Por todo o lado há uma viragem do discurso político à direita e Portugal não fica de fora. Infelizmente, a direita que está a vir ao de cima não é a melhor, mas a dominada por preconceitos que justificam a intolerância. Nem sequer é uma direita conservadora. Os conservadores, aliás, estão a perder esta batalha política, como vemos em França (com a crise dos Republicanos), no Reino Unido (com a deriva dos Conservadores), nos EUA (com o susto em que se tornou o GOP) e, à sua medida, em Portugal (com a substituição do CDS pelo Chega). A direita que está a ressurgir não é a que vê nas comunidades humanas e nas suas tradições as raízes que nos permitem evoluir de modo saudável, evitar excessos, proteger os mais fracos ao mesmo tempo que se dá espaço aos mais criativos, arrojados e afoitos. É uma direita reacionária com medo da mudança, das novas mentalidades e que olha para o passado como algo a manter a todo o custo.

Os sinais são por demais evidentes: um anti-semitismo gritante e despudorado, a assunção de que se é senhor absoluto da razão, a impossibilidade de um diálogo profícuo, a divisão do país entre cidadãos de bem e os demais. Falhas graves na política que até há pouco eram próprias da extrema-esquerda, mas que extravasaram para outros campos. O acentuar da globalização criou problemas na vida de muitas pessoas e não se deram as respostas adequadas. Um destes foi a imigração necessária para manter o Estado social e que teve repercussões no modo como muitos vêem a identidade dos seus países europeus. O resultado foi um sentimento de abandono que as levou muitos a abraçar novos movimentos políticos de direita.

Com a queda demográfica, manter o Estado social requer mais imigrantes e estes alimentam os receios de muitos relativamente ao futuro do país. Estejam certos ou errados, esse não é o ponto aqui. O que interessa é que o receio ou a apreensão existem. O facto é que ser favorável à manutenção de políticas sociais pressupõe ser-se favorável a mais imigração. E é neste ponto que surge a fissura no eleitorado socialista.

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E se o PS não sobreviver?

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10.12.2023

Por todo o lado há uma viragem do discurso político à direita e Portugal não fica de fora. Infelizmente, a direita que está a vir ao de cima não é a melhor, mas a dominada por preconceitos que justificam a intolerância. Nem sequer é uma direita conservadora. Os conservadores, aliás, estão a perder esta batalha política, como vemos em França (com a crise dos Republicanos), no Reino Unido (com a deriva dos Conservadores), nos EUA (com o susto em que se tornou o GOP) e, à sua medida, em Portugal (com a substituição do CDS pelo Chega). A direita que está a ressurgir não é a que vê nas comunidades........

© Observador


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