No rescaldo do congresso do PS, vale a pena regressar à pergunta que debatemos no último “Fora do Baralho”. Porque é que o PS continua a ganhar eleições? Como é que o PS se tornou um partido hegemónico em Portugal em vias de tornar-se uma organização análoga ao LPD japonês, em que as disputas internas entre facções praticamente se substituíram às eleições gerais? Qual o motivo pelo qual o eleitorado não penaliza fortemente o partido depois de escândalos que seriam mortais para outros partidos políticos?

O maior sinal de que o processo de hegemonização do PS na sociedade portuguesa está a decorrer pode ser visto através de um tema que percorreu todo o congresso deste fim de semana. As figuras gradas do partido reconhecem que Portugal enfrenta problemas e desafios complexos e, ao mesmo tempo, assumem que foram cometidos erros durante a governação de Costa. No entanto, afirmam que apenas o PS é capaz de solucionar esses mesmos problemas e que apenas com mais do mesmo será possível chegar a resultados diferentes. O facto de as elites socialistas tentarem esta estratégia não é surpreendente. O que é surpreendente, isso sim, é o seu mais do que provável sucesso. Quais os motivos por detrás deste aparente puzzle?

Em primeiro lugar, o PS é o partido mais próximo do eleitor mediano e, portanto, com maior potencial eleitoral. No seu capítulo no Essencial da Política Portuguesa (Tinta-da-China 2023), Ana Maria Belchior e Conceição Pequito mostram de forma inequívoca que o PS é o partido com maior congruência com o eleitor mediano. A congruência política é uma medida clássica para avaliar o nível de correspondência entre as preferências dos eleitores e o posicionamento dos partidos na escala esquerda-direita. Quanto maior a congruência entre os partidos políticos e os eleitores, mais próxima será a sua posição e, consequentemente, mais provável que os eleitores escolham esse partido. Não surpreende, pois, que o PS seja o partido com maior potencial eleitoral.

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Porque é que o PS ainda vence?

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10.01.2024

No rescaldo do congresso do PS, vale a pena regressar à pergunta que debatemos no último “Fora do Baralho”. Porque é que o PS continua a ganhar eleições? Como é que o PS se tornou um partido hegemónico em Portugal em vias de tornar-se uma organização análoga ao LPD japonês, em que as disputas internas entre facções praticamente se substituíram às eleições gerais? Qual o motivo pelo qual o eleitorado não penaliza fortemente o partido depois de escândalos que seriam mortais para outros partidos políticos?

O maior sinal de que o processo de hegemonização do........

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