Esta semana, mais uma vez, o PS passou os dias a falar sobre o Chega. Do novo secretário-geral ao último funcionário do Largo do Rato, todos os socialistas acordam e deitam-se a perorar sobre o Chega, a assegurar que a IL é igual ao Chega, a jurar que nada distingue o PSD do Chega e a garantir, com voz melíflua, que a extrema-direita começa no exato ponto onde o PS acaba.

Obviamente, é tudo uma estratégia eleitoral. E nem sequer se distingue por ser original. Nos anos 80, François Mitterrand fez a mesmíssima coisa em França. Antes de chegar ao poder, o Presidente francês tinha prometido aos mais próximos que, quando entrasse no Palácio do Eliseu, iria “pendurar uma panela na direita”. A “panela” chamava-se Frente Nacional e o ato de o “pendurar na direita” foi feito em dois movimentos.

Primeiro, antes das eleições europeias de 1984, Mitterrand deu ordens ao seu ministro das Comunicações para falar com os donos dos vários canais de televisão e estações de rádio. O objetivo era fazer-lhes chegar a mensagem de que, “em nome da democracia”, deviam acabar com a linha vermelha que impedia Jean-Marie Le Pen de aparecer no ar. O Presidente francês entendia que o líder da extrema-direita devia ter a possibilidade de explicar as suas ideias no horário nobre. Sempre deferentes ao poder político, as televisões e as rádios acolheram a sugestão do Eliseu. Nas europeias, a Frente Nacional passou de menos de 1% para 11%.

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O PS quer pendurar uma panela na direita

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23.12.2023

Esta semana, mais uma vez, o PS passou os dias a falar sobre o Chega. Do novo secretário-geral ao último funcionário do Largo do Rato, todos os socialistas acordam e deitam-se a perorar sobre o Chega, a assegurar que a IL é igual ao Chega, a jurar que nada distingue o PSD do Chega e a garantir, com voz melíflua, que a extrema-direita começa no exato ponto onde o PS acaba.

Obviamente, é tudo uma estratégia eleitoral. E nem sequer se distingue por........

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