu: “lluminismo é a saída do homem da sua menoridade de que ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade........

© Jornal Torrejano


Get it on Google Play