Uma sociedade com maior capacidade crítica. Seria a chave para muitos dos nossos problemas se a comunidade em que vivemos começasse a ser mais informada, o que a tornaria mais exigente e menos permeável à propaganda. Uma sociedade mais ativa, com mais vontade de ser livre e menos dependente do Estado, que percebesse que não existem uns “eles” e uns “nós”, mas que todos somos “nós”, com capacidade de induzir mudanças e criar uma classe política mais preocupada com os problemas concretos dos cidadãos e menos focada em jogos de poder. Em que todos começassem a ser mais tolerantes com a opinião e a forma de viver dos outros, rompendo-se a tendência de conservadorismo que se instalou sob a máscara da inclusão.

Partidos capazes de atrair mais qualidade. É um lugar comum dizer que são os pilares de um regime democrático, mas infelizmente estão muito doentes. Os partidos que alternam o poder em Portugal, PS e PSD, parecem incapazes de atrair militantes que estejam focados no bem comum, na resolução de problemas concretos, começando por conhecerem como é a vida do cidadão comum. Viciaram-se em jogos de poder, uns, enquanto outros olham para os partidos como uma forma fácil de ascenderem numa carreira de dinheiro e poder. Os políticos estão em geral com uma imagem péssima junto dos eleitores e, se não queremos ruturas, precisamos que sejam capazes de mudar por sua iniciativa. É preciso que existam menos dúvidas quanto aos seus comportamentos éticos e morais, depois de um tempo em que se considerou que tudo cabia à Justiça para depois se queixaram de justicialismo.

Um elevador social que funcione. Na governação ou nas empresas começamos a assistir a uma perpetuação das elites – “são sempre os mesmos”, em linguagem popular. Andaram nas mesmas escolas e universidades, frequentam os mesmos círculos sociais, estão fechados sobre si próprios, afastando-se cada vez mais da comunidade que os vai tratando como “eles”. A diversidade social, de género, étnica e cultural traz melhores soluções para os problemas e garante maior desenvolvimento. Se as elites funcionarem como uma monarquia estaremos condenados ao subdesenvolvimento e, no limite, a ruturas política e sociais. O facto de quem tem dinheiro estar a colocar cada vez mais os filhos em escolas privadas, e os filhos de quem não tem dinheiro estarem cada vez mais condenados à falta de qualidade da educação pública, vai, aos pouco, avariando o elevador social e impedindo a renovação das elites que todas as sociedades precisam. Temos de ser capazes de inverter esta tendência.

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Cinco desejos para 2024

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02.01.2024

Uma sociedade com maior capacidade crítica. Seria a chave para muitos dos nossos problemas se a comunidade em que vivemos começasse a ser mais informada, o que a tornaria mais exigente e menos permeável à propaganda. Uma sociedade mais ativa, com mais vontade de ser livre e menos dependente do Estado, que percebesse que não existem uns “eles” e uns “nós”, mas que todos somos “nós”, com capacidade de induzir mudanças e criar uma classe política mais preocupada com os problemas concretos dos cidadãos e menos focada em jogos de poder. Em que todos começassem a ser mais tolerantes com a opinião e a forma de viver dos outros, rompendo-se a tendência de conservadorismo que se instalou sob a máscara da........

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