Mais 1,7 milhões de utentes não tem Médico de Família, uma situação verdadeiramente dramática, pois quem não tem Médico de Família não tem quem o acompanhe nas suas doenças agudas e crónicas, na saúde materna, na Saúde Infantil… nos rastreios…E sendo o Médico de Família a porta de entrada no SNS não têm como aceder no SNS às consultas das outras especialidades e a exames de diagnóstico comparticipados pelo SNS

E o pico das aposentações dos Médicos de Família vai ser atingido este ano.

Do PS não existe qualquer proposta ou sensibilidade para este tema como o demonstram estes 8 anos em que deixou absolutamente desprotegidas 1, 7 milhões de pessoas sem lhes dar qualquer solução.

Importa assim saber se será possível dar um Médico de Família a cada Cidadão como propõem a AD e os outros partidos da “direita”.

E a resposta é sim. Como? Otimizando os recursos disponíveis numa perspetiva de Sistema de Saúde e não apenas numa perspetiva do sector público.

Dar um Médico de Família a cada cidadão implica pôr este no Centro do Sistema e recorrer, sem peias ideológicas, a um conjunto de soluções em conjugação:

Este ponto é o mais simples, mais imediato, e sem custos adicionais (o estado não paga o médico) e o mais bem apercebido pela população.

Nota: é direito constitucional de todos os 10 milhões de cidadãos terem acesso a um MF que lhes presta cuidados de forma continuada Esse direito inclui o acesso a Exames pelo SNS

O facto de o SNS não lhes poder oferecer MF não pode implicar a perda do direito ao acesso aos exames de diagnóstico, (que é o acontece agora porque o Governo não tomou quaisquer medidas de auxílio aos utentes sem MF) o que duplica a penalização destes cidadãos Na verdade, isto nunca pode ser visto como um aumento de custos, pois este direito tem de estar orçamentado como se tivessem MF.

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E, nesta fase, não se está a falar da liberalização da requisição de MCDTs no sector privado ou social por qualquer médico ou outro especialista, mas apenas por MFs e só a utentes sem MF no SNS (quer por que não têm quer por opção). E hoje estão disponíveis mecanismos de vigilância e controlo que previnem os abusos.

Poderia resolver o problema dos 100 000 utentes sem MF em Lisboa onde existe uma grande oferta de MGF privada nos grupos privados e não só No interior existem consultórios particulares que poderiam dar uma boa ajuda

Ao libertar parcialmente os seguros de saúde e a ADSE dos encargos com exames, ajuda a estes serem mais baratos e sustentáveis permanecendo como a garantia da existência de um complemento ao SNS e até servir de modelo comparativo Por outro lado, leva a racionalizar o sistema privado centrando-o no MF que é muito mais assertivo na requisição de exames.

Finalmente a atividade de Médico de Família assente nos princípios homéricos é o paradigma da atividade liberal. Existem Médicos que não querem ser funcionários públicos e os que, aposentados, querem continuar a sua atividade fora do SNS, e há pessoas que preferem ter um Médico de Família fora do SNS. Se isto for considerado e viabilizado, não haverá falta de Médicos de Família.

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É possível dar um médico de família a cada cidadão

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04.03.2024

Mais 1,7 milhões de utentes não tem Médico de Família, uma situação verdadeiramente dramática, pois quem não tem Médico de Família não tem quem o acompanhe nas suas doenças agudas e crónicas, na saúde materna, na Saúde Infantil… nos rastreios…E sendo o Médico de Família a porta de entrada no SNS não têm como aceder no SNS às consultas das outras especialidades e a exames de diagnóstico comparticipados pelo SNS

E o pico das aposentações dos Médicos de Família vai ser atingido este ano.

Do PS não existe qualquer proposta ou sensibilidade para este tema como o demonstram estes 8 anos em que deixou absolutamente desprotegidas 1, 7 milhões de pessoas sem lhes dar qualquer solução.

Importa assim saber se será possível dar um Médico de Família a cada Cidadão como propõem a AD e os........

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