Salvo imprevistos, Pedro Nuno Santos será o novo chefe do PS e um dos dois candidatos plausíveis a primeiro-ministro. Para mim, o dr. Pedro Nuno tem sido uma surpresa e uma confirmação. Imaginava-o um típico produto da JS, um sujeito sem predicados nem préstimo que, por falta de alternativa e influência do “aparelho”, acabara erguido a sucessor “natural” do dr. Costa. Imaginava-o repleto de fanatismo ideológico e manha partidária. Imaginava-o brutal, eufórico e relativamente articulado, capaz de empolgar salas de devotos com retórica composta, vazia e intrujona. Imaginava-o em suma um perigo. Nestas semanas de campanha interna e pré-campanha externa, confirmei quase tudo e percebi que me enganei num pormenor.

Claro que o dr. Pedro Nuno é uma nulidade cozinhada na JS. Claro que é um comunista por reacção nervosa e um oportunista por natureza. Claro que é um pantomineiro sem maneiras. Claro que os socialistas lhe batem palmas na medida em que precisam de acautelar empregos junto do putativo patrão. E claro que é um perigo. Mas o dr. Pedro Nuno está muito além disso. Ou muito aquém.

A julgar pelas recentes entrevistas e intervenções públicas, o dr. Pedro Nuno é principalmente um caso de particular, acentuada e terminal miséria, mesmo pelos baixos padrões da actual política nacional e pelos baixíssimos padrões do actual PS. Não o destaco por não ter uma única ideia ou – Deus fosse louvado – uma “visão” para o país. O eng. Sócrates e o dr. Costa também não tinham nada de vagamente semelhante mas, sobretudo no primeiro caso, eram eficazes a fingir o contrário. O dr. Pedro Nuno não finge coisa nenhuma: o vazio que o define está exposto. O seu principal, quiçá solitário, “argumento” para mandar no partido e, depois, no país, é o facto de existir. Ainda que não dê sinais de pensar, parece consensual que o dr. Pedro Nuno existe. E isso, acha ele se calhar com rara propriedade, é o bastante para mandar em nós.

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O Princípio de Pedro Nuno

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16.12.2023

Salvo imprevistos, Pedro Nuno Santos será o novo chefe do PS e um dos dois candidatos plausíveis a primeiro-ministro. Para mim, o dr. Pedro Nuno tem sido uma surpresa e uma confirmação. Imaginava-o um típico produto da JS, um sujeito sem predicados nem préstimo que, por falta de alternativa e influência do “aparelho”, acabara erguido a sucessor “natural” do dr. Costa. Imaginava-o repleto de fanatismo ideológico e manha partidária. Imaginava-o brutal, eufórico e relativamente articulado, capaz de empolgar salas de devotos com retórica composta, vazia e intrujona.........

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