Como tenho vindo a argumentar, o pequeno texto de Benjamin Constant, Da liberdade dos antigos comparada com a dos modernos, é particularmente útil para compreender a modernidade liberal e a conquista daquilo que consideramos como a esfera das liberdades individuais. É porque os modernos reivindicam um espaço privado, onde o poder político não deve interferir, que garantimos um conjunto de liberdades privadas, como a liberdade de consciência, de religião, de pensamento, de expressão.
É esse espaço de liberdades individuais que desaparece quando movimentos políticos afirmam que o pessoal é político, suprimindo a esfera privada e querendo aplicar a lógica e os princípios políticos ao domínio privado – ou seja, querendo submeter todas as dimensões da vida a objetivos políticos. A consequência só pode ser uma: se atribuímos novos objetivos a antigas instituições, os anteriores objetivos desaparecem: se, por exemplo, o objetivo da arte passa a ser a representatividade política ou a criação de uma narrativa política de resistência, a procura por excelência e beleza desaparece. E a verdade é que vemos agora, por todo o lado, os corpos desmembrados desses antigos objetivos.
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